Thursday, June 28, 2012

PA' • Patrick Watson - Adventures in your Own Backyard

Não têm faltado oportunidades para ver Patrick Watson ao vivo pois o músico tem passado com frequência pelo nosso país - este ano, poderemos revê-lo em Paredes de Coura. "Mas isso é maneira de abrir uma crítica a um álbum? O que é que isso interessa?", pergunta-se o pertinente leitor. Interessa porque, a partir do momento que se vê uma actuação de Patrick Watson, deixa de ser possível dissociar a sua música da sua performance. Deste modo, ao ouvir um álbum novo, começa-se imediatamente a magicar de que forma este ou aquele tema irá ser transportado para o palco ou que brincadeiras farão os músicos com ele.

Adventures In Your Own Backyard tem um tom marcadamente soturno e melancólico mas, ainda assim, parece ter tudo o que Patrick Watson faz resultar tão bem ao vivo (a confirmar no dia 15 de Agosto) - as melodias intimistas, os crescendos poderosos, as mudanças rítmicas a meio dos temas... Olhando apenas dessa perspectiva, seria fácil catalogar este trabalho como um belíssimo álbum, mas há um senão a ter em conta - nada disto é novo. Isolando a música do seu contexto de palco e olhando para o disco como o mais recente de uma série de álbuns, diria que este é, talvez, o trabalho menos ambicioso deste jovem canadense.

O título “Adventures In Your Own Backyard” é, neste caso, para ser levado quase à letra (pelo menos a parte do ‘in your own backyard’) pois, apesar da sua natureza algo orquestral, este disco foi gravado integralmente no apartamento do músico em Montreal. Talvez o facto de Watson se ter refugiado num local onde se sente confortável justifique que, também musicalmente não se tenha aventurado tanto quanto o título pode sugerir. De facto, ao ouvir este disco, não vivenciei a constante descoberta de Just Another Ordinary Day (2003), não viajei como em Close to Paradise (2006) ou sequer senti as texturas invulgares de Wooden Arms (2009). Não é que a música seja má – é um pouco mais homogénea, mas continua a ser boa -, parece é que já conhecemos de cor e salteado todos os truques de Patrick Watson - os falsetos característicos da sua voz, os ecos que espalha aqui e ali, os crescendos que usa para intensificar as suas composições, as partes melancólicas ao piano... não há surpresa.

Sei perfeitamente que não é justo pedir constante inovação, especialmente quando por si só – reconheço -, este até seria um bom álbum, mas senti-me um pouco como uma criança que, ao visitar novamente a feira popular, encontra o seu carrossel preferido fechado para manutenção - diverti-me na mesma, mas ficou um vazio por preencher.

13bly

Wednesday, June 27, 2012

Brevemente • David Byrne & St. Vincent - Love this Giant

LOVE THIS GIANT
DAVID BYRNE & ST. VINCENT


1 - Who
2 - Weekend In The Dust
3 - Dinner For Two
4 - Ice Age
5 - I Am An Ape
6 - The Forest Awakes
7 - I Should Watch TV
8 - Lazarus
9 - Optimist
10 - Lightning
11 - The One Who Broke Your Heart
12 - Outside Of Space & Time

Se alguma vez se questionaram qual seria o resultado do encontro entre uma das maiores "divas" da música alternativa e um dos maiores músicos/criadores/artistas/produtores/etc de sempre, 2012 será um ano crucial pois a resposta não deve andar muito longe de Love This Giant.

Este disco resulta da colaboração entre David Byrne (ex-Talking Heads) e St. Vincent e promete misturar o universo destes dois artistas fundindo-o num só. A dupla cruzou-se pela primeira vez em 2009 e anda desde então a congeminar esquemas que, depois de algumas participações pontuais, agora culminam nos doze temas deste longa duração (e na respectiva tour de promoção).


