Friday, December 31, 2010

Venha de lá o 2011, nós cá estamos para ele!


 O 13bly deseja a todos um brilhante 2011!! 
"Just what is it that you want to do?"
We wanna be free!
We wanna be free to do what we wanna do!
And we wanna get loaded,
And we wanna have a good time!

That's what we're gonna do!
(No way baby lets go)
We're gonna have a good time!
We're gonna have a party!!

13bly

Thursday, December 30, 2010

2010 no pequeno ecrã

Os canais televisivos (não só em Portugal) estão cada vez mais empestados de reality-shows reles, programas familiares bacocos e 'filmes de Domingo à tarde' cada vez piores. Entre Casas dos Segredos e mil e uma edições dos Ídolos (ou outros programas com o mesmo formato) sempre se safa alguma coisa, nomeadamente a nível de ficção. E não, não me refiro às novelas da TVI (que agora até ganham Emmys).

Quer se queira quer não, goste-se ou deteste-se, o grande destaque desta categoria tem de ir para LOST. O final de LOST foi o acontecimento televisivo do ano. É um facto! A misteriosa série que durante 6 anos atormentou a vida de milhares de fãs por todo o mundo chegou ao fim e o seu derradeiro episódio foi verdadeiramente polarizante. Sou fã assumido da série, mas mesmo que não fosse, uma coisa é inegável - o impacto cultural da mesma. Depois de LOST todas as séries tentam ser o "próximo LOST", mas tenho cá para mim que tão cedo isso não acontece.

Mas o ano não se resume a LOST.


A amc assumiu-se como um dos grandes canais de ficção ao lançar para o ar a quarta (e melhor) temporada de Mad Men e também a terceira (e talvez também melhor) temporada de Breaking Bad. São de facto feitos notáveis para duas séries que tinham atingido um padrão de qualidade tão alto que se julgava quase impossível superar.
Mas neste ano que está quase a terminar, as ambições deste canal não se limitaram a manter o elevado nível dos seus nomes consagrados. A amc fez ainda uma aposta em duas novas produções: The Walking Dead e Rubicon - se a primeira foi um sucesso e já tem o contrato renovado, já a última se revelou um pequeno tropeção e acabou por ser cancelada ao fim da primeira temporada.


Ao passar o ano em revista convém não por de parte The Pillars of the Earth. Esta mini-série de 8 episódios não é de produção americana e talvez por isso pareça uma espécie de 'carta fora do baralho' neste balanço mas não é por isso que deve ser desvalorizada. The Pillars of the Earth adapta para o pequeno ecrã o clássico literário de Ken Follet com o mesmo nome e é uma excelente produção televisiva - vale a pena ver (mas só depois de ler os romances).

O último trimestre do ano ficou também marcado pelo regresso de Dexter à Showtime. A última temporada tinha sido de cortar a respiração e talvez por isso mesmo esta tenha parecido um pouco menos intensa. Importa realçar que, na escala de Dexter, isto não significa que esta tenha sido uma má temporada - é certo que o primeiro episódio foi muito insatisfatório e me tirou um bocado de entusiasmo mas, mais para a frente, as coisas aqueceram.

Foi ainda em 2010 que descobri um certo prazer em Fringe. Comecei a ver com algum cepticismo num período do ano que quase pareceu uma espécie de silly-season televisiva. Durante muito tempo não passou de uma 'série para desenjoar', ou seja, via por não ter nada mais para ver, mas aos bocadinhos fui-me entusiasmando com aquilo. Chamemos-lhe um guilty-pleasure.


Sendo este um post sobre o que de melhor se fez na televisão, este não estaria completo sem falar na HBO. Em 2010 deu para ver que David Simon não perdeu o seu toque de Midas e continua a transformar em ouro tudo a que deita as mãos. Falo obviamente de Treme, a série que retrata a difícil (mas ainda boémia) vida em Nova Orleãs no pós-Katrina.
Ainda na HBO não me posso esquecer de Boardwalk Empire - uma espécie de Sopranos nos anos 20 com uma produção fantástica e desempenhos que não ficam muito atrás mas que, apesar de ter prometido muito, não cumpriu a 100% e ficou a sensação de ter faltado ali alguma coisa. Pela forma como acabou a temporada, acredito que na próxima essa falha seja colmatada.

Postas assim as coisas e olhando para trás - mesmo tendo em conta as reles programações da maior parte dos canais generalistas - dificilmente se poderá dizer que foi um mau ano para a televisão. Venha daí o 2011!

13bly

Tuesday, December 28, 2010

léxico

léxico (cs)
(grego leksikós, -ê, -ón, relativo a palavras)
s. m.,
dicionário, particularmente de língua clássica como latim ou grego;
ling. Conjunto virtual das unidades lexicais de uma língua;
compilação de palavras de uma língua. = vocabulário.
adj.
o mesmo que lexical.;

13bly

Sunday, December 26, 2010

Tuesday, December 21, 2010

2010 no grande ecrã

Cinematograficamente falando o ano de 2010 não me convenceu. Muitos dos lançamentos deste ano passaram-me ao lado (e portanto este post é pouco exacto) e quase todos os bons filmes que vi este ano são produções de anos anteriores. Há então muitos dos grandes filmes de 2010 que ainda não vi mas, até que algum desses me convença do contrário, considero este como um ano de desilusões e guilty-pleasures acima da média.

No lado dos guilty-pleasures destaco The Expendables - a homenagem de Stallone aos grandes heróis e filmes de acção dos anos 80/90; Machete - mais um filme de Robert Rodriguez remniscente dos piores/melhores filmes série B; assim como as muitas adaptações de BD directas e despretensiosas como Kick-Ass ou Iron Man 2. Há ainda um tal de Tron Legacy que, por se tratar de uma sequela ao clássico da Disney, ainda me custa um bocadinho a engolir mas que sei que vou acabar por ver mais cedo ou mais tarde.

