Wednesday, December 9, 2009

FlorCaveira: a nova música portuguesa?

Até há bem pouco tempo não acreditava na FlorCaveira como 'label a sério'. Mesmo depois de tantas vezes a ver ser apelidada de 'uma das melhores coisinhas que aconteceram à música portuguesa' não conseguia gostar do que ela produzia e o 'fenómeno' foi-me passando ao lado.

Os Pontos Negros, um dos estandartes desta editora, nunca me convenceram e, verdade seja dita, continuam sem convencer. B Fachada ou Samuel Úria, Tiago Guillul ou João Coração... para mim era tudo igual e não gostava de nenhum (bem... talvez tolerasse o João Coração melhor do que os outros, uma vez que não desgosto do "Muda que Muda").

Vejo-me no entanto obrigado a rever a minha opinião. Ora, se até este fim-de-semana me considerava céptico relativamente à alegada qualidade artística dos músicos da FlorCaveira, alguns dos mais recentes produtos desta editora viraram-me a cabeça.

O novo disco de B Fachada (homónimo) é, finalmente, a revolução que o seu antecessor ("Um Fim de Semana no Pónei Dourado") prometia ser. Não tinha achado o 'Pónei' particularmente interessante, mas com este novo álbum rendo-me a B Fachada, à sua métrica irregular e rima invulgar.
(Edit: chegou-me aos ouvidos que este novo disco do B Fachada é edição de autor, mas paciência, fica aqui na mesma visto que pertence à família FlorCaveira)

Nem Lhe Tocava, é o nome do mais recente trabalho de Samuel Úria e foi uma agradável surpresa quando o pus a tocar. Se os seus trabalhos anteriores me pareciam piscar o olho ao banal, este agarrou-me à segunda música ("Não arrastes o meu caixão") e daí para a frente foi uma descoberta deliciosa.

A maior surpresa de todas foi Diabo na Cruz. Este grupo reúne elementos de vários projectos da FlorCaveira e, juntos, alcançam um equilíbrio perfeito entre o rock e o folclore português.
Esta busca por um compromisso entre o folclore tradicional português e um estilo musical mais moderno torna a comparação com os Deolinda quase inevitável. Realço, no entanto que essa comparação acaba precisamente na aproximação à tradição musical portuguesa visto que os Diabo na Cruz são muito mais do que uma versão rock e masculina a tentar a sua sorte às carrachuchas do sucesso dos Deolinda.
Virou! é sem sombra de dúvidas um dos melhores discos portugueses do ano.

Não vou ao ponto de dizer que "os FlorCaveira" são a salvação da música portuguesa (até porque não acredito que ela seja necessária), mas que são uma lufada de ar fresco são.

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