"All those are just labels, we know that music is music!"
Primal Scream - Come Together (na voz do pastor Jesse Jackson)
Primal Scream - Come Together (na voz do pastor Jesse Jackson)
No outro dia, não sei bem porquê, dei por mim a pensar nalguns dos termos utilizados para catalogar música. Inventam-se mil e um nomes para tudo e mais alguma coisa e a etiquetagem é feita ao mais ínfimo pormenor. Ele são etiquetas de todas as formas, tamanhos, cores e feitios.
Apesar dos disparates que são algumas das etiquetas não foi sobre isso que debrucei o meu pensamento. O que reparei foi que, apesar do preciosismo com que se cataloga a música nos dias de hoje, nem sempre se chamam os bois pelo nome.
Apesar dos disparates que são algumas das etiquetas não foi sobre isso que debrucei o meu pensamento. O que reparei foi que, apesar do preciosismo com que se cataloga a música nos dias de hoje, nem sempre se chamam os bois pelo nome.
A definição actual de world music inclui por exemplo os ritmos étnicos dos balcãs, as cítaras delicadas do oriente ou as batidas tribais da África profunda. Mas fará mesmo sentido chamar 'música do mundo' a um aglomerado de estilos musicais cujas origens são geograficamente bem definidas? À música que é característica de um ou vários países específicos?
Apenas para citar alguns exemplos: rancho não é música do mundo, é folclore português; polka não é música do mundo, é também um tipo de folclore, desta vez com a origem na Europa Central; o tango não é música do mundo, é ele próprio um estilo musical distinto oriundo da Argentina.
Já com o folk, o caso é um quase inverso. Enquanto a actual definição de world-music é desnecessariamente abrangente a folk é muitas vezes reduzida quase exclusivamente a cantautores daquele folclore norte-americano 'estilo Bob Dylan'.
Já com o folk, o caso é um quase inverso. Enquanto a actual definição de world-music é desnecessariamente abrangente a folk é muitas vezes reduzida quase exclusivamente a cantautores daquele folclore norte-americano 'estilo Bob Dylan'.
Para mim, há um caso em que faz sentido falar 'música do mundo', mas nesse caso em particular, o termo nunca é empregue. Falo da 'pop banal' (e faço-o sem qualquer denotação pejorativa). A pop de que falo - sem qualquer juízo de valor - é amorfa, fruto da globalização e da homogeneização das culturas e portanto não tem identidade. Essa música é igual em Portugal, na China ou no México e portanto, essa sim, é verdadeiramente uma música do mundo - descontextualizada de qualquer tradição ou passado histórico-cultural.
Conclusão: world-music é folk e pop é world-music.
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