Thursday, June 30, 2011

Se Deus tivesse um mp3... [26]

... de certeza que esta música estaria lá!


The revolution will not be televised.
The revolution will be no re-run, brothers;
The revolution will be live.
Gil Scott-Heron - The Revolution Will Not Be Televised
13bly

Tuesday, June 28, 2011

avulso - Tudo vale a pena

quando a alma não é pequena!
avulso (latim avulsus, -a, -um, separado, arrancado)
adj.
isolado, solto, desconexo, desirmanado.

Dead Combo
Local - Casa das Artes, Famalicão
Data - 18 Jun 2011
13bly

Monday, June 27, 2011

Palácio luxuoso - Filho da Mãe @ Café au Lait, Porto (26-06-2011)


"Grandessíssimo Filho da Mãe!" é provavelmente a expressão que mais se vê e ouve por aí quando o tema é o novo projecto de Rui Carvalho (também dos I Had Plans, If Lucy Fell e Asneira). Compreende-se. É realmente uma punch-line boa demais para resistir - Filho da Mãe é grande!

O pretexto para esta edição do Bodyspace au Lait, o evento que já se tornou um ritual mensal, foi a apresentação de Palácio - o disco de estreia de Filho da Mãe. Recorrendo apenas a uma guitarra e a uma panóplia de pedaleiras Rui Carvalho fez precisamente aquilo a que se propôs e levou o público numa visita guiada a todos os recantos do seu Palácio.




Filho da Mãe é homem de poucas palavras. Os sons que arranca da guitarra falam por ele e dizem muito mais do que as palavras poderiam dizer. São melodias ásperas mas delicadas que carregam um pouco da agressividade que seria de esperar do nome artístico que adoptou.

O concerto passou a voar, tema após tema, Filho da Mãe hipnotizou a audiência logo nos primeiros segundos dos seus dedilhados frenético salteados de notas dissonantes aqui e ali. O feitiço só se quebrou com aplausos emocionados depois dos intensos loops de Helena Aquática - o final perfeito para um concerto que andou também lá perto. Grandessíssimo Filho da Mãe!

13bly

Sunday, June 26, 2011

Friday, June 24, 2011

We can do so much together! It's not so impossible!



Only one last chance
Couldn't get much better!


A tour Age of Adz de Sufjan Stevens está a chegar ao fim. A nave espacial está prestes a fazer a sua última viagem cósmica. Aqui fica uma boa amostra do que aconteceu no Coliseu. Eu diria que é um espectáculo a não perder mas já vou tarde... fica a intenção.

13bly

Monday, June 20, 2011

Duelo ao pôr-do-sol - Dead Combo @ Casa das Artes, Famalicão (19-06-2011)


Ora bem, cá vai disto: os Dead Combo são uma das melhores e mais interessantes bandas do panorama musical nacional (e internacional). Pronto! Está dito! Não vou voltar atrás com as palavras e ai de quem me contrariar!

Esta tour nacional vem no seguimento do lançamento do DVD - já lá vai sensivelmente um ano - com imagens de dois concertos que a banda deu no Teatro São Luiz. Tal como então, ao trazer agora esse espectáculo para a estrada, os Dead Combo fazem-se acompanhar pela Royal Orquestra das Caveiras. Quando vi o DVD fiquei siderado e invejei todos os que tiveram o prazer de assistir aqueles concertos. Felizmente agora chegou a minha vez e a verdade é que não ficou nada aquém do que havia visto há um ano naquela rodelinha de plástico.


Ao longo de cerca de duas horas Pedro Gonçalves e Tó Trips - tanto 'a solo' como na agradável companhia da Royal Orquestra das Caveiras - encantaram as poucas pessoas presentes no auditório principal da Casa das Artes. Este foi um daqueles concertos em que nomear momentos altos seria o mesmo que listar quase todos os temas que foram tocados nessa noite - Eléctrica Cadente, Cuba 1970, Mr. Eastwood, Manobras de Maio 06 e Lisbon/Berlin Flight (TP 1001)... e claro aquela inesperada cover de Tom Waits - Temptation retirada de Frank's Wild Years (1987).

Ao ouvir a música dos Dead Combo somos transportados para uma qualquer sala de cinema algures em Havana onde podemos assistir a um western de Tarantino cuja acção se desenrola não num saloon, mas numa tradicional casa de fados no coração de Alfama. Assim é a mistura de influências desta dupla lisboeta - improvável mas ao mesmo tempo a soar como se tudo fosse naturalmente dessa forma.

13bly

P.S. - Se Tó Trips fosse casado com a sua guitarra já teria sido certamente acusado de violência doméstica.