Classe é coisa que não falta a Who ou ao delicioso naipe de metais que soa ao longo de toda a música. É certo que esta faixa tem mais de David Byrne do que de St. Vincent - atenção que isto não é, de maneira alguma, mau -, mas apesar dessa dominância Byrnesca (pelo menos neste tema), não é difícil descortinar, aqui e ali, as influências da menina Annie Clark e da sua guitarra espásmódica. O disco só sai a 11 de Setembro, mas até lá, desfrutemos deste promissor aperitivo.

13bly

Monday, June 25, 2012

Optimus Primavera Sound 2012 - Dia 4 (10/06/2012)


Mais de 15 dias depois do festival, já ninguém quer saber de reviews mas, como sou teimoso e já só falta um post, vou levar isto até ao fim. O último dia de Primavera decorreria em quatro salas de dois dos mais carismáticos espaços culturais do porto - a Casa da Música e o Hard Club. A sessão com 'nomes maiores' era seguramente a da Sala Suggia na Casa da Música e foi precisamente a essa que assisti - esperavam-me os The Olivia Tremor Control e Jeff Mangum. A epopeia para levantar os bilhetes - como disse no post do Dia 3 - foi dura (não para mim mas para os amigos que me fizeram o enorme favor de levantar os bilhetes por mim - obrigado serrano, obrigado paxilla e obrigado sokota), portanto era bom que os espectáculos compensassem o esforço. Compensaram (segundo dizem os meus amigos, claro).

Contrariamente ao normal, o som da sala Suggia não teve no seu melhor e esse facto prejudicou bastante o concerto dos Olivia Tremor Control. Apesar de, entre as múltiplas influências musicais destes norte-americanos, se contarem algumas facetas lo-fi, ficava a ideia de que o som não estava nada equilibrado e, por vezes, quase parecia que se estava perante um streaming de baixa qualidade. Ainda assim, este quinteto deu um bom concerto e conseguiu com que eu regressasse a casa com vontade de explorar o seu trabalho.

Melhor do que eles só mesmo Jeff Mangum que, a título de curiosidade, antes de liderar os míticos Neutral Milk Hotel, chegou a integrar a formação dos Olivia Tremor Control (aliás, antes do seu espectáculo a solo, Mangum partilhou, durante um tema, o palco com a sua antiga banda). Mangum passou em revista grande parte dos temas incontornáveis dos Neutral Milk Hotel e fez as delícias dos muitos fãs que estavam presentes. Um homem e uma guitarra (duas, vá) deram, sem margem de dúvida, um dos melhores concertos do festival.



A edição de 2012 correu muito bem e a de 2013 já está confirmada. As saudades começam a apertar, mas felizmente - soube-se hoje - não vai ser preciso esperar um ano inteiro por mais Primavera. Nada disso! Ainda este ano, o Primavera Club - uma versão outonal e mais pequena do festival - irá decorrer em Guimarães, a Capital Europeia da Cultura. Upa upa! Mal posso esperar!

13bly

Sunday, June 24, 2012

mixtape número cento e dezoito

  • Cat Power - Ruin
  • David Byrne & St. Vincent - Who
  • Josh T. Pearson - Woman, When I've Raised Hell
  • Liars - A Ring On Every Finger
  • Marissa Nadler - Love Again, There Is A Fire
  • Patrick Watson - Quiet Crowd
  • Spiritualized - Too Late
  • Walter Benjamin - Airports And Broken Hearts
13bly

Thursday, June 21, 2012

Brevemente • Cat Power - Sun

SUN
CAT POWER


1 - Cherokee
2 - Sun
3 - Ruin
4 - 3,6,9
5 - Always On My Own
6 - Real Life
7 - Human Being
8 - Manhattan
9 - Silent Machine
10 - Nothin But Time
11 - Peace And Love
Preparem-se meus amigos, Chan Marshall está de volta! Sun é (para mim) um dos discos mais aguardados do ano e não é caso para menos: este é o regresso de Cat Power aos discos e, mais importante ainda, o seu regresso aos originais (recorda-se que o último álbum - Jukebox de 2008 - era um disco de versões e que não se ouve um trabalho original de Cat Power desde o ano anterior com The Greatest).