No lado das desilusões temos por exemplo Alice in Wonderland de Tim Burton (que achei mesmo mau), o Shutter Island de Martin Scorcese (do qual não desgostei mas achei demasiado previsível) e Inception de Christopher Nolan (que, depois de todo o alvoroço não passou de um filme 'engraçado' - talvez as expectativas tenham sido elevadas em demasia). E depois há o Toy Story 3 que, sendo um bom filme, não mexeu tanto comigo quanto pensei que iria mexer daí metê-lo neste 'saco'.

Apesar destas desilusões não é impossível virar a minha opinião sobre o ano pois, se por um lado me desiludi com muitos dos filmes que vi por outro lado ainda não vi alguns dos grandes filmes que estiveram/vão estar em cartaz. Falo por exemplo do aclamado The Social Network de David Fincher, de Black Swan de Darren Aronofsky ou de 127 Hours de Danny Boyle. Isto sem falar nas habituais surpresas do mundo cinema independente que, às duas por três e sem qualquer aviso, produzem uma pequena grande maravilha cinematográfica.

Há ainda muito do 2010 para desvendar e muita margem para mudar a minha opinião - talvez em 2011.

13bly

Sunday, December 19, 2010

Friday, December 17, 2010

Isto não é um "top dos melhores álbuns de 2010"!

É apenas uma compilação de algumas das publicações musicais de 2010 de que mais gostei e que mais companhia me fizeram. Penso que é uma lista divesrificada, há discos têm todas as cores, tamanhos e feitios que conterão música para todos os gostos. Esta é uma lista pessoal e em jeito de balanço sem qualquer ordem de preferência, significado especial ou análise qualitativa - deixo as hierarquias para outros.

Venha um novo ano de (boa) música!

Yeasayer - Odd BloodBelle & Sebastian - Write About LoveThe Tallest Man on Earth - The Wild HuntRatatat - LP4
Ra Ra Riot - The OrchardBeach House - Teen DreamJamie Lidell - CompassOwen Pallett - Heartland
Gorillaz - Plastic BeachGirl Talk - All DayAloe Blacc - Good ThingsOrelha Negra - Orelha Negra
MGMT - CongratulationsYou Can't Win, Charlie Brown - You Can't Win Charlie BrownCrippled Black Phoenix - I, VigilanteCaribou - Swim
Linda Martini - Casa OcupadaAriel Pink's Haunted Graffiti - Before TodayArcade Fire - The SuburbsMadame Godard - Galapagos
(com certeza que me esqueci de alguns)

13bly

Tuesday, December 14, 2010

Viagens cósmicas - Gala Drop @ CCVF (11/12/10)

Sábado foi uma noite de decisões. Gala Drop ou Owen Pallett? Os primeiros acabaram por ser os escolhidos mas não por motivos musicais (visto que são radicalmente diferentes e aprecio os dois). Os factores preço, proximidade e companhia foram decisivos para, mais uma vez, perder um espectáculo de Owen Pallett (até há pouco tempo conhecido como Final Fantasy). Mas esqueçamos por agora o canadiano e concentremo-nos nos Gala Drop.

Nunca ouviram falar neles? Está mal mas, infelizmente, é compreensível. A música transcendente deste (agora) quarteto lisboeta tem gerado mais burburinho 'lá fora' do que neste nosso Portugal. O seu mais recente EP (Overcoat Heat) é publicado pela americana Golf Channel Recordings e tem-lhes valido muitos comentários positivos em blogs e imprensa especializada internacional.

Desde o início da sua carreira que os Gala Drop estão uns passos largos à frente de tudo o que é feito por cá e nem além-fronteiras é fácil encontrar um som que se 'equipare'. Embora nos últimos anos tenham sido feitos notáveis progressos na aceitação e propagação destas correntes musicais a sala do CCVF estava imerecidamente vazia como que provando que efectivamente Portugal ainda não está preparado para estas sonoridades.
O som hipnótico dos Gala Drop soou no CCVF e o seu efeito foi de tal ordem intenso que alterou por completo a minha percepção do tempo. Quando o espectáculo chegou ao fim olhei incrédulo para o relógio perfeitamente convencido de que o concerto teria começado uns quinze minutos antes. Mas não, afinal já tinha passado uma hora. Na falta de palavras melhores (sitno-me incapaz de descrever a música dos Gala Drop) é este o elogio que deixo a Afonso Simões, Guilherme Gonçalves, Nelson Gomes e Tiago Miranda - soube a muito pouco e teria ficado ali mais um par de horas a viajar com a sua música como veículo.

Os Gala Drop tocam 'ontem' a música de 'amanhã' e se 'hoje' isso ainda não lhes é totalmente reconhecido, talvez um dia lhes venham a dar razão. Espero estar cá para ver!

13bly

Monday, December 13, 2010

A festa do ano - Ratatat @ Clubbing, Casa da Música (10/12/10)

O último Clubbing de 2010 foi também o meu primeiro, diga-se de passagem que fiquei cliente! Movido por Ratatat (banda pela qual espero já há alguns anos) lá me desloquei à imponente Casa da Música e deambulei pelos seus diversos e agradáveis espaços até às 2h da manhã (hora prevista do concerto).


A sonoridade desta dupla de Nova Iorque é única e facilmente identificável, é uma espécie de grande panela onde se mistura rock e electro com condimentos exóticos das mais variadas origens. São algumas vezes comparados aos Daft Punk - uma comparação que não me parece justa pois apesar da influência existir (e ser assumida) os Ratatat conseguem ser únicos e distintos naquilo que fazem. Aliás, à primeira nota 'arrastada' de qualquer uma das suas músicas diz-se "Hmm... isto é Ratatat!" com bastante segurança. Apesar das constantes inovações (já lá vão quatro discos), Evan Mast e Mike Stroud conseguiram não perder essa identidade e evoluir a sua música de uma forma consistente a cada trabalho editado.