Sunday, June 19, 2011

Saturday, June 18, 2011

Caldeirada de festivais


É inegável que Portugal tem actualmente um grande panorama de festivais de Verão. No entanto, de forma a tentar agradar 'a gregos e a troianos' estes nem sempre são equilibrados (excepção feita talvez ao Milhões de Festa que se movimenta num nicho mais específico).

Com isto em mente, a receita para um festival totalmente a meu gosto é simples: basta pegar numa panela bem grande e juntar 7 colheres de sopa de Super Bock Super Rock, 4 de Sudoeste, 5 chávenas de Paredes de Coura, 7 de Alive e uma pitada de Milhões de Festa. Temperar a gosto e misturar tudo muito bem para desfrutar de 4 grandes dias de boa música. Acompanhar com cerveja qb.

Legenda:
Alive | ▼ Milhões de Festa | Paredes de Coura | Sudoeste | Super Bock Super Rock
DIA 1

PRIMAL SCREAM
Fleet Foxes
Liars ▼
James Blake
Linda Martini

DIA 3

THE NATIONAL
Mogwai
Nicolas Jaar
Beirut
B Fachada




DIA 2

GRINDERMAN
Deerhunter
Thievery Corporation
Junip
Orelha Negra

DIA 4

PORTISHEAD
Destroyer
Blonde Redhead
Battles
Rodrigo Leão & Cinema Ensemble

Atenção que este não é o meu cartaz de sonho, é simplesmente um festival que compus pegando nos nomes que mais gostaria de ver e que marcam presença nos cartazes dos principais festivais nacionais. Fiz isto em três tempos sem dedicar qualquer pensamento à dimensão das bandas (tirando os cabeças de cartaz) nem ao orçamento. Ainda assim deixei de fora uma série de nomes que gostaria de ver como Iggy & the Stooges, TV on the Radio, Lykke Li, Tame Impala, Zu, Electrelane, dEUS ou ainda Janelle Monáe.

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Monday, June 13, 2011

Stand Alone Complex


"I thought that what I'd do was pretend I was one of those deaf-mutes."
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Sunday, June 12, 2011

Saturday, June 11, 2011

epipháneia viii

epifania
(grego epipháneia, -as, aparição, manifestação)
s. f.
1. Relig. Manifestação de Jesus aos gentios, nomeadamente aos Reis Magos.
2. Relig. Festa religiosa cristã que celebra essa manifestação. = dia de Reis
3. Qualquer representação artística dessa manifestação.
4. Relig. Aparecimento ou manifestação divina.
5. Apreensão, geralmente inesperada, do significado de algo.
Depois de uma semana de trabalho intenso e especialmente depois de se trabalhar um feriado e um sábado não há nada como ir a caminho de casa com a cabeça a pensar no resto do fim de semana para desanuviar um bocado. Eis que entra Lou Reed e a sua Goodnight Ladies - o último tema do aclamado Transformer (1972).

É preciso prestar atenção à letra - nunca, em altura alguma da história, ser um solteirão desleixado e desanimado com a vida teve tanta classe.


13bly

Thursday, June 9, 2011

Curso avançado de como agitar as águas


Quando se atira uma pedra ao charco nada é mais certo do que a água agitar-se. B Fachada sabe isso tão bem como qualquer outra pessoa mas nem por isso se inibe de mandar a tal pedra. E que grande pedrada que foi desta vez! B Fachada saberia com toda a certeza que este seu 'disco de Verão' iria ser polémico, que poderia ser mal recebido e até mal interpretado por muitos.

Tudo em Deus, Pátria e Família soa a provocação e digo mesmo tudo... a começar no título - evocativo da grande máxima de Salazar - e a acabar na letra - que tem versos algo chocantes - com passagem pelos sons dos animais no início e com menções honrosas para a própria duração da faixa e para a artwork da capa.


Já tem corrido alguma tinta digital acerca deste assunto mas, até ao momento, ainda não li opinião mais concisa e acertada esta de Davide Vasconcelos do Disco Digital (parte do portal Diário Digital):
Anunciado como um «disco de Verão», «Deus, Pátria e Família» em nada se assemelha com o irmão mais velho um ano «Há Festa na Moradia». Desde logo porque não se trata de um álbum mas antes de uma aparente soma de excertos, agrupados num acto vagamente protestante que é muito mais do que uma singular canção.

O tom festivo que adoptou na temporada anterior é substituído por um depoimento conceptual em que a linguagem vernacular contribui para reforçar o que B Fachada pretende: criar ruído, chocar, como se de uma conferência de imprensa de José Mourinho se tratasse. Tratar «Deus, Pátria e Família» como um ataque ao país é cego, surdo e absurdo.

Como poderia ser essa a interpretação se B Fachada é um dos músicos que melhor trata a língua? Se há um protesto implícito, ele dirige-se à recente obsessão em valorizar tudo o que é português, independentemente de se tratar do título de Melhor Treinador do Mundo ou simplesmente do 14º lugar na lista de Melhor Prato de Carne Guisada do Guia de Restaurantes do Nepal.