No final da tour de Jukebox, Chan Marshall confessou-se desiludida consigo mesma por se ter apoiado tanto na banda com os seus últimos trabalhos. Agora é novamente Cat Power a assumir as rédeas - é ela quem compõe, escreve, toca, grava e produz. Ufa!, não há como baixar as expectativas, menos ainda com um avanço destes! Ruin tem igual dose de revolta e de ritmos latinos dançáveis e esta combinação improvável mistura-se inesperadamente bem com a voz quente e sedutora da menina Marshall - um aperitivo perfeito.

Está tudo óptimo! Bem... tudo menos o penteado (e a artwork, vá), mas isso é o menos. Sun é um disco a conferir sem falta no início de Setembro.
13bly

Wednesday, June 20, 2012

Optimus Primavera Sound 2012 - Dia 3 (09/06/2012)


Fotografias 1,3 e 4 © Hugo Lima | Fotografia 2 © Canal 180

O dia 3 do Primavera foi assombrado por uma série de coisas que, conjugadas, resultaram quase num pesadelo para muito boa gente. O primeiro desses factores foi sem dúvida a chuva que, caindo insistentemente durante toda a tarde, gerou uma autêntica corrida aos impermeáveis e deixou, mesmo assim, todos encharcados. Essa chuva tornou o segundo factor desta minha 'lista' ainda mais insuportável - falo das cerca de quatro horas de fila para levantar bilhetes para os concertos de Domingo. Esta situação é, a meu ver, ridícula e testou verdadeiramente a paciência (e resistência) dos festivaleiros. Por fim, como se a derrota futebolística de Portugal frente à Alemanha não fosse suficiente, este dia ficou ainda marcado por alguns cancelamentos de última hora.

Os primeiros a subir ao palco neste dia invernoso foram os Gala Drop que, para além de trazerem na bagagem um disco (ainda fresco) em colaboração com o mago da guitarra que é Ben Chasny, juntaram recentemente ao seu plantel o talento percursionista de Jerrald James. Muito prejudicados pelo tempo e pela já referida fila, foram poucos os corajosos que enfrentaram a intempérie para se deixar levar pelos seus ritmos hipnóticos e psicadélicos. Mereciam melhor sorte, estes rapazes.

Depois do concerto dos lisboetas procurei algum refugio na tenda do palco Club onde iriam actuar os Veronica Falls - uma banda indie como muitas outras que, não fosse a chuva, não teria captado a minha atenção. Na verdade, nem com a promessa de abrigo estes britânicos me conseguiram segurar ali muito tempo e logo preferi enfrentar a chuva e ir até ao ATP espreitar os Siskiyou. Esta foi uma das melhores decisões do dia pois os canadianos (também muito prejudicados pelo tempo) estavam a dar um concerto bem interessante que tive pena de não apanhar do início. Não cometeria o mesmo erro com os Spiritualized, nem pensar! Ainda o concerto não tinha começado e já eu me posicionava de frente ao palco procurando o melhor lugar para 'flutuar no espaço' embalado pela maravilhosa mistura rock-gospel-psicadélico-cósmica da banda de Jason Pierce - o impermeável seria o meu fato de astronauta.

Apesar da chuva, Pierce não deixou de envergar os seus habituais óculos de sol. Como se isso não bastasse, a mente por trás dos Spiritualized (e o único membro permanente do colectivo) teve ainda o atrevimento de incluir Lord Let It Rain On Me (de Amazing Grace - o álbum de 2003) no alinhamento - no mínimo irónico. Neste concerto que pareceu demasiado curto (mas que na verdade teve a duração prevista) apenas se ouviram dois temas de Sweet Heart Sweet Light, o último trabalho da banda (a eléctrica Hey Jane e a delicada Mary). Não se focando demasiado num só disco, Pierce passou em revista uma boa parte do seu palmarés - desde os tempos dos Spacemen 3 até ao sucesso estrondoso de Soul on Fire (incluída em Songs in A & E de 2008). De fora não podia ficar o clássico Ladies and Gentlemen We Are Floating in Space (1997) que a banda revisitou com o incrível tema homónimo e com Come Together a encerrar brilhantemente um espectáculo memorável.