Em palco os dois rapazes superam-se. A mim, que ia com as expectativas algo elevadas conseguiram surpreender-me e dar um concerto ainda melhor do que esperava. Ao vivo as músicas tornam-se mais contagiantes e dá espaço para alguns momentos mais apoteóticos. As reacções do público foram os sorrisos inevitáveis deixando-se levar pelos ritmos da banda e dançar sem parar, cada um à sua maneira como se aquilo fosse, não um 'simples' concerto, mas uma grande festa (não que as duas sejam mutuamente exclusivas - se dúvidas houvesse, os Ratatat esfumaram-nas).

Durante os 90 minutos de concerto, por entre guitarras e baixos distorcidos, batuques, sintetizadores e samples, a dupla apresentou o LP4 (o seu mais recente trabalho) mas percorreu também os seus discos anteriores. O concerto foi então bastante bem dividido entre as músicas novas e as dos seus trabalhos anteriores - sempre com ritmos certeiros - num rácio "músicas novas/músicas antigas" que deve ter estado próximo do 1.

Sinto uma enorme dificuldade em escolher um único momento alto do concerto e se alguém cometesse a maldade de me pedir para eleger um penso que apenas conseguiria responder com uma lista de músicas que engloba a quase totalidade do alinhamento. Seventeen Years, Wildcat, Loud Pipes, Lex, Falcon Jab, Shempi, Drugs, Neckbrace, Party With Children, Bare Feast... não ficou quase nenhuma de fora... Digo quase porque como 'momento balada da noite' teria preferido ouvir a Brulee em vez de Mahalo mas isto é uma queixa tão mesquinha que os Ratatat nem mereciam que a apontasse.

Este foi, para mim, um dos concertos do ano.

13bly

Sunday, December 12, 2010

Monday, December 6, 2010

06/12/10 - 07/12/10

3
My kingdom for a kiss upon her shoulder,
all my riches for her smiles when I slept so soft against her,
all my blood for the sweetness of her laughter...

Jeff Buckley - Lover You Should've Come Over

13bly

Sunday, December 5, 2010

Friday, December 3, 2010

Mas como é? Assim não dá!

RATATAT
OWEN PALLETT
GALA DROP
10 de Dezembro
Casa da Música (Porto)
€ 7,5
11 de Dezembro
Hard Club (Porto)
€ 18,00
11 de Dezembro
C.C. Vila Flor (Guimarães)
€ 3,00

13bly

Tuesday, November 30, 2010

Como?! Importa-se de repetir? - Músicas de Natal

Com o aproximar-se do Natal as ruas das cidades (este ano nem todas) enchem-se de luzes e de música. O frio que já se faz sentir dá o toque final a esta imagem familiar que é ver as pessoas agasalhadas a passear na rua carregadas de sacos (mais uma vez - este ano nem tanto) com o nariz avermelhado e a exalar vapor pela boca.

Hoje em Famalicão, num curto percurso de casa ao carro, respirei um pouco desse cheirinho a Natal na forma da música que se faz soar nas ruas. Qual será a música que caracteriza tão bem o Natal e me provocou esta nostalgia? Não, não foi nenhum dos clássicos como White Christmas, Jingle Bells, ou Winter Wonderland. Não, também não foi a Last Christmas nem tão pouco a Do They Know It's Christmas ou a Santa Claus is Coming to Town.

Foi, nem mais nem menos do que The House of Rising Sun, na famosa versão dos The Animals. Mas atenção que não faço este post em tom de queixume - até porque esta é uma grande música e sei bem que pode tornar-se bastante incómodo passar o dia todo ao som das típicas músicas de Natal (que talvez estejam guardadas mais lá para meados de Dezembro). Apesar de tudo, não deixa de ser estranho, nesta quadra natalícia, ouvir tocar na rua uma música que descreve uma casa de má vida de Nova Orleães.

13bly

Monday, November 29, 2010

epipháneia ii

epifania
(grego epipháneia, -as, aparição, manifestação)
s. f.
1. Relig. Manifestação de Jesus aos gentios, nomeadamente aos Reis Magos.
2. Relig. Festa religiosa cristã que celebra essa manifestação. = dia de Reis
3. Qualquer representação artística dessa manifestação.
4. Relig. Aparecimento ou manifestação divina.
5. Apreensão, geralmente inesperada, do significado de algo.


Estou mais do que familiarizado com a obra dos Led Zeppelin para me deixar surpreender por qualquer uma das suas músicas, muito menos do primeiro álbum (um dos meus favoritos e que já ouvi vezes sem conta). Pelo menos era o que achava, mas hoje de tarde, quando ouvi os primeiros acordes de You Shook Me, quase me soou a uma música nova de tão bem que me soube. É a isto que se pode chamar de grande música (mais uma que podia estar no mp3 de Deus).
13bly

Sunday, November 28, 2010

Wednesday, November 24, 2010

(X por Y)^29


X= A Guerra das Estrelas; Y= Filme mudo
13bly

Sunday, November 21, 2010

mixtape especial: mega mashup

Esta semana a mixtape é outra vez especial. Girl Talk é o mestre das mashups. A sua música é composta integralmente de samples sendo que no último lançamento - All Day - podem ouvir-se excertos de mais de 350 músicas diferentes dos mais variados artistas. A lista nunca mais acaba Lady Gaga, Prince, Rihana, The Who, 50Cent, New Order, Beyoncé, Peter Gabriel, Black Eyed Peas, Daft Punk, Kylie Minogue, Radiohead, Katie Perry, Pet Shop Boys... (consultem a lista completa)

Com o hip-hop como base tudo isto surge misturado e parece ter o seu lugar. Soa estranho não soa? Só ouvindo!


Como muitos de vocês devem saber, este não é o tipo de música que me faz vibrar mas uma coisa é certa: divirto-me imenso a ouvir este álbum. Para o sacar LEGALMENTE (num ficheiro único ou dividido em faixas) cliquem aqui.

