Jean Dominique Bauby, editor da revista de moda francesa ELLE, sofre um AVC e como consequência fica quase totalmente paralisado. Os médicos dizem tratar-se de locked-in syndrome e afirmam ser uma condição muito rara. JeanDo (como lhe chamam os amigos) está então perfeitamente consciente, mas apenas consegue movimentar a sua pálpebra esquerda. Desta forma vê-se obrigado a comunicar com o piscar do olho e a adaptar-se a uma estranha forma de vida.
O título do filme é também o título do livro de memórias que Jean Dominique acabou por escrever na vida real ditando o seu conteúdo letra a letra a uma assistente. Para isso utilizou o método aconselhado pela sua terapeuta no qual alguém recita o alfabeto (devidamente ordenado por ordem de frequência de utilização das letras) ficando à responsabilidade de JeanDo piscar o olho quando se chegar à letra que pretende. Tanto o escafandro como a borboleta são metáforas e representam, respectivamente, a 'prisão' na qual JeanDo se sente encarcerado e a liberdade que, ao mesmo tempo, a sua imaginação lhe confere.
Com a ajuda das suas terapeutas, alguns amigos e da mãe dos seus filhos, JeanDo vai conseguindo pequenas conquistas e com elas, aos poucos, vai abandonando o seu compreensível sentimento de revolta e vontade de morrer. Curiosamente, talvez à semelhança do que o próprio personagem sentia, achei que a fase inicial do filme era mais 'pesada', indo-se aliviando aos poucos sem no entanto se chegar a tornar 'leve'.
Mesmo que a inspiradora e - tirando algumas pequenas imprecisões - verídica história de Jean Dominique Bauby pudesse pura e simplesmente ser ignorada, Le Scaphandre et le Papillon ainda seria um grande filme, mais não fosse pela sublime abordagem que Julian Schnabel (o realizador) adoptou.
Grande parte do filme é visto da perspectiva do próprio Jean Dominique, um 'truque' engenhoso apesar de todos os 'inconvenientes' que isso possa trazer para o espectador. A visão está frequentemente obstruída ou desfocada (principalmente ao acordar). Por vezes ele está posicionado contra a luz (dando origem a efeitos visualmente espantosos) e noutras situações o seu campo de visão não alcança o que ele pretendia, deixando assim parte da acção 'fora de cena'.
Com a ajuda das suas terapeutas, alguns amigos e da mãe dos seus filhos, JeanDo vai conseguindo pequenas conquistas e com elas, aos poucos, vai abandonando o seu compreensível sentimento de revolta e vontade de morrer. Curiosamente, talvez à semelhança do que o próprio personagem sentia, achei que a fase inicial do filme era mais 'pesada', indo-se aliviando aos poucos sem no entanto se chegar a tornar 'leve'.
Mesmo que a inspiradora e - tirando algumas pequenas imprecisões - verídica história de Jean Dominique Bauby pudesse pura e simplesmente ser ignorada, Le Scaphandre et le Papillon ainda seria um grande filme, mais não fosse pela sublime abordagem que Julian Schnabel (o realizador) adoptou.
Grande parte do filme é visto da perspectiva do próprio Jean Dominique, um 'truque' engenhoso apesar de todos os 'inconvenientes' que isso possa trazer para o espectador. A visão está frequentemente obstruída ou desfocada (principalmente ao acordar). Por vezes ele está posicionado contra a luz (dando origem a efeitos visualmente espantosos) e noutras situações o seu campo de visão não alcança o que ele pretendia, deixando assim parte da acção 'fora de cena'.
Le Scaphandre et le Papillon tem ainda o condão de tratar um tema algo delicado sem se tornar excessivamente deprimente, muito graças às constantes tiradas humorísticas de JeanDo. É um filme fascinante graças à forma original de como a história é contada, permite ao espectador sentir parte da impotência do personagem principal. É para mim, até agora, o melhor filme desta colecção. Carimbo-o de obrigatório.
Em breve - Mon Oncle e Valmont
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