Com o palco Optimus a meter água, os Right Ons tiveram de se encolher e actuar num cantinho e os Death Cab for Cutie viriam a cancelar o seu espectáculo. Apesar de lamentável (e a meu ver, evitável), este contratempo não afectou os meus planos pois não nutro particular simpatia pela banda norte-americana e já planeava jantar durante a sua actuação. Por coincidência, também a essa hora, a actuação de James Ferraro viria a ser cancelada por este se encontrar em paradeiro incerto, pelo que, dos 4 palcos disponíveis, apenas o ATP estava em funcionamento - sorte, apesar de tudo, dos I Break Horses, a única banda a actuar. Ironicamente, depois do mal feito, a chuva parou de cair ainda no início da actuação dos Afghan Whigs - concerto que fui assistir com intenção ir ver The Weeknd mas que, surpreendentemente, não consegui abandonar. Os veteranos conseguiram conquistar-me com o carisma e poder da sua prestação em palco e, fascinado com o que via, fiquei até ao final perante (mais) uma das surpresas deste festival.

Generalizadamente, os Kings of Convenience eram um dos nomes mais aguardados do festival. Esta simpática dupla da terra do bacalhau caiu no goto dos portugueses (e vice-versa) pelo que são sempre recebidos com bastante entusiasmo e devolvem esse entusiasmo com espectáculos maravilhosos. Apesar disso, já me tenho cruzado com eles algumas vezes (há dois anos no Theatro Circo e no ano passado em Paredes de Coura) e ainda por cima a sua actuação coincidia com a dos enormes Dirty Three - uma das bandas que me deixou mais radiante quando foi confirmada. Nem hesitei e deixei para trás os pacíficos noruegueses para enfrentar os três demónios australianos e vê-los a espalhar o caos no palco ATP. Num dos concertos mais possantes a que já assisti, Warren Ellis, Mick Turner e Jim White tomaram de assalto o festival e, com a sua música introspectiva e intensa, levaram-me a viajar por paisagens ermas sob céus estrelados. Foi bonito demais para palavras!



Passar de uns extasiantes Dirty Three para uns monocórdicos The XX revelou-se uma transição demasiado brusca para mim. Depois do violino possuído de Warren Ellis as melodias minimalistas dos sofisticados londrinos não têm como não soar aborrecidas. Confesso que nem me importaria de os ver numa sala de ambiente pacato mas, em recinto aberto e logo depois dos Dirty Three, não obrigado. Certamente que milhares de pessoas discordarão do que acabei de dizer mas, resignado com essa diferença de opiniões (visível no entusiasmo do público), saí do recinto pela última vez. No dia seguinte o Primavera abandonaria o verdejante cenário rural do Parque da Cidade e abraçaria a sofisticação do betão amarelado da Casa da Música (ou .

13bly

Edit: Faltou referir Washed Out entre Dirty Three e The XX. Deu para o bailarico mas, como agora fica claro, caiu um bocado no esquecimento.

Monday, June 18, 2012

Sunday, June 17, 2012

mixtape número cento e dezassete

  • Beach House - Lazuli
  • Dirty Three - Some Summers They Drop Like Flys
  • The Flaming Lips - Yoshimi Battles the Pink Robots, Pt.1
  • Neutral Milk Hotel - Oh Comely
  • The Rapture - In the Grace of Your Love
  • Spiritualized - Come Together
  • Wilco - Impossible Germany
  • Yo La Tengo - Mr. Tough

13bly

Saturday, June 16, 2012

Optimus Primavera Sound 2012 - Dia 2 (08/06/2012)


Fotografias 1,2 e 3 © Hugo Lima | Fotografia 4 © Paige K. Parsons

O céu limpo, o sol brilhante e as temperaturas elevadas (mas não exageradas) deixavam antever que o segundo dia do Primavera teria uma história diferente do primeiro. Bom, talvez o alinhamento extraordinário de bandas em praticamente todos os palcos também tenha tido alguma coisa a ver com isso. Mas adiante, este era o Dia D do Primavera e, por incrível que pareça, as minhas elevadas expectativas não saíram defraudadas. A única coisa "má" a apontar é que, depois de uma quantidade abusiva de grandes concertos quase sem tempos livres se chega ao final da noite absolutamente estourado. Comecemos então pelo início.

