Wednesday, May 30, 2012

avulso - on the gaudy side of town

avulso (latim avulsus, -a, -um, separado, arrancado)
adj.
isolado, solto, desconexo, desirmanado.

ON THE GAUDY SIDE OF TOWN | Vila Real de Santo António | Maio de 2012
13bly

Tuesday, May 29, 2012

epipháneia xiii

epifania
(grego epipháneia, -as, aparição, manifestação)
s. f.
1. Relig. Manifestação de Jesus aos gentios, nomeadamente aos Reis Magos.
2. Relig. Festa religiosa cristã que celebra essa manifestação. = dia de Reis
3. Qualquer representação artística dessa manifestação.
4. Relig. Aparecimento ou manifestação divina.
5. Apreensão, geralmente inesperada, do significado de algo.

É irónico (e injusto) que o feito mais reconhecido de Tim Buckley seja o de ser pai do (também) talentoso e malfadado Jeff Buckley - um filho que nunca desejou e com quem, numa atitude algo egoísta, não quis criar laços ou sequer conviver. I Never Asked to Be Your Mountain terá sido escrita com esses sentimentos em mente, mas não é essa a música (por mais incrível que seja) que me leva a escrever este post.

O tormento estará certamente nos genes da família Buckley e Tim, tal como Jeff viria também a fazer mais tarde, canaliza isso para a sua música (Phantasmagoria in Two é um dos temas mais assombrosos que já ouvi e um forte candidato ao mp3 de Deus). Intensa e misteriosa, Gipsy Woman - agora sim, a música em causa neste post - é retirada de Happy Sad (1969), um disco no qual Tim Buckley mergulhou nalguns experimentalismos extra que são, aliás, bem audíveis aqui. Só sei que quando acabei de ouvir este tema (que descobri por mero acaso) estava a suar e isso, posso afirma-lo convictamente, não unicamente culpa do calor que se fazia sentir.
13bly

Sunday, May 27, 2012

mixtape número cento e quinze

  • Beck - Elevator Music
  • Destroyer - Blue Eyes
  • Dirty Three - That Was Was
  • Edward Sharpe & the Magnetic Zeros - Man on Fire
  • M. Ward - Watch the Show
  • Orelha Negra - Juras
  • Wilco - Jesus, Etc
  • Yo La Tengo - Moby Octopad
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Tuesday, May 22, 2012

PA' • Beach House - Bloom

Dizem as más-línguas que, climatericamente, 2012 fez fast-forward no calendário e ignrorou a época das flores e abelhinhas ao saltar directamente do Inverno para o Verão. Se por um lado nos faz falta uma transição suave entre chuva gelada e o calor infernal que já se faz sentir, por outro lado a promessa de praia, mar e bikinis parece tornar tudo isso suportável. Ainda assim, apesar de a meteorologia indicar o contrário, a Primavera não ficou esquecida, só não se pode é procura-la nas condições atmosféricas. A Primavera de 2012 vive no novo disco dos Beach House.

Poucos lançamentos se podem gabar de um timing tão acertado como Bloom. Oportunamente, este disco chega aos escaparates no preciso momento em que as nuvens cinzentas abandonaram os nossos céus e que estes exibem aquele azul refulgente que Victoria Legrand parece descrever em Lazuli – tema que, pela sua frescura, corre riscos de se tornar um dos ‘hinos’ desta estação. Sem uma evolução sonora muito evidente em relação ao aclamado Teen Dream (com o qual será sempre, inevitavelmente, comparado), Bloom é a sua continuação natural. É verdade que Alex Scally talvez carregue um pouco menos no reverb e que a voz quente de Victoria Legrand está também mais límpida, mas esses argumentos representam apenas discretos polimentos à fórmula e não verdadeiros passos em frente na carreira da dupla de Baltimore.

Assim, ao quarto disco de originais, a pop continua a ser o fio condutor dos Beach House e estes continuam a ser capazes de espalhar aquele je ne sais quoi encantador que provoca suspiros por onde passa. As ambiências difusas e luminosas de Alex e Victoria justificam plenamente o prefixo “dream” que adorna os rótulos musicais impostos à banda, mas temas fortes como Myth ou Other People (tal como algumas das músicas de Teen Dream) são mais palpáveis e Bloom transparece um folego redobrado de confiança. Essa confiança é particularmente visível no último tema do disco, Irene – tão épico tanto quanto os Beach House podem sê-lo – no qual, depois de um longo e cíclico instrumental (que traz à memória uns laivos meigos de drone), Victoria repete “it’s a strange paradise” até à exaustão.

