Tuesday, May 22, 2012

PA' • Beach House - Bloom

Dizem as más-línguas que, climatericamente, 2012 fez fast-forward no calendário e ignrorou a época das flores e abelhinhas ao saltar directamente do Inverno para o Verão. Se por um lado nos faz falta uma transição suave entre chuva gelada e o calor infernal que já se faz sentir, por outro lado a promessa de praia, mar e bikinis parece tornar tudo isso suportável. Ainda assim, apesar de a meteorologia indicar o contrário, a Primavera não ficou esquecida, só não se pode é procura-la nas condições atmosféricas. A Primavera de 2012 vive no novo disco dos Beach House.

Poucos lançamentos se podem gabar de um timing tão acertado como Bloom. Oportunamente, este disco chega aos escaparates no preciso momento em que as nuvens cinzentas abandonaram os nossos céus e que estes exibem aquele azul refulgente que Victoria Legrand parece descrever em Lazuli – tema que, pela sua frescura, corre riscos de se tornar um dos ‘hinos’ desta estação. Sem uma evolução sonora muito evidente em relação ao aclamado Teen Dream (com o qual será sempre, inevitavelmente, comparado), Bloom é a sua continuação natural. É verdade que Alex Scally talvez carregue um pouco menos no reverb e que a voz quente de Victoria Legrand está também mais límpida, mas esses argumentos representam apenas discretos polimentos à fórmula e não verdadeiros passos em frente na carreira da dupla de Baltimore.

Assim, ao quarto disco de originais, a pop continua a ser o fio condutor dos Beach House e estes continuam a ser capazes de espalhar aquele je ne sais quoi encantador que provoca suspiros por onde passa. As ambiências difusas e luminosas de Alex e Victoria justificam plenamente o prefixo “dream” que adorna os rótulos musicais impostos à banda, mas temas fortes como Myth ou Other People (tal como algumas das músicas de Teen Dream) são mais palpáveis e Bloom transparece um folego redobrado de confiança. Essa confiança é particularmente visível no último tema do disco, Irene – tão épico tanto quanto os Beach House podem sê-lo – no qual, depois de um longo e cíclico instrumental (que traz à memória uns laivos meigos de drone), Victoria repete “it’s a strange paradise” até à exaustão.

Dizer que Bloom é “um disco mais encorpado” pode parecer pouco rigoroso – especialmente tendo em conta os ares oníricos que os Beach House respiram – mas foi das primeiras coisas que me ocorreu ao ouvi-lo. É realmente um paraíso estranho, este de Alex e Victoria, mas um paraíso ainda assim.

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