É difícil desmentir que os Linda Martini dão excelentes concertos e que são uma das bandas nacionais que melhor se encaixam num Primavera Sound ('cá dentro' ou 'lá fora', como se provou em Barcelona na semana antes da edição portuense). Apesar de todos esses atractivos, para poupar energias para o resto da noite, optei por vê-los ao longe, enquanto aproveitava o sol e a relva (ainda verdejante) do Parque da Cidade. Daí rumei ao palco ATP onde onde os Tall Firs iriam inaugurar o espaço. Esta dupla nova iorquina, num registo mais suave, fez lembrar Thurston Moore - uma referência que não é de todo descabida visto que estes são editados pela Ecstatic Peace!, a editora do ex-Sonic Youth. Esta foi a banda sonora perfeita para continuar deitado ao sol sobre uma relva fresquinha como quem faz fotossíntese e carregava as baterias para a noite intensa que se avizinhava - afinal, daí a nada, os Yo La Tengo iriam iniciar um dos maiores e melhores encadeamentos de concertos de que há memória num festival (essa sequência incrível de concertos só viria a terminar aí pelas 3:30 da manhã com M83/Thee Oh Sees).

Resultado dalgum estranho cruzamento entre uns Belle & Sebastian e uns Sonic Youth, os Yo La Tengo conseguem reunir simultâneamente a doçura melódica dos primeiros e a distorção sem regras dos segundos. Se ao longo do concerto ainda ficou alguém por convencer em relação à afirmação anterior (mesmo com Mr. Tough, Autumn Sweater e Sugarcube como amostras), no final - depois dos intensos 20 minutos de Pass the Hatchet, I Think I'm Goodkind seguidos pela delicada My Little Corner of the World - isso deve ter ficado bem claro. Apesar de ser o meu segundo concerto da banda, ainda não foi desta que consegui ouvir You Can Have It All, mas se até o Wayne Coyne e o Steve Drozd (dos Flaming Lips) gostaram, quem sou eu para me queixar desse pormenor insignificante.

Foi com algum desgosto da minha parte que abdiquei de Rufus Wainwright para ir jantar - é esse o preço a pagar por tantos e tão bons concertos. Foi pena, até porque, dos bocados que vi, deu para perceber que estava a ser um excelente espectáculo e que Rufus estava satisfeito. Ainda assim não se perdeu tudo e ainda deu para ouvir a Hallelujah enquanto me posicionava em frente do palco vizinho como bom fanboy dos Flaming Lips. Enfim, dentro de poucos minutos já nada disso teria importância pois eu iria estar totalmente absorvido pela exuberância da banda de Oklahoma. Quanto a estes, a dúvida que muitos levantavam era se, num espectáculo de música, há lugar para confettis, balões, lasers, jovens tirolesas e acessórios diversos. A resposta - dou-a eu - é "Sim, se esse espectáculo for dos Flaming Lips.". A excentricidade visual é indissociável da banda Wayne Coyne e da música que esta produz pelo que, no universo psicadélico dos Flaming Lips, esses excessos circenses fazem todo o sentido. Resumindo: FINALMENTE VI OS FLAMING LIPS(!!) e foi um dos concertos da minha vida!

Sem tempo para deixar o coração descompassado abrandar (ainda batia forte da festa que foi a Race for the Prize e Do You Realize?), era a hora de mudar mais uma vez de palco. O destino era agora o palco Optimus onde os Wilco teriam a difícil tarefa de suceder aos Flaming Lips. Qual campeã olímpica de salto em altura, a banda de Jeff Tweedy nem deu pela fasquia elevadíssima e atacou desde logo o coração dos melómanos presentes. Com um alinhamento baseado no mais recente Whole Love (mas ao qual não faltaram clássicos como Impossible Germany, Via Chicago e, claro está, Jesus, Etc.), esta banda de Chicago deu um dos melhores concertos do festival (mérito acrescido por não precisarem de confettis e outras parafernálias). Sem espinhas mesmo.

