Monday, November 8, 2010

À flor da pele - Scout Niblett @ CCVF (06/11/10)


Antes de passar para o concerto propriamente dito tenho de tecer um rasgado elogio ao Centro Cultural Vila Flor e a quem o gere. O passado fim-de-semana foi o terceiro consecutivo no qual me desloquei a esse agradável espaço e também o terceiro no qual saí totalmente satisfeito com o espectáculo a que assisti. A programação do CCVF tem sido invejável e com o 'Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura' à porta só se espere que ainda melhore mais.
Importa referir que, para além da qualidade dos concertos, os preços têm sido muito convidativos - pelos três concertos que assisti no café concerto paguei menos de €15, quantia que não chega para pagar o consumo mínimo de muitas discotecas.

Impulsionado pelo factor preço e pelas referências a Cat Power e PJ Harvey lá me desloquei outra vez a Guimarães para ver Scout Niblett cujo trabalho desconhecia na totalidade. Uma vantagem de se ir a um concerto sem 'fazer os trabalhos de casa' é que tudo acaba por ser uma agradável surpresa e foi isso que aconteceu no passado sábado.

Foi perante uma sala cheia que Scout Niblett subiu ao palco envergando um curioso colete reflector laranja. À primeira vista parece uma tímida e frágil criatura perdida na noite mas a coragem que demonstra ao enfrentar o público sozinha no palco munida apenas da sua guitarra parece indiciar o contrário. Essa ideia inicial acaba por se perder completamente ao interpretar as suas canções e deixar a sua garra e emoção vir ao de cima.
Desde o início do concerto que Scout Niblett catalisou todas as atenções da sala de uma forma quase hipnótica e a emoção crua das suas canções fez-se soar no Palácio de Vila Flor como se nada mais fosse importante.

Duas assombrosas canções depois do início do concerto, Scout chama Dan Wilson para lhe fazer companhia. Descalço, o rapaz toma conta da bateria e daí para a frente a música ganha uma maior robustez que se sente particularmente nos momentos em que a angústia que se acumula lentamente na voz e guitarra de Scout Niblett finalmente explode. É nessas alturas que Niblett deixa cair definitivamente a pele de ovelha e enverga orgulhosamente a de lobo. Os acordes ouvem-se mais alto e o tom de voz parece quase descontrolado com as emoções à flor da pele.

Scout estava visivelmente satisfeita com o concerto e o público também. Saí do CCVF com a sensação de se ter assistido a um daqueles raros concertos dos quais se irá falar daqui a uma série de anos. Só o tempo dirá se de facto assim foi mas a mística, essa esteve toda lá. Scout Niblett é um nome a não esquecer.

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