Wednesday, November 26, 2008

Consciencialização

Depois do pequeno interlúdio retomo, em parte, o tema do post anterior.

O movimento apresentado naquele vídeo pretende consciencializar jovens dos problemas actuais e da existência de soluções que podem marcar a diferença, se não para esta, para gerações futuras. Apesar de o movimento Generation WE ser americano ele deveria existir em todo mundo pois, dada a escassez de recursos e a crescente poluição, é cada vez é mais importante cuidar do ambiente e olhar à sustentabilidade do mundo onde que vivemos.

Felizmente existem pessoas atentas a esses problemas e alguns dedicam-se a alerta-los. Para além do já mais do que famoso (e aparentemente recheado de incorrecções científicas) “Verdade inconveniente” de Al Gore, existem outros filmes ou documentários que abordam esses temas e que, ao contrário deste, são isentos de "polítiquices", interesses económicos ou imposições de outras naturezas.

Desses destaca-se a trilogia Qatsi (que significa "vida"). Koyaanisqatsi, Powaqqatsi e Naqoyqatsi (não se preocupem se não conseguirem pronunciar os nomes, é normal) são os três filmes que a constituem .

Esta trilogia tem a particularidade de ser composta de imagens simbólicas e representativas do estado do nosso mundo acompanhadas unicamente de música.
Nada mais. Música e imagens.
Os filmes em si são apenas uma experiência proporcionada ao espectador, cabendo-lhe a este tirar a conclusões (sejam elas de natureza política, ambiental ou económica) que lhe pareçam adequadas. Os três filmes foram realizados por Godfrey Reggio e as respectivas bandas sonoras foram compostas por Philip Glass.

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Trailer__
Koyaanisqatsi é, aparentemente uma palavra de origem Hopi (uma tribo azteca) que significa algo do tipo "vida em desiquilíbrio".
O filme mostra a forma como o Homem interage com a Natureza e com a Tecnologia e o modo como cada um destes afecta o outro causando o desiquilíbrio referido no título.
Francis Ford Coppola foi o produtor executivo deste projecto de 6 anos e este é consensualmente considerado como o melhor dos três;
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Trailer__
Powaqqatsi significa, no mesmo dialecto, "vida em transformação" e foca as dificuldades e conflitos gerados em países menos desenvolvidos e mais agarrados à sua cultura com a transição do estilo de vida tradicional para o que vai sendo imposto com a industrialização crescente.
Apadrinhado por George Lucas, esta "sequela" não foi tão bem recebida pelo público e pela crítica como o seu antecessor;

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Trailer__
Naqoyqatsi é o título do terceiro filme desta trilogia e significa "vida como guerra" e foi o que causou mais polémica pela utilização de imagens de arquivo e tecnologia 3D ao invés das já habituais recolha de imagens no local. Este filme retrata a passagem da sociedade de um ambiente natural para um industrial e totalmente baseado na tecnologia.
Steven Soderbergh foi desta vez o produtor executivo de serviço.
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Koyaanisqatsi causou um grande impacto quando foi lançado e inspirou muitos filme e campanhas publicitárias devido, não só ao modo como foi feito, mas como à mensagem que pretende passar.

Do cinematógrafo de Koyaanisqatsi, Ron Fricke surge Baraka ("benção" em várias línguas). Este segue o mesmo estilo e volta a expor ao espectador o triângulo Homem, Tecnologia e Natureza sem qualquer tipo de comentário adicional que não as sensações provocadas pela combinação imagens e som. Para além dessa visão, Baraka procura também mostrar uma certa unificação do comportamento humano, pois encontram-se comportamentos similares nas várias culturas do mundo.
__Trailer
Estará pronta em 2009 Samsara ("existência cíclica" em sanscrito), a sequela de Baraka.
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Talvez não sejam os filmes mais indicados para chegar às massas. Admito que não são para qualquer um pois tornam-se um pouco difíceis de ver de uma assentada (eu próprio ainda só vi partes do Baraka e do Koyaanisqatsi). Por outro lado, para quem demonstrar algum interesse por estes assuntos, qualquer um destes filmes será potencialmente uma experiência que poderá mudar a sua forma de ver o mundo.
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Mudando ligeiramente de registo, mas mantendo a temática, a Pixar presenteou-nos este ano com a sua obra prima (ideal para quem não tiver tanto tempo a investir nos filmes anteriores ou não quiser levar "a coisa" tão a sério). Falo obviamente de Wall-E.