13bly

Wednesday, November 17, 2010

Vidas aceleradas (adenda)

Em seguimento de Vidas aceleradas.

Há umas semanas escrevi sobre a actuação de Aloe Blacc numa estação de metro e sobre a indiferença da grande maioria das pessoas que por lá passaram. Já na altura me lembrava de em tempos ter lido algo sobre uma situação semelhante e hoje, por pura coincidência reencontrei o artigo em causa.


Em 2007 o Washington Post desafiou Joshua Bell (um dos melhores violinistas do mundo) a actuar 'à paisana' numa estação de metro. Joshua aceitou o desafio e tocou três peças clássicas à sua escolha (uma delas - Chaconne de Bach - é muitas vezes consideradas como uma das peças mais difíceis de interpretar). O resultado? Quase ninguém parou ou aplaudiu. Aliás, a maior parte das pessoas pareceu nem reparar em Joshua ou na sua música.
Naqueles 45 minutos não angariou muito mais do que €32 mas importa referir que na noite anterior esgotou o Symphony Hall de Boston num espectáculo cujos bilhetes custavam uma média de €100. Para além disso, Joshua actua sempre com o mesmo violino (um Stradivari de 1713 avaliado em mais de 3.5 milhões de dólares)... mesmo quando os concertos têm lugar em estações de metro.

Se tiverem tempo, paciência e curiosidade podem ler o artigo completo aqui mas aviso já que é um tanto ou quanto extenso e confesso que li aquilo na diagonal e salteado.

13bly

Monday, November 15, 2010

Mais vale nunca mais crescer - Festa da Cultura do Porto (12/11/2010)


A Festa da Cultura do Porto foi um evento Fnac que teve lugar no passado Sábado (12/10/2010) no Coliseu do Porto. Por um preço simbólico de 2€ (ou 1€ para os aderentes do cartão Fnac) podia ver-se Sean Riley & the Slowriders, Blind Zero e GNR. Acima de tudo importa dizer que a totalidade das receitas deste concerto revertia a favor de uma causa nobre - Liga dos Amigos das Crianças do Hospital Maria Pia. O povo respondeu ao apelo e esgotou o Coliseu com um admirável leque de idades que ia, literalmente dos 8 aos 80.

Uma vez que esta era uma noite literalmente 'para as crianças' vou por as coisas um pouco na perspectiva dos mais pequenos. Sabem aquele conto infantil da menina que, depois de deambular pela floresta, encontra a casa dos três ursos (Mamã, Papá e Filhote) e lá dentro experimenta vários conjuntos três de objectos dos quais um é sempre pequeno demais, outra grande demais e a última do tamanho ideal? A noite de ontem foi um bocado assim. Achei o concerto de Sean Riley muito curto (e sem músicas novas), o de Blind Zero demasiado longo (apesar de ter sido melhor do que esperava) e o dos GNR perfeito.


Por falar em crianças e contos infantis, Rui Reininho parece sofrer do síndrome de Peter Pan. Não é portanto adepto do 'olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço' e parece uma eterna criança que leva à letra o que canta - 'nunca mais crescer'. No palco é como um peixe na água, está super descontraído e faz o que quer e bem lhe apetece. Dono de uma das vozes mais sui generis da música portuguesa, Rui Reininho é excêntrico e altamente imprevisível, dispara bocas e piadas improvisadas em todas as direcções - o verdadeiro rei da pop, um homem-espectáculo que sabe muito bem o que faz e fá-lo também muito bem.

Pelo palco desfilaram quase todos os clássicos incontornáveis - de Dunas à Pronúncia do Norte, da Tirana a Efectivamente passando por Mais Vale Nunca, Asas ou Sangue Oculto... Foi um concerto brilhante em jeito de greatest hits onde, como não podia deixar de ser, não faltaram algumas novidades de Retropolitana - último trabalho da banda. Já eram quase duas da manhã quando o concerto acabou e, dois encores depois, não sei bem dizer se era o público se a própria banda quem mais estava a desfrutar do momento. Foi um concerto memorável que marcou o momento da minha conversão de simples apreciador a fã dos GNR.

13bly

Sunday, November 14, 2010

Tuesday, November 9, 2010

Se Deus tivesse um mp3... [21]

... de certeza que esta música estaria lá!


Por querer mais do que a vida
Sou a sombra do que eu sou
E ao fim não toquei em nada
Do que em mim tocou
Ornatos Violeta - Capitão Romance
13bly

Monday, November 8, 2010

À flor da pele - Scout Niblett @ CCVF (06/11/10)


Antes de passar para o concerto propriamente dito tenho de tecer um rasgado elogio ao Centro Cultural Vila Flor e a quem o gere. O passado fim-de-semana foi o terceiro consecutivo no qual me desloquei a esse agradável espaço e também o terceiro no qual saí totalmente satisfeito com o espectáculo a que assisti. A programação do CCVF tem sido invejável e com o 'Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura' à porta só se espere que ainda melhore mais.
Importa referir que, para além da qualidade dos concertos, os preços têm sido muito convidativos - pelos três concertos que assisti no café concerto paguei menos de €15, quantia que não chega para pagar o consumo mínimo de muitas discotecas.

Impulsionado pelo factor preço e pelas referências a Cat Power e PJ Harvey lá me desloquei outra vez a Guimarães para ver Scout Niblett cujo trabalho desconhecia na totalidade. Uma vantagem de se ir a um concerto sem 'fazer os trabalhos de casa' é que tudo acaba por ser uma agradável surpresa e foi isso que aconteceu no passado sábado.