Dizer que Bloom é “um disco mais encorpado” pode parecer pouco rigoroso – especialmente tendo em conta os ares oníricos que os Beach House respiram – mas foi das primeiras coisas que me ocorreu ao ouvi-lo. É realmente um paraíso estranho, este de Alex e Victoria, mas um paraíso ainda assim.

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Sunday, May 20, 2012

mixtape número cento e catorze

  • Andrew Bird - Give it Away
  • Bobby McFerrin - Beverly Hills Blues
  • Feist - Sealion
  • Gorillaz - Superfast Jellyfish
  • M. Ward - Pure Joy
  • Orelha Negra - Throwback
  • Sigur Rós - Varðeldur
  • Yeasayer - Henrietta
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Tuesday, May 15, 2012

Dame un helado derritiéndose


helado, -da
[el'aðo, -ða]

adj. Muy frío.
fig. Suspenso, atónito, pasmado.
m. Bebida o manjar helado. Sorbete.
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Monday, May 14, 2012

avulso - b de brincar

avulso (latim avulsus, -a, -um, separado, arrancado)
adj.
isolado, solto, desconexo, desirmanado.

B DE BRINCAR (tilt-shift, obviamente artificial) | Concerto de B Fachada | Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão | 28 de Abril de 2012
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Sunday, May 13, 2012

mixtape número cento e treze

  • Alabama Shakes - Heartbreaker
  • António Zambujo - Fortuna
  • Beach House - Lazuli
  • The Beatles - Tomorrow Never Knows
  • Dead Combo - A Menina Dança #1
  • Low - Witches
  • Pulp - Bar Italia
  • St. Vincent - Marry Me
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Saturday, May 12, 2012

O ano dos Dead Combo

Depois de, no ano passado, terem lançado Lisboa Mulata (um dos meus favoritos), os Dead Combo andaram sempre em alta. Agora, em pleno 2012 quase se pode afirmar que este ano vai ser deles. Este post surge na sequência de uma série de acontecimentos que envolvem a dupla lisboeta.

O primeiro desses acontecimentos foi o concerto incrível que os Dead Combo deram no C.C. Vila Flor no passado Sábado. Nesse concerto, Tó Trips e Pedro Gonçalves trouxeram consigo alguns dos nomes que abrilhantaram Lisboa Mulata. Assim, junto com a Royal Orquestra das Caveiras, as Víboras do Chiado, Alexandre Frazão e Camané, os Dead Combo apresentaram o seu mais recente disco e passaram em revista a sua respeitável carreira.

Uma semana depois do concerto ainda me custa a crer que tenha assistido a um espectáculo daquele calibre. Embora já não faça grande sentido escrever uma 'crítica completa' ao concerto (não tive mesmo tempo para isso), não posso deixar de dizer que, até à data, este foi para mim o concerto do ano. Todas as participações foram importantes mas, como já tinha visto os Dead Combo com a Orquestra das Caveiras fiquei especialmente fascinado com as skills de bateria do Alexandre Frazão e com a voz poderosa do Camané. Em cerca de duas horas e meia de concerto praticamente sem interrupções, Tó Trips e Pedro Gonçalves, nas peles de um cangalheiro e um gangster, provaram que são uma das melhores bandas de sempre neste nosso Portugal (e além fronteiras - já lá vamos.).



O segundo acontecimento que vale a pena destacar é a participação (e especialmente as repercussões dessa participação) de Tó Trips e Pedro Gonçalves no episódio de No Reservations (programa sobre viagens e gastronomia) que Anthony Bourdain gravou em Lisboa (Carminho e Tózé Brito também foram destaque do programa). Catapultados por essa participação, os Dead Combo escalaram rapidamente as tabelas de músicas no mundo no iTunes e chegaram mesmo a colocar três discos no top 10 dos EUA. Está lançada a sua carreira internacional, esperemos que a dupla consiga agarrar essa oportunidade e fazer sucesso além-fronteiras por mérito próprio, desvinculando-se do rótulo de sucesso-efémero-por-causa-de-programa-de-TV. Eles bem o merecem e talento para isso não lhes falta. Força!