"Quem acha que Wall-E é um filme infantil desengane-se."
Citações deste género têm sido frequentes nos últimos anos, com filmes de animação como por exemplo Shrek, mas Wall-E leva essa frase a outro nível. As crianças podem efectivamente achar piada ao pequeno robô trapalhão, mas só um adulto ou uma mente mais madura compreenderá a essência do filme.

Quase sem recorrer a diálogos, a aventura deste pequeno robô ensina a um adulto em pouco mais de hora e meia muito mais do que ele podia esperar aprender. Desde poluição e aquecimento global, a relacionamentos amorosos e sentimentos de solidão, passando por uma profunda crítica à nossa sociedade consumista e ao seu estado de relaxação e adormecimento, o pequeno Wall-E passa a mensagem para a audiência como ninguém.

É curioso ter de ser um pequeno robô a abrir os olhos à humanidade e a ensinar-nos algumas lições acerca de nós próprios.
Faz-nos falta um Wall-E.

13bly

6 comments:

Rita said...

Eu não vi o Wall-E, porque nunca me puxou para vê-lo no cinema e ainda não o arranjei. Mas pelos vistos vale a pena, tenho de tratar disso!
Também vi o "Uma Verdade Inconveniente" e gostei, é acessível como dizes, mas acredito que tenha bastantes erros!
Quanto aos outros, no idea! :P

Bom post!
Beijinhos!

Renato_Seara said...

Caro Joao: nao vi o Wall-E, mas vi o resumo do filme no "Bastidores" e pareceu interessante.

Mas quando ouço falar em Al Gore, ocorre me logo uma coisa, porque sera que esse senhor que foi so VICE PRESIDENTE DOS EUA pouco ou nada fez enquanto Vice para fazer com os EUA ratificassem o protocolo de Quioto?...sinceramente acho o Al Gore um hipocrita, inteligente contudo pois fartou-se de ganhar dinheiro com o documentario e com as conferencias que deu um pouco por todo mundo!

Quanto aos restantes fiquei curioso em relaçao ao DOC produzido pelo Francis Ford Copolla, porque o Francis e conhecido por ter umas ideias em relaçao as politiquices um tudo ou nada diferentes:)

SDS

João Ruivo said...

Para os dois: O Wall-E é "só" o MELHOR filme de animação que já vi!

Para a Rita: Actualizei o post com os links para os trailers, tinha-me esquecido, talvez queiras espreitar.
beijos

Para o Renato: Quanto ao Al Gore sim, o tipo também me mete um bocado de espécie por esse tipo de atitudes.
Este post acaba por ser, no fundo, uma alternativa a esse documentário (e outros do tipo) em que as ideias e soluções nos são quase empurradas pela garganta abaixo em vez de por as pessoas a pensar.

SDS pra ti tb. ^^

Unknown said...

Bem bem...

"Uma Verdade Inconveninente" é, por certo, um filme bem feito mas surge mais no contexto político da coisa...

O Koyaanisqatsi e o Baraka são obras primas do cinema documental. Já o disse, por várias vezes, que o primeiro acaba por superar o segundo por primar na originalidade e nos 10 anos de antecedência...

Por último, quanto ao Wall.E, considero-o como o segundo melhor filme de animação que alguma vez foi feito. Em primeiro lugar continua-me a estar The Lion King. Mas Wall.E justifica bem que merece esse estatuto e, desde que apareceu a animação 3D, nada foi tão bom como este Wall.E...

abraço, etc.

Helder

Unknown said...

eu disse que o wall.e era grande pistola;)

Furetto said...

Eis que a minha curiosidade sobre o wall-e aumenta.