Max: I have a sadness-shield that keeps out all the sadness, and it's big enough for all of us.
Depois de tantas cambalhotas com a data da estreia, O Sítio das Coisas Selvagens deu finalmente à costa portuguesa na primeira semana de Janeiro e foi ingloriamente abafado pela Avatarmania (que tinhas estreado umas semanas antes).
A adaptação do clássico de literatura infantil de Maurice Sendak chega ao grande ecrã pelas mãos de Spike Jonze num inesperado e apelativo formato live-action.
Tem havido um certo consenso por entre as entidades de classificação de filmes pelo mundo fora ao considerar que o filme não é propriamente adequado a crianças mas, pegando nas palavras do próprio Spike Jonze, o objectivo não era fazer um filme infantil, mas sim um filme sobre infância. Depois de ver o filme, não podia concordar mais. Apesar da sua aura aparentemente divertida o filme está carregado de introspecção e até alguns momentos de melancolia que podem não cair bem a uma criança.A adaptação do clássico de literatura infantil de Maurice Sendak chega ao grande ecrã pelas mãos de Spike Jonze num inesperado e apelativo formato live-action.
Ando a antecipar O Sítio das Coisas Selvagens desde Outubro de 2008 e, depois desta longa espera e do gradual crescimento das expectativas, tenho o prazer anunciar que não me senti minimamente defraudado com o resultado final.
Como podem ver, a história é simples pois, no fundo, trata-se de um conto infantil. A sua mensagem é no entanto profunda e mais direccionada para os adultos.
Antes de terminar o post, quero apenas referir três coisas sem as quais O Sítio das Coisas Selvagens não seria o filme que é:
Antes de terminar o post, quero apenas referir três coisas sem as quais O Sítio das Coisas Selvagens não seria o filme que é:
- A estética: as Coisas Selvagens são incríveis, são irreais, mas ao mesmo tempo credíveis. Numa altura em que a manipulação digital é solução para tudo, optar por fatos grandes e peludos foi decisivo para dar a este filme um toque pessoal e único. Também os cenários e, principalmente a luz solar, contribuem para essa identidade própria que O Sítio das Coisas Selvagens possui pois, apesar de parecerem absolutamente reais paira sempre no ar uma confortável aura de fantasia infantil;
- As vozes: cada uma das Coisas Selvagens tem uma personalidade própria e, por vezes, difícil de lidar. As vozes de cada uma espelham isso mesmo e assentam nas personagens que nem luvas. De realçar a voz de James Gandolfini, não porque o seu desempenho tenha seja melhor que as restantes, mas pela estranheza que é ouvir a voz de Tony Soprano a sair de um bicho peludo daquele tamanho;
- A música: da autoria de Karen O. (mais conhecida como a vocalista dos Yeah Yeah Yeahs), a banda sonora funciona em perfeita sintonia com a acção e adapta-se como um camaleão às diferentes tonalidades do filme. Nos momentos agitados as músicas são aceleradas e estão carregadas de uivos e ritmos selvagens, nos momentos alegres a música transborda luz e boa disposição e nos momentos melancólicos, o espírito da música espelha exactamente a sensação de tristeza que se vê no ecrã. A verdade é que, antes de ver o filme já tinha ouvido a banda sonora e, não a tendo achado má, também não a achei particularmente fantástica, no entanto, inserindo-a no contexto do filme esta ganha outra dimensão e funciona em conjunto com as imagens como um só.
O Sítio das Coisas Selvagens não é o típico conto infantil com um final feliz (aliás, se forem sensíveis vão preparando um lencinho). É sim uma brilhante história introspectiva sobre o crescimento emocional das crianças com a qual todos os adultos podem também crescer um bocadinho.
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