Regressado de
Paredes de Coura e após ter tido tempo para assentar ideias e matar saudades cá estou eu para passar em revista o festival deste ano.
Antes de mais devo dizer que vi melhores espectáculos este ano do que na edição anterior deste mesmo festival e que mesmo a nível de convívio este ano superou o anterior.
Devido à grande actividade no
fórum e ao ambiente que lá se criou estava agendado para os dias anteriores ao festival um encontro dos seus intervenientes. Nesse encontro conheci pessoalmente muita gente (digo pessoalmente porque já nos conhecíamos das andanças do fórum) e foi uma noite excelente visto que quase todos partilhávamos ideias, gostos ou objectivos semelhantes. Tudo isso regado de bom vinho. Devo agradecer ao
Ishy e ao
Peste pelo vinho, ao pessoal da
Adega da Borracha (
Bonina,
Lotus,
Neith e
King of Nails) pela hospitalidade e ao
caoserrano por muitas outras coisas.
Também o pessoal nosso vizinho se revelou ser cinco estrelas e logo travamos conhecimento tendo-se gerado um agradável convívio (à
Carina e ao
Simão um obrigado pelas chouriças).
Mas passando à frente estes momentos e falando do que realmente leva as pessoas a um festival, a música. Analisando o cartaz deste ano, na minha opinião, este estava bastante coeso, mas vendo os concertos que tivemos pode-se dizer inclusivamente que foi uma excelente edição!
(Nota: No que toca a DJ's como não é uma área que aprecie prefiro não comentar para não dizer disparates, mas ouvi muito boa gente a falar bem deles.)
Dia 31 de Julho
Sex Pistols
Mando Diao
Bellrays
X-Wife
Bunnyranch
Este foi para mim o dia mais fraco do festival.
O festival abriu com os portugueses
Bunnyranch, mas não assisti a este concerto e fiquei na tenda a relaxar mais um pouco. Pelo que ouvi da tenda, pelas reacções e conversas que tive com outras pessoas acho que o foi um bom concerto.
Por sua vez, quando começaram os
X-Wife já eu me encontrava no recinto pronto para o meu primeiro concerto desta edição do festival
Paredes de Coura.
Os
X-Wife proporcionaram um bom concerto com algumas surpresas como a participação da
Raquel Ralha (dos
Wraygunn) numa das músicas. No entanto fiquei com a sensação que aquela não seria a hora indicada para um concerto daqueles e que talvez, dada a sonoridade, os
X-Wife beneficiassem mais com um espaço mais pequeno onde o ambiente pudesse ser mais intenso (como o palco do
after-hours).
Depois da energia electrónica dos
X-Wife vem a puro poder de soul dos
Bellrays. Diga-se o que se disser, ninguém pode negar que a vocalista tem muito
power, no entanto, apesar de até estar a gostar do concerto, lá pra meio comecei a fartar-me pois parecia-me sempre mais do mesmo.
Ainda antes dos cabeças de cartaz actuarem chegam finalmente a Coura, depois do cancelamento do ano passado, os
Mando Diao. As expectativas eram grandes e eles até tocaram a maior parte das músicas que queria ouvir, mas faltou algo ao espectáculo. Talvez com um público mais à altura ou sem algumas músicas da
setlist que não foram tão bem escolhidas o concerto tivesse sido melhor... não sei.
Apesar de ter sido um bom concerto foi para mim uma pequena desilusão...
Por fim sobem ao palco principal os grandes nomes da noite e que levaram muita gente aquele festival, os históricos
Sex Pistols.
Não posso dizer que tenha sido um mau concerto porque até foi bem melhor do que estava à espera, mas foi de certa forma degradante dada a idade avançada dos elementos da banda e à teatralidade que procuram impor nos concertos dado o historial punk... Para além disso, apesar de se verem bastantes
punks, o público não foi propriamente caloroso.
Já no
after-hours a banda escolhida para actuar foram os
The Mae-Shi que, ouvindo o
myspace não tinha gostado, mas que ao vivo são uma autêntica bomba pronta a explodir.
Dia 1 de Agosto
Primal Scream
Editors
The Sounds
The Rakes
Two Gallants
Depois de um primeiro dia morno, este segundo albergou alguns dos melhores concertos do festival.
Uma das bandas que mais questão fazia em ver eram os
Two Gallants e devo dizer que não desiludiram em nada. Estes dois rapazes da
California chegaram e interpretaram as suas grandes músicas como ninguém. Excelente este concerto, para mim não terá sido grande surpresa, mas para muitos terá sido uma das revelações do festival.
Seguiram-se
The Rakes. São uma banda como muitas que há hoje em dia e não gostei muito, vi ao longe sentadinho na relva.
Quando este concerto acabou fui comer qualquer coisinha e ao voltar ainda apanhei grande parte dos
The Sounds sendo que, apesar de não gostar muito do som, achei que estavam a dar um bom espectáculo.
Seguiram-se os
Editors uma das bandas com maior público e que teve melhor recepção entre os festivaleiros. O concerto foi muito bom mesmo não apreciando as músicas deles.
Por fim, e para terminar o dia em beleza chegaram os experientes
Primal Scream que deram um dos melhores concertos do festival. Apesar de terem um álbum novo na bagagem, o concerto foi na onda de
greatest hits tendo eles tocado êxitos dos seus vários álbuns.
Desde a electrónica frenética de
XTRMNTR ao
rock com influências
blues de
Riot City Blues passando pelo
good feeling de
Screamadelica, houve de tudo.
Grandes músicas, muito dançáveis e brilhantemente interpretadas em palco por
Bobby Gillespie e companhia.
