Thursday, June 28, 2012

PA' • Patrick Watson - Adventures in your Own Backyard

Não têm faltado oportunidades para ver Patrick Watson ao vivo pois o músico tem passado com frequência pelo nosso país - este ano, poderemos revê-lo em Paredes de Coura. "Mas isso é maneira de abrir uma crítica a um álbum? O que é que isso interessa?", pergunta-se o pertinente leitor. Interessa porque, a partir do momento que se vê uma actuação de Patrick Watson, deixa de ser possível dissociar a sua música da sua performance. Deste modo, ao ouvir um álbum novo, começa-se imediatamente a magicar de que forma este ou aquele tema irá ser transportado para o palco ou que brincadeiras farão os músicos com ele.

Adventures In Your Own Backyard tem um tom marcadamente soturno e melancólico mas, ainda assim, parece ter tudo o que Patrick Watson faz resultar tão bem ao vivo (a confirmar no dia 15 de Agosto) - as melodias intimistas, os crescendos poderosos, as mudanças rítmicas a meio dos temas... Olhando apenas dessa perspectiva, seria fácil catalogar este trabalho como um belíssimo álbum, mas há um senão a ter em conta - nada disto é novo. Isolando a música do seu contexto de palco e olhando para o disco como o mais recente de uma série de álbuns, diria que este é, talvez, o trabalho menos ambicioso deste jovem canadense.

O título “Adventures In Your Own Backyard” é, neste caso, para ser levado quase à letra (pelo menos a parte do ‘in your own backyard’) pois, apesar da sua natureza algo orquestral, este disco foi gravado integralmente no apartamento do músico em Montreal. Talvez o facto de Watson se ter refugiado num local onde se sente confortável justifique que, também musicalmente não se tenha aventurado tanto quanto o título pode sugerir. De facto, ao ouvir este disco, não vivenciei a constante descoberta de Just Another Ordinary Day (2003), não viajei como em Close to Paradise (2006) ou sequer senti as texturas invulgares de Wooden Arms (2009). Não é que a música seja má – é um pouco mais homogénea, mas continua a ser boa -, parece é que já conhecemos de cor e salteado todos os truques de Patrick Watson - os falsetos característicos da sua voz, os ecos que espalha aqui e ali, os crescendos que usa para intensificar as suas composições, as partes melancólicas ao piano... não há surpresa.

Sei perfeitamente que não é justo pedir constante inovação, especialmente quando por si só – reconheço -, este até seria um bom álbum, mas senti-me um pouco como uma criança que, ao visitar novamente a feira popular, encontra o seu carrossel preferido fechado para manutenção - diverti-me na mesma, mas ficou um vazio por preencher.

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