Três músicos.
Três gerações.
Três abordagens.
Um instrumento.
O que acontecerá quando se juntarem três dos maiores guitarristas da actualidade numa sala para falarem da sua grande paixão comum?
"We'll probably get into a fist fight!" responde Jack White no tom de brincadeira que lhe é característico.
It might get loud é o mais recente documentário de Davis Guggenheim, o realizador do famoso (não só pelos melhores motivos) documentário ambientalista Uma Verdade Inconveniente. Ao convidar três dos guitarristas mais influentes da actualidade Guggenheim está a homenagear um dos instrumentos musicais mais icónicos - a guitarra.
Goste-se ou não do trabalho destes três músicos é inegável o seu talento e importância no panorama musical. Se em relação a Jimmy Page a validade da escolha parece ser consensual, tenho lido algumas opiniões que discordam da escolha de Jack White como representante da actual geração ou que acham que The Edge está desenquadrado no grupo (em grande parte devido às influências blues dos outros dois). Pessoalmente acredito que os três desempenham bem o papel que lhes cabe e que o filme se torna mais interessante e rico precisamente pelas suas diferenças.
Poderia dizer-se, por exemplo, que Jimmy Page traz a mestria técnica, The Edge a 'arquitectura sonora' de trabalhar o som com efeitos e que o contributo de Jack White reside na energia e som cru que ele extrai da guitarra. Esta separação é no entanto muito simplista. Ao longo do documentário essas fronteiras esbatem-se frequentemente, pelo que uma compartimentação deste tipo deixa de fazer sentido. Para mim, mais do que representar um papel ou uma filosofia, cada músico está lá em seu próprio nome.
Para não estender muito esta crítica apenas digo rapidamente que me surpreendeu a boa disposição e humildade de Jimmy Page, que esperava outro tipo de atitude de Jack White parecendo arrogante e pouco genuíno nos seus segmentos e ainda, que as histórias de The Edge e a curiosidade que demonstrou pelo trabalho dos outros tornaram a sua presença muito bem-vinda mesmo para um 'não-fã' como eu. Os segmentos individuais dos três protagonistas foram interessantes e continham pequenas pérolas de conhecimento sobre o seu passado e as suas origens musicas mas, em termos gerais, o que mais me fascina neste documentário é o encontro do trio.
Não é todos os dias que podemos presenciar este tipo de interacção entre músicos deste calibre, e, foi verdadeiramente curiosa a sua descontracção enquanto partilhavam experiências, o à vontade com que perguntavam uns aos outros "como fizeram 'aquilo'?" ou "como nasceu 'este' ou 'aquele' riff?", a facilidade com que pegavam na guitarra e começavam a aprender o que cada um tinha para ensinar... São estas pequenas coisas que fazem It might get loud o documentário que é.
A cena mais memorável foi para mim ver Jimmy Page, no seu extenso arquivo musical a escolher uma das músicas que mais influenciou (Link Wray - Rumble) e, ao pô-la a tocar, o seu rosto iluminar-se com um sorriso infantil de pura delícia. Nota-se que no início tenta combater a vontade de acompanhar a música com as mãos e simular a guitarra, mas cedo desiste disso e acaba por desfrutar por completo. Pura magia!
It might get loud dificilmente mudará a forma de alguém ouvir música, não é um documentário com esse alcance, não deixa no entanto de conter pormenores interessantes sobre os seus protagonistas e a sua forma de fazer música merecendo portanto uma vista de olhos, principalmente de quem for fã de pelo menos um deles.
13bly
"We'll probably get into a fist fight!" responde Jack White no tom de brincadeira que lhe é característico.
It might get loud é o mais recente documentário de Davis Guggenheim, o realizador do famoso (não só pelos melhores motivos) documentário ambientalista Uma Verdade Inconveniente. Ao convidar três dos guitarristas mais influentes da actualidade Guggenheim está a homenagear um dos instrumentos musicais mais icónicos - a guitarra.
Goste-se ou não do trabalho destes três músicos é inegável o seu talento e importância no panorama musical. Se em relação a Jimmy Page a validade da escolha parece ser consensual, tenho lido algumas opiniões que discordam da escolha de Jack White como representante da actual geração ou que acham que The Edge está desenquadrado no grupo (em grande parte devido às influências blues dos outros dois). Pessoalmente acredito que os três desempenham bem o papel que lhes cabe e que o filme se torna mais interessante e rico precisamente pelas suas diferenças.
Poderia dizer-se, por exemplo, que Jimmy Page traz a mestria técnica, The Edge a 'arquitectura sonora' de trabalhar o som com efeitos e que o contributo de Jack White reside na energia e som cru que ele extrai da guitarra. Esta separação é no entanto muito simplista. Ao longo do documentário essas fronteiras esbatem-se frequentemente, pelo que uma compartimentação deste tipo deixa de fazer sentido. Para mim, mais do que representar um papel ou uma filosofia, cada músico está lá em seu próprio nome.
Não é todos os dias que podemos presenciar este tipo de interacção entre músicos deste calibre, e, foi verdadeiramente curiosa a sua descontracção enquanto partilhavam experiências, o à vontade com que perguntavam uns aos outros "como fizeram 'aquilo'?" ou "como nasceu 'este' ou 'aquele' riff?", a facilidade com que pegavam na guitarra e começavam a aprender o que cada um tinha para ensinar... São estas pequenas coisas que fazem It might get loud o documentário que é.
A cena mais memorável foi para mim ver Jimmy Page, no seu extenso arquivo musical a escolher uma das músicas que mais influenciou (Link Wray - Rumble) e, ao pô-la a tocar, o seu rosto iluminar-se com um sorriso infantil de pura delícia. Nota-se que no início tenta combater a vontade de acompanhar a música com as mãos e simular a guitarra, mas cedo desiste disso e acaba por desfrutar por completo. Pura magia!
It might get loud dificilmente mudará a forma de alguém ouvir música, não é um documentário com esse alcance, não deixa no entanto de conter pormenores interessantes sobre os seus protagonistas e a sua forma de fazer música merecendo portanto uma vista de olhos, principalmente de quem for fã de pelo menos um deles.
13bly