O segundo dia (ou noite) do
after trouxe a Coura os
These New Puritans, provavelmente a banda mais
hyped de todo o palco
Burn e de quem eu não gostei particularmente.
Dia 2 de AgostoWraygunn
dEUSThe Mars Volta
The Teenagers
Spiritual FrontA fasquia do dia anterior ficou bem elevada, mas o terceiro dia de festival não ficou atrás. Depois da mudança de horários onde os cabeças de cartaz trocaram com os portugueses
Wraygunn aparentemente por motivos de transporte de equipamentos para o local do seu próximo concerto.
A primeira banda do dia acabei por, mais uma vez, não ver tendo ficado na tenda a relaxar mais um pouco, mas já antes tinha passado pelo
IberoSounds para ver
Sean Riley & the Slow Riders e, tal como da primeira vez que os vi gostei bastante. Apresentaram algumas músicas novas que estão com bastante bom aspecto.
Decidi "ir para cima" algures a meio do concerto dos "
adolescentes" e maldita a hora em que decidi faze-lo, deveria ter ido só no fim. Para mim o pior concerto do festival.
A transição de
Teenagers para
Mars Volta não seria nada suave e penso que isso se fez sentir nalguns festivaleiros que desconheciam a banda. Verdade seja dita,
The Mars Volta não é para todos os ouvidos e um concerto daqueles não será propriamente indicado para um festival. Pessoalmente eu adorei, mas compreendo que haja muita gente que tenha desatinado com o som deles ou com os longos instrumentais e experimentalismo ou até pela excentricidade do vocalista.
Os verdadeiros fãs ficaram um pouco desiludidos com a curta duração do concerto, mas ainda assim, a meu ver foi um dos melhores
À espera dos belgas
dEUS estava uma tarefa um pouco inglória, pegar no público após um concerto dos
Mars Volta, mas eles estiveram mais do que à altura do desafio.
A verdade é que aconteceu algo de extraordinário no anfiteatro natural de Coura. Talvez por muita gente não ter gostado do concerto anterior e estarem sedentos por outra sonoridade ou simplesmente porque
Tom Barman e companhia souberam captar bem a atenção de toda a gente. A verdade é que ao fim da primeira ou segunda música os
dEUS tinham o público nas mãos e faziam dele o que queriam. Mais um para juntar à lista de "melhores do festival".
A fechar a noite estavam os portugueses
Wraygunn. A estes foi-lhes presenteada uma oportunidade única de fecharem a noite ao trocarem com os
Mars Volta e os mesmos souberam agarra-la de unhas e dentes.
Já todos sabiamos que o
Paulo Furtado era um animal de palco, mas lá para o final do concerto ele estava completamente possuído e pôs toda a gente a vibrar com ele. Ficou a sensação de que a banda estava mesmo a gostar do concerto e o público também.
Ao terceiro dia os portugueses
Woman in Panic tiveram as honras do palco de
after-hours, mas eu não gostei lá muito. Valeu pelo convívio.
Dia 3 de AgostoThievery Corporation
LemonheadsBiffy Clyro
Tributo a Joy Division
Au Revoir Simone
Ra Ra Riot
Começo a tornar-me muito repetitivo se disser que este dia teve alguns dos melhores concertos do festival? A verdade é mesmo essa!
Ra Ra Riot foram sem dúvida mais uma das bandas revelação do festival. Não sei bem o que dizer mais sobre eles. No mínimo excelentes! Adorei o concerto!
Quanto às três meninas de ar inocente que constituem as
Au Revoir Simone proporcionaram a quem as viu momentos verdadeiramente únicos. Notava-se claramente que elas estavam satisfeitas com a resposta do público que, diga-se de passagem, esteve muito bem. Música calminha para relaxar ao final da tarde, não se podia pedir muito mais. Foi tudo quase perfeito!
Às meninas seguiu-se uma das bandas que mais polémica causou nesta edição.
Uma banda de
tributo a Joy Division constituída por experientes músicos portugueses.
Confesso que não gostei particularmente do espectáculo... não achei graça... e é quase imperdoável a falha de algumas músicas num tributo aos
Joy Division.
O festival aproxima-se do seu final e foi nesta altura que me dirigi à tenda para comer umas belas chouriças com a vizinhança. Só regressei ao recinto a tempo de ver
Thievery Corporation tendo portanto perdido o concerto dos
Biffy Clyro (que parece que foi cheio de energia) e dos
Lemonheads (que já ouvi quem dissesse que foi excelente e, pelo contrário, que foi horrível).
Quanto a
Thievery não há muito a dizer, quem não viu, não sabe o que perdeu e nada do que eu possa dizer irá conseguir transmitir o que se passou naquele concerto.
Foi para mim possivelmente o melhor concerto desta edição.
A
Ritmos prometeu um concerto em grande e cumpriu!
Thievery Corporation acompanhados de banda e vários convidados deram um dos melhores espectáculos a que já assisti.
Foi uma aposta arriscada a de encerrar o festival com uma banda que não seja
rock, mas para mim foi também uma aposta ganha.
Para a última noite estava reservado o melhor concerto dos
after-hours.
Caribou partiu a louça toda que havia para partir, foi genial o concerto. As duas baterias dão montes de pica (que é essencial num concerto
after-hours).
Não posso terminar este post sem deixar uma nota positiva à chuva que só apareceu no primeiro dia e apenas antes dos concertos bem como aos
dEUS pela atitude simpática de andarem a passear-se pelo recinto totalmente descontraídos.
Como nem tudo é um mar de rosas fica também uma nota muito negativa para a segurança que foi muito má, tanto no campismo ou na entrada do recinto como inclusivamente frente ao palco a controlar o pessoal. A
Ritmos terá que rever essa situação urgentemente.
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