Porque a música de hoje vem da música de ontem, Discos do Baú é o nome da nova rubrica do 13bly e nela irá falar-se de álbuns que são muitas vezes catalogados de, simplesmente, "antigos". Numa altura em que a música é, cada vez mais, consumida a um ritmo avassalador é importante recordar algumas preciosidades do passado que, tal como o vinho do Porto, não perdem qualidade com o passar do tempo.
Antes de começar, quero apenas deixar bem claro que não possuo qualquer formação musical nem conhecimento algum de manuseamento seja de que instrumento musical for. Assim, as "críticas" aqui tecidas, serão feitas na óptica de um humilde adepto de música.
Antes de começar, quero apenas deixar bem claro que não possuo qualquer formação musical nem conhecimento algum de manuseamento seja de que instrumento musical for. Assim, as "críticas" aqui tecidas, serão feitas na óptica de um humilde adepto de música.
Discos do Baú nº1
Já há muito que me queria 'iniciar' no mundo do jazz. Desde pequeno (e não, isto não é conversa de futebolista) que este estilo musical me fascina, mas nunca me predispus a ouvi-lo 'como deve ser'. Haverá melhor forma de fazê-lo do que com um dos maiores génios da sua história que por sinal tocava um dos instrumentos que mais caracterizam o género? Foi por isso que escolhi A Love Supreme como o 1º disco desta rubrica.
A LOVE SUPREME John Coltrane (1965) Género - Jazz Editora - Impulse! Duração - 33:02 Faixas - 4
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- O soar do gongo marca o início de Acknowledgement e do álbum. Sobre um rufar nos pratos, ouvem-se as primeiras notas do saxofone de Coltrane que se silenciam de seguida para deixar o contrabaixo marcar o compasso da música. Logo lhe segue a percussão e o piano montando assim o pano de fundo para o solo de sax que constitui o 'sumo' da faixa. O som de fundo vai-se intensificando para acompanhar o solo de Coltrane até que este conduz a música novamente aos acordes definidos inicialmente pelo contrabaixo. Estabilizado o ritmo, começa o próprio Coltrane cantar o lema que deu o nome ao disco numa espécie de cântico que, ao cessar faz toda a música descer de intensidade até que apenas se ouve o contrabaixo.
- A faixa seguinte - Resolution - começa precisamente com o contrabaixo solitário e, sem qualquer aviso entram simultâneamente o piano, a bateria e, claro, o saxofone. Resolution apresenta um ritmo mais acelerado do que a anterior e é conduzida em grande parte por um solo de piano que, lá para o meio da música, devolve o protagonismo a Coltrane e ao seu saxofone.
- Pursuance é a faixa que reúne mais variedade. Talvez por isso seja também a mais longa. Inicia-se com um poderoso solo de bateria que dura cerca de um minuto e meio até ser rasgado pelo saxofone que chega acompanhado, como seria de esperar, pelo contrabaixo e piano. O saxofone mantém-se em destaque até que se inicia o solo de piano, que desemboca num novo solo de saxofone, que liga a um segundo solo de bateria que, por fim abre caminho para o solo de contrabaixo que termina a música.
- A Love Supreme fecha com Psalm, a faixa mais profunda e - porque não dizê-lo dado o seu nome - espiritual. A sonoridade da música transparece isso mesmo. A lenta cadência marcada por tímpanos que se ouvem ao fundo convida à reflexão. Segundo pude apurar Coltrane considerava esta faixa como uma narração musical na qual o seu saxofone recitava um poema que viria incluído no livrete da versão física do disco.
São estas as quatro partes que fazem de A Love Supreme um dos maiores testemunhos da era de ouro do jazz e do génio de John Coltrane. Este disco ainda é um perfeito aperitivo para quem, como eu, se está a iniciar neste mundo.
13bly