Thursday, December 30, 2010

2010 no pequeno ecrã

Os canais televisivos (não só em Portugal) estão cada vez mais empestados de reality-shows reles, programas familiares bacocos e 'filmes de Domingo à tarde' cada vez piores. Entre Casas dos Segredos e mil e uma edições dos Ídolos (ou outros programas com o mesmo formato) sempre se safa alguma coisa, nomeadamente a nível de ficção. E não, não me refiro às novelas da TVI (que agora até ganham Emmys).

Quer se queira quer não, goste-se ou deteste-se, o grande destaque desta categoria tem de ir para LOST. O final de LOST foi o acontecimento televisivo do ano. É um facto! A misteriosa série que durante 6 anos atormentou a vida de milhares de fãs por todo o mundo chegou ao fim e o seu derradeiro episódio foi verdadeiramente polarizante. Sou fã assumido da série, mas mesmo que não fosse, uma coisa é inegável - o impacto cultural da mesma. Depois de LOST todas as séries tentam ser o "próximo LOST", mas tenho cá para mim que tão cedo isso não acontece.

Mas o ano não se resume a LOST.


A amc assumiu-se como um dos grandes canais de ficção ao lançar para o ar a quarta (e melhor) temporada de Mad Men e também a terceira (e talvez também melhor) temporada de Breaking Bad. São de facto feitos notáveis para duas séries que tinham atingido um padrão de qualidade tão alto que se julgava quase impossível superar.
Mas neste ano que está quase a terminar, as ambições deste canal não se limitaram a manter o elevado nível dos seus nomes consagrados. A amc fez ainda uma aposta em duas novas produções: The Walking Dead e Rubicon - se a primeira foi um sucesso e já tem o contrato renovado, já a última se revelou um pequeno tropeção e acabou por ser cancelada ao fim da primeira temporada.


Ao passar o ano em revista convém não por de parte The Pillars of the Earth. Esta mini-série de 8 episódios não é de produção americana e talvez por isso pareça uma espécie de 'carta fora do baralho' neste balanço mas não é por isso que deve ser desvalorizada. The Pillars of the Earth adapta para o pequeno ecrã o clássico literário de Ken Follet com o mesmo nome e é uma excelente produção televisiva - vale a pena ver (mas só depois de ler os romances).

O último trimestre do ano ficou também marcado pelo regresso de Dexter à Showtime. A última temporada tinha sido de cortar a respiração e talvez por isso mesmo esta tenha parecido um pouco menos intensa. Importa realçar que, na escala de Dexter, isto não significa que esta tenha sido uma má temporada - é certo que o primeiro episódio foi muito insatisfatório e me tirou um bocado de entusiasmo mas, mais para a frente, as coisas aqueceram.

Foi ainda em 2010 que descobri um certo prazer em Fringe. Comecei a ver com algum cepticismo num período do ano que quase pareceu uma espécie de silly-season televisiva. Durante muito tempo não passou de uma 'série para desenjoar', ou seja, via por não ter nada mais para ver, mas aos bocadinhos fui-me entusiasmando com aquilo. Chamemos-lhe um guilty-pleasure.


Sendo este um post sobre o que de melhor se fez na televisão, este não estaria completo sem falar na HBO. Em 2010 deu para ver que David Simon não perdeu o seu toque de Midas e continua a transformar em ouro tudo a que deita as mãos. Falo obviamente de Treme, a série que retrata a difícil (mas ainda boémia) vida em Nova Orleãs no pós-Katrina.
Ainda na HBO não me posso esquecer de Boardwalk Empire - uma espécie de Sopranos nos anos 20 com uma produção fantástica e desempenhos que não ficam muito atrás mas que, apesar de ter prometido muito, não cumpriu a 100% e ficou a sensação de ter faltado ali alguma coisa. Pela forma como acabou a temporada, acredito que na próxima essa falha seja colmatada.

Postas assim as coisas e olhando para trás - mesmo tendo em conta as reles programações da maior parte dos canais generalistas - dificilmente se poderá dizer que foi um mau ano para a televisão. Venha daí o 2011!

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