No fim de Wilco fui estrear o palco Club pois, embora até já os tivesse visto era nesse palco que actuavam os Beach House. Graças ao enorme hype que acompanha o duo de Baltimore (merecido, diga-se), não fui o único a ignorar os Walkmen e assistiu-se, no Primavera, a um autêntico êxodo rural no sentido da grande tenda alcatroada, erigida como um oásis de urbanidade no meio da paisagem campestre do Parque da Cidade. Foram, então, milhares as pessoas que encheram, em minutos, aquele espaço que, rapidamente, se tornou pequeno demais. O poder do hype foi tanto e tão grande que, apesar de todos os grandes concertos deste festival, o único momento em que me senti apertado foi no meio da fofura e do embalo de um concerto dos Beach House. Tanto Victoria Legrand como o seu companheiro Alex Scally (aqui com a ajuda de um baterista) provaram estar em boa forma, pena que apenas tenham tocado temas de Teen Dream e, claro está, do novíssimo Bloom. Mais um grande concerto a somar à já extensa lista do Primavera.



Ao fim de Beach House já só pensava na cama (e não, não tem nada a ver com a Victoria). Ainda saltei entre a electrónica de M83 no palco Optimus e a electricidade dos Thee Oh Sees no ATP mas, apesar de me estarem ambos a parecer bons espectáculos (cada um no seu género, claro), nem um nem outro me conseguiram recarregar baterias. Lá me consegui aguentar até ao grandioso final de M83 e fui para 'casa' descansar.

O dia seguinte não prometia tanto como este que agora acabava (nem as coisas viriam a correr tão bem) mas verdade seja dita: dificilmente poderia ser tão bom e, sejamos realistas, nada é tão perfeito assim.

13bly

Friday, June 15, 2012

avulso - a whiter shade of pale

avulso (latim avulsus, -a, -um, separado, arrancado)
adj.
isolado, solto, desconexo, desirmanado.

A WHITER SHADE OF PALE | Vila Real de Santo António | Maio de 2012
13bly

Thursday, June 14, 2012

Optimus Primavera Sound 2012 - Dia 1 (07/06/2012)


Fotografias © Hugo Lima

O primeiro dia de Primavera, ainda sem os palcos ATP e Club, viria a ser uma espécie de boas-vindas para os festivaleiros. Sem sobreposição de espectáculos, este foi o dia menos intenso (curiosamente tanto em horários como em espectáculos). Com mais descontracção, foi então possível desfrutar das mantas que a Optimus simpaticamente distribuiu e conhecer melhor o recinto. Essa familiarização com o espaço revelou-se crucial para que, nos dias seguintes e sob a pressão de não perder os concertos que mais queremos ver, não se andasse 'perdido'.

Fragilizado logo à partida com o cancelamento dos Explosions in the Sky, este dia foi pautada por espectáculos mornos. Ainda durante a tarde, foram os StopEstra! quem abriu o festival com um espectáculo curioso mas não mais do que isso (cerca de 100 músicos em palco é, no mínimo, invulgar). De seguida o espanhol Bigott deu um espectáculo sem brilho, mas que lá conseguiu sacar um pézinho de dança ao público com a orelhuda Cannibal Dinner e mesmo a sonoridade atmosférica de Atlas Sound (projecto a solo de Bradford Cox) se revelou pouco regular brilhando nalguns momentos e arrastando-se noutros. Já ao início da noite, foi Yann Tiersen quem deu o primeiro bom concerto do festival. Ainda assim, tomando como comparação um outro espectáculo do galês (na Casa das Artes de Famalicão), posso afirmar que o espaço aberto não favoreceu nada o galês e, não pude deixar de me sentir um pouco desiludido.