Foi perante uma sala cheia que Scout Niblett subiu ao palco envergando um curioso colete reflector laranja. À primeira vista parece uma tímida e frágil criatura perdida na noite mas a coragem que demonstra ao enfrentar o público sozinha no palco munida apenas da sua guitarra parece indiciar o contrário. Essa ideia inicial acaba por se perder completamente ao interpretar as suas canções e deixar a sua garra e emoção vir ao de cima.
Desde o início do concerto que Scout Niblett catalisou todas as atenções da sala de uma forma quase hipnótica e a emoção crua das suas canções fez-se soar no Palácio de Vila Flor como se nada mais fosse importante.

Duas assombrosas canções depois do início do concerto, Scout chama Dan Wilson para lhe fazer companhia. Descalço, o rapaz toma conta da bateria e daí para a frente a música ganha uma maior robustez que se sente particularmente nos momentos em que a angústia que se acumula lentamente na voz e guitarra de Scout Niblett finalmente explode. É nessas alturas que Niblett deixa cair definitivamente a pele de ovelha e enverga orgulhosamente a de lobo. Os acordes ouvem-se mais alto e o tom de voz parece quase descontrolado com as emoções à flor da pele.

Scout estava visivelmente satisfeita com o concerto e o público também. Saí do CCVF com a sensação de se ter assistido a um daqueles raros concertos dos quais se irá falar daqui a uma série de anos. Só o tempo dirá se de facto assim foi mas a mística, essa esteve toda lá. Scout Niblett é um nome a não esquecer.

13bly

Sunday, November 7, 2010

Thursday, November 4, 2010

Etiquetas trocadas

"All those are just labels, we know that music is music!"
Primal Scream - Come Together (na voz do pastor Jesse Jackson)

No outro dia, não sei bem porquê, dei por mim a pensar nalguns dos termos utilizados para catalogar música. Inventam-se mil e um nomes para tudo e mais alguma coisa e a etiquetagem é feita ao mais ínfimo pormenor. Ele são etiquetas de todas as formas, tamanhos, cores e feitios.
Apesar dos disparates que são algumas das etiquetas não foi sobre isso que debrucei o meu pensamento. O que reparei foi que, apesar do preciosismo com que se cataloga a música nos dias de hoje, nem sempre se chamam os bois pelo nome.


A definição actual de world music inclui por exemplo os ritmos étnicos dos balcãs, as cítaras delicadas do oriente ou as batidas tribais da África profunda. Mas fará mesmo sentido chamar 'música do mundo' a um aglomerado de estilos musicais cujas origens são geograficamente bem definidas? À música que é característica de um ou vários países específicos?

Apenas para citar alguns exemplos: rancho não é música do mundo, é folclore português; polka não é música do mundo, é também um tipo de folclore, desta vez com a origem na Europa Central; o tango não é música do mundo, é ele próprio um estilo musical distinto oriundo da Argentina.
Já com o folk, o caso é um quase inverso. Enquanto a actual definição de world-music é desnecessariamente abrangente a folk é muitas vezes reduzida quase exclusivamente a cantautores daquele folclore norte-americano 'estilo Bob Dylan'.

Para mim, há um caso em que faz sentido falar 'música do mundo', mas nesse caso em particular, o termo nunca é empregue. Falo da 'pop banal' (e faço-o sem qualquer denotação pejorativa). A pop de que falo - sem qualquer juízo de valor - é amorfa, fruto da globalização e da homogeneização das culturas e portanto não tem identidade. Essa música é igual em Portugal, na China ou no México e portanto, essa sim, é verdadeiramente uma música do mundo - descontextualizada de qualquer tradição ou passado histórico-cultural.

Conclusão: world-music é folk e pop é world-music.

13bly

Wednesday, November 3, 2010

Tuesday, November 2, 2010

En Garde!!


Segue-se uma dinâmica montagem de alguns dos duelos mais icónicos da história do cinema.


13bly

Sunday, October 31, 2010

mixtape especial para dias chuvosos


A minha reacção a esta mixtape é também ela um bocadinho 'mixta'. Talvez por não estar muito familiarizado com os estilos musicais que estão por trás desta peça, há partes de que gosto muito e outras que me passam um bocado ao lado.

Louis Cox baseou-se muito na obra do DJ Shadow e portanto essencialmente em ritmos hip-hop. Nalgumas partes as batidas são mais agressivas (em geral são estas as partes que não gosto tanto) mas nas outras encontram-se muitas aproximações ao trip-hop e ao downtempo fazendo desta mixtape a banda sonora ideal para estes dias chuvosos e cinzentos.

1. DJ Shadow - Fixed Income
2. DJ Shadow - Building Steam with a Grain of Salt
3. UNKLE - Bloodstain
4. DJ Shadow - What Does You Soul Look Like (part 3)
5. DJ Shadow - In/Flux
6. DJ Shadow - Midnight in a Perfect World
7. DJ Shadow - Melody
8. UNKLE - If you Find the Earth Boring
9. Divine Styler - Divine Intervention
10. UNKLE - Guns Blazing (feat. Kool G Rap)
11. UNKLE - Lonely Soul (feat. Richard Ashcroft)
12. Portishead - Sour Times
13. DJ Shadow - Lost & Found
14. DJ Shadow - What Does You Soul Look Like (part 2)
15. DJ Shadow - Mutual Slump
16. DJ Shadow - Stem

A mixtape está disponível para download em mp3 aqui portanto saquem, ponham a tocar bem alto e sentem-se à janela a ver a chuva cair com uma chávena de chá bem quente na mão.

13bly

Saturday, October 30, 2010

Noite solarenga em dia de chuva - Madame Godard @ CCVF (29/10/10)


O mau tempo não impediu a minha deslocação ao Centro Cultural Vila Flor (a segunda num espaço de duas semanas) para ver os luminosos Madame Godard. Nem a mim nem a muitos outros pois, pela altura do início do espectáculo a sala de Café Concerto apresentava-se confortavelmente composta (embora um bocado longe da casa cheia referida por Juvenal Vieira - o vocalista).
Como se pode ler num post anterior, eu já estava mais do que rendido a Galapagos , o álbum de estreia da banda, mas agora rendi-me também à sua prestação em palco. Depois de pagar uns simbólicos €3 (!!!) por este concerto não resisti ao pack "disco + t-shirt por 10€" e adicionei-o à minha colecção. E que bonito que é!

