Monday, September 21, 2009

"My name's Charles Bronson and all my life I wanted to be famous."

Michael Peterson, conhecido por Charles Bronson, é o prisioneiro mais famoso do Reino Unido e ganhou essa fama por ser o prisioneiro mais violento e também o mais caro ao Sistema. Tem hoje 56 anos e já está preso há 34 tendo passado 30 desses em solitária sendo que ainda não está prevista a sua libertação.
Bronson é o título do filme que retrata a vida deste homem.


O filme foi desde logo comparado ao grande clássico A Laranja Mecânica. Embora compreenda o sentido dessa comparação acho-a um tanto ou quanto exagerada. Ambos retratam criminosos extremamente violentos que tiram prazer de ser assim mas Bronson não é tão icónico ou satírico como o clássico de Kubrick. No entanto afirmo com veemência que, dos filmes que vi recentemente, Bronson foi o que vi com maior prazer.

O nível de representação de Tom Hardy é definitivamente acima da média. Ele está verdadeiramente excepcional no papel principal. Não se limitando a simplesmente representar o papel, Tom Hardy encarna o próprio Charlie Bronson. As suas gargalhadas de loucura arrepiam e o seu sorriso enquanto espanca e é espancado parece realmente genuíno.
Uma vez que o filme totalmente é construído à volta de Bronson uma representação deste nível seria indispensável ao sucesso do mesmo e Tom Hardy deu provas do seu valor conseguindo, quase sozinho, segurar a hora e meia de filme.

A história é narrada na primeira pessoa, mas grande parte dessas narrações são feitas no mundo interior de Bronson, na sua cabeça. Assim, o realizador Nicolas Winding Refn mistura cenas 'reais' com cenas algo psicadélicas e que se assemelham a teatro ou stand-up. Essas cenas passar-se-ão na desequilibrada mente de Bronson narrando este a própria história ora directamente para a câmara ora para um público invisível. Nicolas Winding Refn consegue um equilíbrio entre estas duas facetas do filme conseguindo ainda acrescentar um curto segmento de animação e uma espécie de slide-show sem que estes pareçam deslocados.

A última coisa que penso ser indispensável de realçar em Bronson é a banda sonora e o uso da música. Os momentos musicais são sublimes a um nível que raramente vejo no cinema. A música oscila entre música clássica e 'foleirices' dos anos oitenta e nenhuma destoa da outra.
Há alturas em que Verdi, Strauss ou Wagner são exactamente o que a cena pede e outras em que a cena parece feita para os Pet Shop Boys ou os New Order. Outras há que Madame Butterfly encaixa que nem uma luva e outras ainda em que Glass Candy é o que cai bem.
Bronson é um exemplo brilhante de uma banda sonora variada e eficiente.


Charles Bronson concretizou o seu sonho de criança, ser famoso. Talvez não o tenha feito da melhor forma, mas conseguiu o seu objectivo. Poder-se-ia pensar que o filme glorifica a violência exaltando um criminoso, mas não é isso que acontece. É verdade que simpatizamos com Bronson, mas não acabamos o filme a desejar ser como ele. Bem pelo contrário pois afinal, que vantagem pode haver se, para realizarmos o nosso sonho, temos de passar uma vida inteira atrás das grades?

13bly