Daí o «eu não sei português e que se foda Portugal, eu canto em fachadês, a minha língua paternal». B Fachada escreveu o seu «FMI», trinta e dois anos depois de José Mário Branco ter escrito uma «canção» que o sistema monetário internacional agora obrigou a recuperar. «Portugal está para acabar» mas enquanto houver Bernardo vale a pena acreditar.
É isto. Está tudo dito!

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Monday, June 6, 2011

avulso - Festa em Serralves ou vice-versa

avulso (latim avulsus, -a, -um, separado, arrancado)
adj.
isolado, solto, desconexo, desirmanado.
Contexto - Serralves em Festa
Local - Fundação de Serralves
Data - 28 Mai 2011
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Wednesday, June 1, 2011

Celebração espacial - Sufjan Stevens @ Coliseu do Porto (30-05-2011)


Sim, os bilhetes para Toro Y Moi esgotaram e não consegui fazer aquele pleno no passado mês de Maio. Para além disso houve toda aquela história com os The National e uma série de concertos perdidos em Serralves (acabei por apenas conseguir ver os Black Bombaim)... Apesar de tudo isto, quis a sorte que não perdesse mais outro dos 'concertos do ano' e calhou-me 'na rifa' um belo bilhetinho para o espectáculo que Sufjan Stevens.

Quem é afinal este Sufjan (ler soof-yahn) Stevens?

A verdade é que não sei responder muito bem a esta questão - conheço pouco do seu trabalho e sei ainda menos sobre ele. Pelo que me dá a entender a cabeça de Sufjan deve andar sempre a mil à hora pois só dessa forma consigo explicar que, entre longas durações e EPs, entre folk acústico e desvarios electrónicos, tenha mandado cá para fora 18 discos (está bem que 8 destes são lançamentos com músicas de Natal, mas ainda assim...). Não bastasse esta sua vastidão criativa, sinto-o como um daqueles artistas dos quais se vai aprendendendo a gostar, daqueles que primeiro se estranha e só depois se entranha - apesar de algumas músicas inegavelmente brilhantes penso que ainda me enquandro na primeira destas duas fases.


A noite começou com um brando aquecimento a cargo de D.M. Stith, sozinho com a sua guitarra e algumas pedaleiras. Mais tarde, já com toda a pompa e circunstância este integraria a banda de Sufjan. Pompa foi aliás coisa que nunca faltou durante o espectáculo - a componente visual foi sublime.
Ao combinar a imagética de uma série de crenças e mitologias de várias civilizações (com raizes no imaginário de Royal Robertson) com neons brilhantes a fazer lembrar uma Tóquio ultra-moderna, Sufjan Stevens consegue uma estética única que tem tanto de místico como de tecnológico - uma mistura adequada ao amplo espectro do seu trabalho e à dinâmica do espectáculo que se desenrolou entre temas acústicos e ritmos mais desenfreadas (estes essencialmente de Age of Adz - o álbum mais recente que serve de pretexto a esta tour).

Foi uma noite completa e complexa, algo estranha também, mas daquela estranheza boa que não se sabe explicar. Seria das coreografias descaradamente foleiras? Seriam as projecções psicadélicas? Talvez fossem cores fluorescentes que brilhavam no escuro ou a mistura de ritmos e influências que se sentiu ao longo da noite ou até das naves espaciais e fatos de homem das estrelas com bolas de espelhos... é realmente difícil encontrar palavras.

Da mesma forma que Impossible Soul é o encerramento de Age of Adz, é também com este épico de 25 minutos que Sufjan acaba os seus espectáculos. Como o próprio afirmou é este o magnum-opus do concerto e tudo até ali tinha sido uma espécie de preparação para aquele momento. Que magnífica meia hora que foi - tão depressa se vivia um momento acústico e intimista como rapidamente a música se transformava numa viagem espacial com fatos apropriados e vozes robóticas como daí para uma festa completamente descontrolada a fazer lembrar os Flaming Lips - um Carnaval fascinante com explosões de confettis e máscaras de animais incluídos.

Apesar do final anunciado do concerto e da fraca afluência de bilheteira (o Coliseu teria cerca de meia sala), Sufjan Stevens presenteou o público com um belíssimo encore no qual revisitou o aclamado Illinois (2005). Os incontornáveis UFO Near Highland, Illinois e John Wayne Gacy, Jr. foram tocados a solo numa atmosfera intimista e sem qualquer artifício. Já o ponto final definitivo veio sobre a forma de Chicago. Com a banda novamente em palco e auxiliada por uma chuva de balões, esta foi a derradeira explosão de cor e energia - a melhor forma de terminar uma noite que ficará sem dúvida na memória de todos os presentes.

13bly