Thursday, March 20, 2008

I'm not there

I'm not there é um biopic do lendário Bob Dylan, mas não é uma biografia no sentido tradicional.
Esta obra do realizador Todd Haynes não apresenta praticamente nenhuma das características habituais de um biopic, mas visto por outro prisma que não o biográfico o filme não faz sentido.

Este filme apresenta um Dylan fragmentado em 6 personagens diferentes, cada um representando uma faceta da sua personalidade ou fase da vida.

  • O jovem Woody Gunthrie representa a infância de Dylan e a sua fuga de um centro de correcção juvenil e a sua vida na estrada em fuga constante;
  • Christian Bale desempenha o papel de Jack Rolins um cantor folk que, tal como Dylan, com os seus ideais políticos influenciou uma geração. Mais tarde Jack Rolins acaba por despertar para a religião tornando-se pastor;
  • Arthur Rimbaud é a rebeldia de Dylan, a sua veia poética, a alma irrequieta representados por Ben Whishaw;
  • Heath Ledger no seu derradeiro papel acaba por dar vida ao lado mais privado e pessoal de Dylan, mostrando-nos a vida de Robbie Clark, um actor de sucesso, desde o seu relacionamento com a mulher e filhas ao processo de divórcio;
  • Cate Blanchett, numa prestação fantástica (que lhe valeu vários prémios e inclusivamente uma nomeação para o Óscar), acaba por encarnar a faceta mais conhecida de Dylan, a imagem que todos temos dele. Jude Quinn está a viver o auge da sua fama quando começa a ser considerado pelos seus fãs de traidor e vendido;
  • Por fim, Richard Gere é Billy The Kid, refugiado numa cidade bizarra. Este é o retrato de uma fase mais envelhecida de Dylan, representando os seus medos e a sua maneira de lidar com os problemas.
Apesar de todas as 6 personagens serem diferentes é impossível dissocia-las e acabamos por rever umas nas outras pois elas são, afinal, a mesma única pessoa.

Cada um dos segmentos tem as suas características próprias desde a cor, a ausência dela, umas são narradas, outra contada em jeito de documentário, outra ainda sob a forma de interrogatório, algumas têm a imagem limpa, outras estão cheias de granulados difusos, mas, chegando ao final e juntando todas a peças fica-se a conhecer um pouco mais de Bob Dylan.

A banda sonora é, como seria de esperar, fabulosa. Nem podia ser de outra forma, este filme é afinal sobre Bob Dylan e, como como tal está recheado de músicas da sua autoria e covers de artistas conhecidos.

Foi uma abordagem arriscada a esta lenda viva do mundo da música mas que, na minha opinião cumpriu tudo a que se propunha cumprir retratando, de forma original, Bob Dylan.


13bly

1 comment:

pcr said...

este tenho q ver!!
também curtia ver a personagem real... mas Lisboa..