Sunday, November 15, 2009

Amizade por correspondência

Quase 6 meses depois deste post vi finalmente Mary and Max. O trailer tinha-me seduzido e a esperava boas coisas do filme. Ainda assim este conseguiu não desiludir e, bem pelo contrário superou as minhas expectativas.

O que poderá uma menina australiana de 8 anos ter em comum com um americano obeso de 44 anos? À primeira vista nada. A cinzenta Nova Iorque de Max contrasta com o castanho mundo de Mary, mas é nas diferenças que está a fundação da amizade entre os dois e basta uma pequena troca de correspondência para percebermos que, afinal, existem ali algumas semelhanças. Ambos se sentem desenquadrados do seu mundo e os seus únicos amigos são, no caso de Mary, um galo a quem deu o nome de Ethel e no caso de Max um homem imaginário a quem chamou de Mr. Ravioli. A amizade entre os dois floresce bem regada pelo gosto comum por chocolate e desenhos animados.

A primeira meia hora de filme (mais coisa menos coisa) é tudo aquilo que esperava do filme. Uma comédia absolutamente deliciosa. As perguntas inocentes e infantis de Mary levam a respostas não hilariantes e não menos infantis de Max.
Daí para a frente o filme segue numa direcção algo inesperada por mim e assume uma identidade consideravelmente mais séria (sem nunca deixar de lado aquele tom infantil). Mary cresce vai para a universidade e casa, Max envelhece, é internado e ganha a lotaria mas, apesar de alguns percalços, a amizade entre os dois vai resistindo ao tempo e à distância.

Mary and Max é um interessante ensaio sobre a o ser humano e a sociedade na perspectiva de duas pessoas que estão um pouco à margem da mesma. Poluição, alcoolismo, obesidade, tabagismo, doenças e morte são tudo problemas reais que são abordados no filme, mas mais do que apontar os problemas, o filme mostra a solução e essa sim é a grande mensagem que se pretende passar: uma amizade improvável que vence todas as barreiras e distâncias.

Por ser baseado em factos verídicos, este pequeno e inocente filme consegue restaurar um pouco da minha fé na humanidade. Não digo que Mary and Max seja um filme imperdível, mas digo que não é de forma alguma tempo perdido.

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