Saturday, August 8, 2009

1984 (mil novecentos e oitenta e quatro)

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é, a par com O Triunfo dos Porcos, um dos romances mais aclamados de George Orwell e também como O Triunfo dos Porcos (que irei ler em breve), supera a definição de um 'simples' romance. Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é mais que um romance e mais que uma análise/crítica político-social. É uma espécie de exercício de futurologia nesse mesmo campo.

Mais do que achar piada à história interessa, nesta obra, analisar e entender os conceitos que ela abrange. A política, o regime instaurado, as tensões sociais, as atitudes e motivações (ou falta delas) dos personagens.

George Orwell criou um mundo utópico com um governo totalitário e ultra-controlador e tudo em Mil Novecentos e Oitenta e Quatro ajuda ao enquadramento e à caracterização dessa época ficcional.

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é uma obra marcante que inspirou muitas outras mentes criativas dando origem a filmes (Equilibrium, Brazil...), livros (V for Vendetta...), programas de TV (descaradamente o Big Brother mas também muitos outros reality-shows), músicas (um sem número de artistas como Rage Against the Machine, Muse ou David Bowie) ...
Como previsão de um potencial futuro, Orwell não acertou na mouche, mas não é difícil de ver muito de Mil Novecentos e Oitenta e Quatro na sociedade, cultura e políticas actuais. O controlo pode não ser feito com câmaras e gravadores nas casas das pessoas, mas é feito através de registos multibanco, chips em matrículas (há já quem tenha chips de localização subcutâneos)ou câmaras de segurança em locais públicos (como estações, aeroportos, escolas, repartições de finanças...) para enumerar alguns.
A manipulação das notícias pode não ser tão descarado como em Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, mas todos sabemos que existe algum controlo. Também a 'nossa' política de educação, não indo tão longe como a de Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, pouco fomenta a criatividade e o pensamento construtivo/livre optando por uma formatação pouco cuidada. Para além disso, o mundo que Orwell criou encontra-se num estado de guerra constante. Será o nosso assim tão diferente?

Apesar das semelhanças há coisas que, actualmente e no nosso mundo, seriam impensáveis. Uma nova língua cujo vocabulário é decrescente por forma a limitar o pensamento; retirar o prazer ao sexo tornando-o uma tarefa necessária para a concepção de crianças; censura de praticamente tudo o que for cultural e artístico limitando toda a criatividade; manipulação do passado alterando os arquivos noticiosos e placas de monumentos entre outros; uma Polícia de Pensamento encarregue de deter todos os que tenham pensamentos impróprios (que vão contra as regras estabelecidas pelo governo) e uma política de educação que manipule as crianças desde a nascença retirando-lhes toda a personalidade e destruindo por completo o conceito de família.

Guerra é paz.
Liberdade é escravidão.
Ignorância é força.

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro foi uma das obras que mais me marcou. Irei sem dúvida ler mais das obras de Orwell e também do seu "mentor", Aldous Huxley (principalmente Admirável Mundo Novo, ao qual Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é tantas vezes comparado).


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