Depois de saltar à frente The Drums para jantar, fiquei com pena de não ter prolongado a refeição por mais uma hora. Os Suede deram um concerto que achei francamente aborrecido e sem chama, mas estou certo que haverá por aí muita boa gente disposta a discordar de mim. Nesta noite de aquecimento só mesmo os ritmos fortes dos The Rapture, muito enérgicos em palco, foram capazes de tirar o público do sério e contagia-los com o bichinho da dança. Antes deles, também os veteranos Mercury Rev deram um concerto bem acima da média sagrando-se, para mim, como uma das surpresas/revelações do festival.



Resta-me acrescentar que, tenho cá para mim, este relato seria bem mais emocionado caso os Explosions in the Sky não tivessem cancelado a sua actuação. Mas paciência, afinal o melhor ainda estava para vir e fica sempre no ar a possibilidade de estes gigantes do post-rock agendarem uma nova visita aos palcos portugueses em breve.

13bly

Wednesday, June 13, 2012

Optimus Primavera Sound 2012

Há cada vez menos festivais de música onde é a música que realmente importa e não apenas um pretexto para outros excessos. Quanto a isso o Primavera Sound é excepção. Assumindo-se como um festival 'alternativo', multifacetado e internacional (contabilizaram-se entre 70-80% de estrangeiros entre os festivaleiros), o Primavera atrai um público mais exigente e os seus cartazes estão sempre virados para o que de melhor se passa no mundo da música. A abundância de coisas boas espalhadas por vários palcos é uma das características do festival e leva a algumas sobreposições cruciais. É portanto, necessário fazerem-se escolhas - algumas delas realmente dolorosas - mas isso, de certo modo, faz parte do carisma deste festival.

Este Primavera não foi um festival perfeito, mas a verdade é que pouco lhe faltou. O tempo nem sempre esteve favorável - o vento estragava o som de alguns concertos e a chuva fez questão de assombrar o terceiro dia - mas, o único ponto negativo relevante que posso apontar à organização é a fila absurdamente longa e lenta que se formou para levantar bilhetes para o último dia de festival. Esse último dia seria dedicado a concertos em ambiente fechado e com lotação limitada pelo que era necessário garantir entrada no dia anterior. Na minha opinião (e na de qualquer pessoa minimamente inteligente), 4 horas fila (agravadas pela chuva insistente) não são admissíveis num evento desta dimensão. É sem dúvida um ponto a melhorar.

Antes de me virar para os concertos propriamente ditos deixo três agradecimentos principais: o primeiro dirijo-o à Ritmos - o promotor português do festival - pela ousadia de trazer para o Porto um dos melhores festivais do mundo; o segundo, vai para a comissão espanhola do festival por ter apostado na Invicta para expandir o Primavera e por fim, last but not least, agradeço à Câmara Municipal do Porto por ter deixado transformar o Parque da Cidade num dos melhores e mais bonitos recintos de festival de sempre (acreditem ou não mas, mesmo ali no coração da cidade, rivaliza com a beleza bucólica de Paredes de Coura).




É certo que esta edição portuense - a primeira investida do Primavera além-fronteiras -, não tem (ainda) a versatilidade e força do seu homónimo de Barcelona, mas este foi sem dúvida um excelente primeiro passo que só augura coisas boas para as próximas edições - com o sucesso estrondoso desta edição, já está, aliás, confirmada a edição de 2013.

13bly

Tuesday, June 5, 2012

Se Deus tivesse um mp3... [33]

... de certeza que esta música estaria lá!




Vê se deixas a ciência que perdeste a noção.
Uma coisa são instintos, outra coisa é intenção.

B Fachada - Beijinhos
13bly

Sunday, June 3, 2012

mixtape número cento e dezasseis

  • Björk - Human Behavior
  • Chelsea Wolfe - Mer
  • Edward Sharpe & the Magnetic Zeros - That's Whats Up
  • Liars - The Exact Colour of Doubt
  • Mercury Rev - Goddess on a Highway
  • The National - Rains of Castamere
  • Orelha Negra - O Segredo
  • Wilco - Kamera
13bly

Friday, June 1, 2012

A festa vai começar!

BOM FIM DE SEMANA!


(no ano passado foi assim bonito e, claro está, este ano também será - é consultar o programa)
13bly