O concerto começou um pouco morno com os Madame Godard, como bons jogadores de poker, a esconder o seu jogo para surpreender mais à frente. A verdade é que o público se revelou difícil de conquistar e, com excepção de um pequeno grupo que desbundou (e bem) durante todo o concerto, sentia-se na sala alguma aura de desinteresse apesar de todo o empenho da banda de Viana do Castelo.
Talvez o conceito de café concerto tenha sido levado demasiado à letra mas, independentemente dessa dificuldade, a banda não desarmou e deve ter-se sentido orgulhosa quando, mais para o final conseguiu contagiar a sala com a sua simpatia e boa disposição. O espaço (pelo menos a zona mais próxima do palco) acabou por se transformar numa grande festa onde toda a gente sorria e dançava. O entusiasmo final foi tanto que deu origem a dois encores (apesar de o segundo ter sido 'apenas' a repetição de Love is Poker).

Pelo palco desfilou quase todo o ainda curto repertório da banda e portanto tive o prazer de ouvir todas as minhas favoritas. Músicas como Queens of the Twilight (não incluída no álbum mas sim no EP da Aurora), Hardly Alone e, mesmo para o fim, Au Revoir Tristesse foram mel para os meus ouvidos. Também a magnífica versão do clássico dos Clash - Spanish Bombs soou logo depois de Hardly Alone e prolongou-se até uma não menos magnífica OK for KO, que por sua vez serviu para apresentar a banda numa espécie de interlúdio instrumental.
Como deve ter ficado claro na frase anterior, algumas das músicas, ao vivo, aparecem ligeiramente transfiguradas relativamente à sua versão de estúdio. Ora alongadas, ora ligeiramente mais rápidas estes pequenos pormenores tornam o concerto mais surpreendente e interessante para quem já conhece bem o reportório da banda. Para além disso é especialmente nessas partes instrumentais alongadas que se nota o enorme prazer com que os Madame Godard interpretam a sua música. Só esse facto valeria bem mais do que €3 pelo que abandonei ontem o CCVF extremamente satisfeito com o serão. Venham mais concertos assim.

13bly

Thursday, October 28, 2010

Vidas aceleradas


O que se passa neste mundo e na vida das pessoas? Dizes isto pode ser um cliché completo mas tem o seu quê de verdade - a maior parte das pessoas não vive, sobrevive. O ritmo do dia-a-dia muitas vezes não permite mais do que realizar tarefas básicas de subsistência e uma repetir rotinas de forma mecânica.

Não se apreciam as chamadas 'coisas boas da vida' (sejam elas pequenas ou maiores um bocado) e está-se numa constante corrida contra o tempo. Entre transportes públicos e filas de trânsito não sobra espaço para quase nada tamanho é o frenesim acelerado de casa-trabalho e trabalho-casa. As comparações com animais como ovelhas, formigas ou abelhas é também por si um lugar-comum mas um que se torna cada vez mais inevitável.

E porquê pegar neste assunto agora? Por isto:

Aloe Blacc protagonizou mais um fantástico Concert a emporter da Blogotheque. Com a sua banda interpretou algumas faixas do seu repertório e ainda uma de Bill Withers. Os locais são variados, desde o meio da rua até uma espécie de café e aos corredores do metro. Foi precisamente nestes últimos que fiquei um bocado incomodado com o que vi.

O metro é o meio de transporte por excelência para deslocações no interior de uma grande cidade. Os corredores das estações são portanto zonas de passagem para muita gente ocupada e cheia de compromissos inadiáveis.
Será esse o caso da grande maioria das pessoas? Será que a maior parte não tem três minutos para dispensar? Serão os compromissos dessas pessoas tão inflexível que não lhes permitam chegar 3 míseros minutos atrasados? Ou será que o stress já lhes está tão entranhado que nem pensam nessa possibilidade?

A verdade é que fiquei verdadeiramente (mal) impressionado com a quantidade de pessoas que, a passo apressado, nem sequer de relance olhou para Aloe Blacc ou para a sua banda. Ouvir esta brilhante interpretação de You Make Me Smile era coisinha para alegrar o dia a qualquer um mas, sem se parar um minuto, os dias continuarão cinzentos.

13bly

Wednesday, October 27, 2010

epipháneia

epifania
(grego epipháneia, -as, aparição, manifestação)
s. f.
1. Relig. Manifestação de Jesus aos gentios, nomeadamente aos Reis Magos.
2. Relig. Festa religiosa cristã que celebra essa manifestação. = dia de Reis
3. Qualquer representação artística dessa manifestação.
4. Relig. Aparecimento ou manifestação divina.
5. Apreensão, geralmente inesperada, do significado de algo.
Sabem quando estão a ouvir uma música, já a conhecem e até nem estão a prestar particular atenção mas como que por magia parece que se acende uma luz e a música em causa parece ganhar outra dimensão e soar (ainda mais) maravilhosamente bem? Eu chamo a esta sensação 'epifania' e, nos últimos tempos tem-me acontecido com bastante frequência.

Esta (que podia perfeitamente estar no mp3 de Deus) foi a última:



Estava eu a meio de uma tarde de trabalho quando, por puro acaso, o shuffle do meu mp3 me presenteia com Rock'n'Roll Suicide do grande David Bowie. Esta música incrível está incluída no aclamado álbum de 1972 - The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, por sinal um dos meus favoritos (se não mesmo o favorito). Parei o que estava a fazer por uns minutos (a duração da música) e simplesmente desfrutei com um sorriso nos lábios. Verídico.
13bly

Monday, October 25, 2010

Ooooohoooooh I've been blessed! - Orelha Negra @ CCVF (23/10/10)

Abençoados sejam os Orelha Negra e a sua música com a qual eles nos abençoaram a nós.

