Saturday, October 30, 2010

Noite solarenga em dia de chuva - Madame Godard @ CCVF (29/10/10)


O mau tempo não impediu a minha deslocação ao Centro Cultural Vila Flor (a segunda num espaço de duas semanas) para ver os luminosos Madame Godard. Nem a mim nem a muitos outros pois, pela altura do início do espectáculo a sala de Café Concerto apresentava-se confortavelmente composta (embora um bocado longe da casa cheia referida por Juvenal Vieira - o vocalista).
Como se pode ler num post anterior, eu já estava mais do que rendido a Galapagos , o álbum de estreia da banda, mas agora rendi-me também à sua prestação em palco. Depois de pagar uns simbólicos €3 (!!!) por este concerto não resisti ao pack "disco + t-shirt por 10€" e adicionei-o à minha colecção. E que bonito que é!

O concerto começou um pouco morno com os Madame Godard, como bons jogadores de poker, a esconder o seu jogo para surpreender mais à frente. A verdade é que o público se revelou difícil de conquistar e, com excepção de um pequeno grupo que desbundou (e bem) durante todo o concerto, sentia-se na sala alguma aura de desinteresse apesar de todo o empenho da banda de Viana do Castelo.
Talvez o conceito de café concerto tenha sido levado demasiado à letra mas, independentemente dessa dificuldade, a banda não desarmou e deve ter-se sentido orgulhosa quando, mais para o final conseguiu contagiar a sala com a sua simpatia e boa disposição. O espaço (pelo menos a zona mais próxima do palco) acabou por se transformar numa grande festa onde toda a gente sorria e dançava. O entusiasmo final foi tanto que deu origem a dois encores (apesar de o segundo ter sido 'apenas' a repetição de Love is Poker).

Pelo palco desfilou quase todo o ainda curto repertório da banda e portanto tive o prazer de ouvir todas as minhas favoritas. Músicas como Queens of the Twilight (não incluída no álbum mas sim no EP da Aurora), Hardly Alone e, mesmo para o fim, Au Revoir Tristesse foram mel para os meus ouvidos. Também a magnífica versão do clássico dos Clash - Spanish Bombs soou logo depois de Hardly Alone e prolongou-se até uma não menos magnífica OK for KO, que por sua vez serviu para apresentar a banda numa espécie de interlúdio instrumental.
Como deve ter ficado claro na frase anterior, algumas das músicas, ao vivo, aparecem ligeiramente transfiguradas relativamente à sua versão de estúdio. Ora alongadas, ora ligeiramente mais rápidas estes pequenos pormenores tornam o concerto mais surpreendente e interessante para quem já conhece bem o reportório da banda. Para além disso é especialmente nessas partes instrumentais alongadas que se nota o enorme prazer com que os Madame Godard interpretam a sua música. Só esse facto valeria bem mais do que €3 pelo que abandonei ontem o CCVF extremamente satisfeito com o serão. Venham mais concertos assim.

13bly