Monday, November 15, 2010

Mais vale nunca mais crescer - Festa da Cultura do Porto (12/11/2010)


A Festa da Cultura do Porto foi um evento Fnac que teve lugar no passado Sábado (12/10/2010) no Coliseu do Porto. Por um preço simbólico de 2€ (ou 1€ para os aderentes do cartão Fnac) podia ver-se Sean Riley & the Slowriders, Blind Zero e GNR. Acima de tudo importa dizer que a totalidade das receitas deste concerto revertia a favor de uma causa nobre - Liga dos Amigos das Crianças do Hospital Maria Pia. O povo respondeu ao apelo e esgotou o Coliseu com um admirável leque de idades que ia, literalmente dos 8 aos 80.

Uma vez que esta era uma noite literalmente 'para as crianças' vou por as coisas um pouco na perspectiva dos mais pequenos. Sabem aquele conto infantil da menina que, depois de deambular pela floresta, encontra a casa dos três ursos (Mamã, Papá e Filhote) e lá dentro experimenta vários conjuntos três de objectos dos quais um é sempre pequeno demais, outra grande demais e a última do tamanho ideal? A noite de ontem foi um bocado assim. Achei o concerto de Sean Riley muito curto (e sem músicas novas), o de Blind Zero demasiado longo (apesar de ter sido melhor do que esperava) e o dos GNR perfeito.


Por falar em crianças e contos infantis, Rui Reininho parece sofrer do síndrome de Peter Pan. Não é portanto adepto do 'olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço' e parece uma eterna criança que leva à letra o que canta - 'nunca mais crescer'. No palco é como um peixe na água, está super descontraído e faz o que quer e bem lhe apetece. Dono de uma das vozes mais sui generis da música portuguesa, Rui Reininho é excêntrico e altamente imprevisível, dispara bocas e piadas improvisadas em todas as direcções - o verdadeiro rei da pop, um homem-espectáculo que sabe muito bem o que faz e fá-lo também muito bem.

Pelo palco desfilaram quase todos os clássicos incontornáveis - de Dunas à Pronúncia do Norte, da Tirana a Efectivamente passando por Mais Vale Nunca, Asas ou Sangue Oculto... Foi um concerto brilhante em jeito de greatest hits onde, como não podia deixar de ser, não faltaram algumas novidades de Retropolitana - último trabalho da banda. Já eram quase duas da manhã quando o concerto acabou e, dois encores depois, não sei bem dizer se era o público se a própria banda quem mais estava a desfrutar do momento. Foi um concerto memorável que marcou o momento da minha conversão de simples apreciador a fã dos GNR.

13bly