Antes de falar do concerto propriamente dito tenho de fazer aqui um 'mea culpa'. Apesar de considerar a Orelha Negra um dos projectos musicais com mais mérito e qualidade no panorama nacional e do seu álbum (homónimo) ser um dos meus favoritos deste ano (não só a nível nacional), ainda não lhes tinha prestado aqui a devida homenagem.

Inicialmente não se sabia quem eram, a sua música falava por eles e, como que para reforçar isso mesmo as suas caras apareciam, ao bom estilo sleeveface escondidas por trás de algumas influencias deste projecto. Quando as máscaras caíram o mundo descobre que os Orelha Negra eram uma mescla de talentos de diferentes projectos musicais. Os cinco magníficos eram nem mais nem menos que Samuel Mira (mais conhecido como Sam, the Kid), DJ Cruzfader, Francisco Rebelo e João Gomes (ambos dos Cool Hipnoise) e ainda Fred (baterista, entre outros, dos Buraka Som Sistema).

A música da Orelha Negra, tal como a sua formação é uma espécie de 'melting-pot', ou fusão como será mais correcto dizer em bom português. Tem uma base forte nas batidas do hip-hop mas vai buscar as suas raízes ao funk e soul de outros tempos. Para apimentar um pouco as coisas juntam-se samples inesperadas tanto de música como de voz. Ao longo do disco ouve-se a voz de Júlio Isidro, Fernando Tordo e Henrique Mendes, há uma participação de Pac-Man (dos Da Weasel) e ouvem-se amostras de sucessos de motown . A mistura de elementos parece improvável, mas a verdade é que resulta tudo muito bem, não só em disco como também ao vivo.

Os Orelha Negra fizeram uma aposta arrojada mas saiu-lhes o jackpot. A eles e a nós.

A sala de Café Concerto do Centro Cultural Vila Flor em Guimarães estava bem composta sem estar a abarrotar o que demonstra um lento despertar do público para este grupo e para estas sonoridades. Os 5€ do bilhete eram convidativos e posso ainda dizer que, para mim, o concerto superou todas as minhas expectativas e valeu aquela notinha azulada até aos últimos cêntimos (e ainda mais alguns).

No palco, nenhum dos 5 elementos se destaca, cada um tem a sua função e juntos complementam-se. O concerto de Orelha Negra não é um espectáculo visual. Não há uma figura central e por isso também não há um foco de atenções para o público. Em qualquer situação isso poderia causar dificuldades ao espectáculo em si mas a vertente musical é tão forte que a presença de um 'front man' se torna supérflua.

Durante cerca de 1h20 os Orelha Negra percorreram quase todo do o álbum e ainda tiveram tempo para Blessed (que serviu de promoção ao disco mas não consta do mesmo) e até para algumas surpresas inesperadas. As músicas do disco, assim como Blessed, foram muito bem transportadas para o palco mas senti que nas tais 'músicas surpresa' (com as conhecidas 'The Power' dos Snap!, 'Can't Touch This' do MC Hammer ou 'Crazy In Love' da Beyoncé entre outras) a coisa não estava tão consolidada e, sem o concerto ficar fraco (muito longe disso mesmo) a atenção se dispersava um bocado.

Não houve grandes manifestações de exuberância por parte do público mas também não houve muito tempo para isso visto que as músicas engrenavam umas nas outras quase sem pausas, mas bastava olhar à volta para ver sorrisos e cabeças a abanar ao ritmo da música. Foi um concerto incrível de uma banda incrível a provar que muita gente está errada quando diz que em Portugal não se faz boa música.

13bly

Sunday, October 24, 2010

Saturday, October 23, 2010

Murnau e os La La La Ressonance (16/10/10)


Historicamente, Fausto foi um alquimista brilhante e a sua vida passou de boca em boca e deu acabou por se transformar numa lenda popular alemã. Essa lenda, por sua vez, despoletou a obra-prima de Goethe. O impacto desta peça de Goethe na cultura mundial é indescritível. Ele influenciou um sem número de escritores, poetas e artistas em geral (neste vasto leque de personalidades inclui-se, por exemplo, o 'nosso' Fernando Pessoa, Schumann e Wagner).
Em 1926 F.W. Murnau adaptou magistralmente Fausto à sétima arte criando um dos pontos altos do expressionismo alemão. Em 2010 os La La La Ressonance re-musicaram o filme e interpretaram essa nova banda sonora em tempo real enquanto o filme era projectado.

Já não é a primeira vez que sessões deste género acontecem na Casa das Artes de Famalicão. Se não estou em erro já por lá passaram outros dois clássicos do cinema fantástico (Frankenstein e Nosferatu - também este de Murnau) com banda sonora reinterpretada ao vivo mas, não sei bem porquê, não estive presente. Desta vez não podia deixar escapar.


Antes de mais importa dizer que fiquei verdadeiramente impressionado com os efeitos especiais do filme. Foi preciso muito engenho e ambição para, em 1926, contar esta história fantástica da maneira que foi contada. Faust está carregado de magia e apesar da sua idade, nas duas horas, de filme os efeitos especiais raramente desiludem. Sim notam-se imperfeições - não há milagres - mas ainda assim parece tudo muito mais genuíno do que a prostituição do CGI que se vê nos dias de hoje - desde os cavaleiros do Apocalipse, ao diabo a espalhar a peste sobre uma cidade (cena que viria a ser praticamente recriada no clássico da Disney - Fantasia), às inúmeras transformações de vários personagens, à viagem na capa voadora... tudo são cenas com um impacto visual incrível, que marcaram a história do cinema e que dificilmente se apagarão da minha memória.