13bly

Monday, May 7, 2012

Divindades lendárias - Black Bombaim @ Passos Manuel (04/05/2012)

O mau tempo não mete medo ao pessoal do rock. Prova disso é que, apesar da intempérie que tem assomado o nosso país, o Passos Manuel encheu-se de gente para receber os Black Bombaim e abanar a cabeça ao som do seu rock titânico de raízes stoner-psicadélicas.

O pretexto (se é que era preciso um) foi a apresentação de novos álbuns - em primeira linha, o épico Titans do trio barcelense e, em segundo plano, Arca d'Água, o novo disco de Jorge Coelho (convidado pelos protagonistas para abrir o palco). Infelizmente, quis o destino - irónico e caprichoso - que nesta espécie de festa de lançamento de dois discos, um contratempo no fabrico dos mesmos tivesse impossibilitado a sua venda. Foi pena. Depois do que se viu naquele palco, os discos teriam certamente vendido que nem ginjas.

Neste novo trabalho, Tojó Rodrigues, Ricardo Miranda e Paulo Senra (os titãs de serviço) tiveram a ajuda de alguns convidados de dimensão igualmente assinalável. Era imperativo, então, que também o concerto de apresentação de Titans contasse com a presença de algumas dessas ilustres personalidades. Foi isso mesmo que acabou por acontecer e, com eles, os Black Bombaim trouxeram Ghuna X (que já havia produzido Saturdays & Space Travels), Tiago Pereira (guitarrista dos Aspen) e Jorge Coelho que, depois de tocar no concerto de abertura, ainda se juntou ao trio em palco. Na verdade, algumas dessas participações pareceram pouco relevantes (nomeadamente Ghuna X e Jorge Coelho) mas, e ainda que tenha sentido a falta da voz calejada de Adolfo Luxúria Canibal e do saxofone do grande Steve Mackay (dos enormes Stooges), o espectáculo não foi menos avassalador por isso.

Os Black Bombaim são um exemplo de entrega e coesão e Titans - tanto em estúdio como em palco - demonstra uma enorme ambição de fazer mais e melhor. Portugal já é pequeno para eles - abram-se as fronteiras para estes rapazes pois, caso contrário, eles deitam-nas abaixo. Fica o aviso: ninguém pára os titãs! É essa a força tremenda dos Black Bombaim!

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Sunday, May 6, 2012

mixtape número cento e doze

  • A Naifa - Não Digas Nada
  • Chico Buarque - Se Eu Soubesse (com Thais Gulin)
  • Dead Combo - Marchinha do Stº António Descambado
  • Julia Holter - This is Ekstasis
  • Lambchop - Gar
  • M. Ward - Pure Joy
  • Sétima Legião - Monção
  • RA - O(s) Cobarde(s)

13bly

Saturday, May 5, 2012

XXXV Fotograma - Shame


SHAME (2011)

Shame não é aconselhável a pessoas sensíveis, mas ao mesmo tempo só é aconselhável a pessoas com sensibilidade apurada. Contra-senso? Eu diria que não, mas para ser correcto tenho de deixar essa porta em aberto pois isso vai da definição que cada um der a 'sensível' e a 'sensibilidade'.

O novo filme de Steve McQueen (não é esse, é outro) é um filme intenso onde a nudez e a actividade sexual são o prato do dia. Só esse 'pequeno pormenor' já recomendaria alguma cautela a mentes melindrosas, mas a coisa é ainda mais 'grave' porque McQueen não foge à questão com truques baratos. As cenas de sexo, apesar de extremamente bem filmadas, são bastante explícitas e, a maior parte das vezes, cruas e pouco glamorosas.

Protagonizado brilhantemente por Michael Fassbender e Carey Mulligan, Shame gira à volta do sexo do início ao fim, mas este não aparece de forma gratuita e a reflexão é profunda. Afinal, isto é cinema e não pornografia. McQueen é, portanto, primoroso forma como aborda o sexo e debruça-se muito sobre o tumulto interior que um vício (neste caso o sexo) pode provocar e sobre a forma como ele consome uma pessoa podendo leva-la a construir (ou destruir) uma vida à volta dele.

13bly

P.S. - Espero sinceramente que Carey Mulligan recompense bem o seu agente. Depois de An Education e Drive, a menina de aspecto frágil brilha esplendorosamente neste Shame.