Wednesday, June 1, 2011

Celebração espacial - Sufjan Stevens @ Coliseu do Porto (30-05-2011)


Sim, os bilhetes para Toro Y Moi esgotaram e não consegui fazer aquele pleno no passado mês de Maio. Para além disso houve toda aquela história com os The National e uma série de concertos perdidos em Serralves (acabei por apenas conseguir ver os Black Bombaim)... Apesar de tudo isto, quis a sorte que não perdesse mais outro dos 'concertos do ano' e calhou-me 'na rifa' um belo bilhetinho para o espectáculo que Sufjan Stevens.

Quem é afinal este Sufjan (ler soof-yahn) Stevens?

A verdade é que não sei responder muito bem a esta questão - conheço pouco do seu trabalho e sei ainda menos sobre ele. Pelo que me dá a entender a cabeça de Sufjan deve andar sempre a mil à hora pois só dessa forma consigo explicar que, entre longas durações e EPs, entre folk acústico e desvarios electrónicos, tenha mandado cá para fora 18 discos (está bem que 8 destes são lançamentos com músicas de Natal, mas ainda assim...). Não bastasse esta sua vastidão criativa, sinto-o como um daqueles artistas dos quais se vai aprendendendo a gostar, daqueles que primeiro se estranha e só depois se entranha - apesar de algumas músicas inegavelmente brilhantes penso que ainda me enquandro na primeira destas duas fases.


A noite começou com um brando aquecimento a cargo de D.M. Stith, sozinho com a sua guitarra e algumas pedaleiras. Mais tarde, já com toda a pompa e circunstância este integraria a banda de Sufjan. Pompa foi aliás coisa que nunca faltou durante o espectáculo - a componente visual foi sublime.
Ao combinar a imagética de uma série de crenças e mitologias de várias civilizações (com raizes no imaginário de Royal Robertson) com neons brilhantes a fazer lembrar uma Tóquio ultra-moderna, Sufjan Stevens consegue uma estética única que tem tanto de místico como de tecnológico - uma mistura adequada ao amplo espectro do seu trabalho e à dinâmica do espectáculo que se desenrolou entre temas acústicos e ritmos mais desenfreadas (estes essencialmente de Age of Adz - o álbum mais recente que serve de pretexto a esta tour).

Foi uma noite completa e complexa, algo estranha também, mas daquela estranheza boa que não se sabe explicar. Seria das coreografias descaradamente foleiras? Seriam as projecções psicadélicas? Talvez fossem cores fluorescentes que brilhavam no escuro ou a mistura de ritmos e influências que se sentiu ao longo da noite ou até das naves espaciais e fatos de homem das estrelas com bolas de espelhos... é realmente difícil encontrar palavras.

Da mesma forma que Impossible Soul é o encerramento de Age of Adz, é também com este épico de 25 minutos que Sufjan acaba os seus espectáculos. Como o próprio afirmou é este o magnum-opus do concerto e tudo até ali tinha sido uma espécie de preparação para aquele momento. Que magnífica meia hora que foi - tão depressa se vivia um momento acústico e intimista como rapidamente a música se transformava numa viagem espacial com fatos apropriados e vozes robóticas como daí para uma festa completamente descontrolada a fazer lembrar os Flaming Lips - um Carnaval fascinante com explosões de confettis e máscaras de animais incluídos.

Apesar do final anunciado do concerto e da fraca afluência de bilheteira (o Coliseu teria cerca de meia sala), Sufjan Stevens presenteou o público com um belíssimo encore no qual revisitou o aclamado Illinois (2005). Os incontornáveis UFO Near Highland, Illinois e John Wayne Gacy, Jr. foram tocados a solo numa atmosfera intimista e sem qualquer artifício. Já o ponto final definitivo veio sobre a forma de Chicago. Com a banda novamente em palco e auxiliada por uma chuva de balões, esta foi a derradeira explosão de cor e energia - a melhor forma de terminar uma noite que ficará sem dúvida na memória de todos os presentes.

13bly