Seria injusto da minha parte não referir - para além dos efeitos especiais e da história fantástica - o fantástico papel de Emil Jannings como Mephisto , o tentador Diabo que seduz Fausto com promessas de juventude eterna. Quase me atrevo a dizer que 'rouba' as atenções nas cenas em que participa, os seus gestos e expressões conferem ao personagem um carácter único e inesquecível e o mesmo pode ser dito do filme em geral.

Passando para a banda sonora que, no caso de filmes mudos, assume uma importância bem maior. Os La La La Ressonance são uma banda experimental difícil de definir e por isso mesmo são uma aposta interessante para projectos deste género. As músicas apresentam-se completamente transformadas e modernizadas, a fazer lembrar muitas vezes os crescendos de post-rock.

Devo confessar que houve partes em que a banda sonora não se moldava na totalidade ao que acontecia na tela, mas talvez isso acontecesse também na banda sonora original visto que é extremamente difícil musicar um filme na sua totalidade com exactidão fazendo coincidir os sons com as acções dos personagens. Apesar disso a banda sonora nunca se tornou inoportuna e em muitos outros momentos encaixava que nem uma luva nas diversas cenas.

Foi um trabalho louvável destes rapazes de Braga e de todos os que coordenaram (a Casa das Artes de Famalicão e o Cineclube de Joane) este projecto. Assistir a um filme com a banda sonora ao vivo é, no mínimo, uma experiência interessante e, sem qualquer sombra de dúvida, uma experiência a repetir sempre que possível.

13bly

Thursday, October 21, 2010

Improvável, ou talvez não


Hoje trago uma sugestão que, para quem me conhece ou para quem acompanha o 13bly, pode parecer um pouco deslocada. Talvez não pareça tão improvável assim quando, vistas bem as coisas, entre os meus álbuns favoritos do corrente ano se contam nomes como Orelha Negra e Aloe Blacc. Menos ainda se se tiver em conta que ultimamente tenho explorado um pouco do muito que o mundo do jazz tem para dar.

Ski Beatz é um nome que passa ao lado a muita gente. Eu incluía-me nesse grupo, mas depois de ouvir a música que está mais abaixo procurei informar-me um bocadinho. Ao que parece Ski Beatz não é um gajo qualquer, já produziu para Jay-Z e trabalhou com uma série de outros nomes de algum peso no 'submundo' do hip-hop. Depois de muito trabalho de bastidor a produzir álbuns, Ski Beatz lançou este ano o seu primeiro disco em nome próprio. Apesar disso não é para falar de 24 Hour Karate School (o nome do dito álbum) que estou aqui hoje.

A música que acabaram de ouvir (substituir 'acabaram de' por 'estão a' ou 'deviam estar a' de acordo com a situação) chama-se Blue and Green e é uma adaptação do original de Miles Davis de 1959. A dita faixa estará incluída num disco de remixes desse músico lendário que Ski Beatz deverá lançar em breve (infelizmente não encontrei datas concretas).

É sempre uma questão sensível pegar no espólio de um músico da dimensão de Miles Davis mas o povo costuma dizer 'pela aragem se vê quem vai na carruagem'.Fazendo fé na sabedoria popular e tomando esta faixa como amostra não temos com que nos preocupar.

13bly

Monday, October 18, 2010

Radio killed the radio star


Raramente ouço rádio. Admito que ainda haja programas bons(nomeadamente alguns de autor ou temáticos) mas, de uma forma geral já há muito que perdi a pachorra para 'esta rádio de hoje'. Como tenho leitor de CDs no carro é quase sempre essa a minha opção porque, para além de as rádios (generalistas) em geral raramente irem de encontro ao meu gosto (mas quanto a isso não há nada a fazer) enerva-me que quando se tem de fazer uma viagem um bocado mais longa se ouça a mesma música umas três vezes num espaço relativamente curto de tempo. É mesmo que se mude de frequência, as playlist são quase iguais (a menos que se escolha alguma estação temática).

Neste último mês, tenho ouvido rádio com mais frequência visto que lá no trabalho se põe sempre a rolar alguma estação generalista. A verdade é que tenho achado o que ouço praticamente insuportável e acabo quase sempre por me refugiar no meu fiel mp3. Não me quero armar em snob ou parecer arrogante - peço que vejam este post como um simples desabafo - mas tenho ficado chocado com o nível de estupidificação a que a música pop (que passa nas rádios) chegou. Eu sei que, em geral as pessoas não querem ouvir coisas complexas e que lhes exijam alguma atenção - até compreendo isso. Não estou aqui a reivindicar que as rádios (generalistas) que passem jazz, experimentalismo ou rock progressivo, mas há por aí tanta música pop bem construída, orelhuda e que não provoca urticária nos ouvidos... Não me vou pôr aqui a citar nomes mas este mês tenho ouvido músicas que mais parecem genéricos de desenhos animados dos anos 80-90, outras que são tão artificiais e fabricadas para o sucesso fácil que não têm sequer assunto e outras ainda que de utilizarem uma fórmula tão repetida e banal só dão sono.

Em geral não há nada minimamente surpreendente. Ouvir rádio não é excitante ou estimulante, é apenas um ruído de fundo para que, no trabalho ou no carro, não se ouça apenas o som repetitivo do motor ou do teclado.
É mesmo isto que o povo quer? É disto que gosta? Muitas vezes a campanha de promoção de uma música é tão agressiva que ela é praticamente enfiada à bruta na cabeça dos ouvintes que não têm outra escolha senão gostar dela. Eu até compreendo o sucesso das pimbalhadas à portuguesa (compreensão que - nunca é demais dizer - saiu reforçada depois de ver a reportagem Discos Pedidos), as pessoas identificam-se com elas, mas há coisas que realmente não me entram na cabeça. Estarei a ficar velho? Não acompanhei a evolução das massas? Algo que não sei explicar deve ter corrido muito mal... Enfim, haja paciência e o mp3 sempre por perto.

13bly

Sunday, October 17, 2010