A imponente sala Suggia da Casa da Música do Porto encheu-se ontem para receber os Yo La Tengo. Sem quaisquer cenários ou luzes extravagantes, os protagonistas da noite são sinónimo de modéstia tanto em palco como fora dele. Essa discrição que lhes é característica é, aliás, coerente com a sua já longa e firme carreira que, apesar da aclamação crítica, nunca chegou ao "grande público".
Durante cerca de duas horas de concerto, o trio de Nova Jérsia foi rei e senhor daquele "pequeno rock club" - nome que eles próprios jocosamente atribuíram à Casa da Música. Foram duas horas passadas a correr e que souberam a muito pouco. Queixar-me-ia disto certamente, não fosse esse precisamente um dos primeiro indicadores para detectar um excelente concerto.
A actuação centrou-se, como é compreensível, em Popular Songs - álbum editado em 2009 e um dos meus preferidos desse ano - mas houve tempo de sobra para revisitar trabalhos anteriores.
Durante cerca de duas horas de concerto, o trio de Nova Jérsia foi rei e senhor daquele "pequeno rock club" - nome que eles próprios jocosamente atribuíram à Casa da Música. Foram duas horas passadas a correr e que souberam a muito pouco. Queixar-me-ia disto certamente, não fosse esse precisamente um dos primeiro indicadores para detectar um excelente concerto.
A actuação centrou-se, como é compreensível, em Popular Songs - álbum editado em 2009 e um dos meus preferidos desse ano - mas houve tempo de sobra para revisitar trabalhos anteriores.
A caminho do concerto, um amigo descreveu os Yo La Tengo como uma mistura de Belle & Sebastian e Sonic Youth. Nunca tinha pensado nisso nesses termos mas, apesar de comparações deste tipo serem sempre algo redutoras, vejo-me obrigado a concordar. A música dos Yo La Tengo é algo inconstante (não digo isto na como algo mau) e tanto consegue soar à doce pop dos Belle & Sebastian como ao caos ruidoso dos Sonic Youth. O concerto espelhou essas duas facetas aparentemente incompatíveis.
Esta comparação é uma forma simplificada de explicar a música dos Yo La Tengo. Sinto, no entanto que eles conseguiram conquistar o seu nicho e definir um estilo próprio afastando-se portanto da maior parte das bandas e evitando que comparações desta natureza os prejudiquem de alguma forma.
As honras de microfone iam alternando entre os três membros da banda. As músicas cantadas por Ira eram em geral as que cheiravam mais a rock. Exemplos disso são a "zeppelinesca" Here to Fall ou Little Honda. Já as faixas introspectivas como When It's Dark ficavam quase sempre a cargo de Georgia, sua esposa, que aparentava algum desconforto quando os holofotes incidiam sobre ela. Os dois cantaram ainda o bem disposto dueto If It's True.
Ainda nas partes vocais, James McNew, para além de fazer coros em diversas músicas, teve os seus momentos de protagonismo interpretando a bela I'm On My Way, a algo angustiante Stockholm Syndrome ou a divertida Mr. Tough.
Também os instrumentos trocaram largas vezes de mãos e as posições no palco poucas vezes se mantinham de música para música. A imprevisibilidade foi, aliás, uma constante ao longo do espectáculo já que dificilmente se podia antever o que iria acontecer de seguida. Uma explosão sónica de caos (des)controlado? Uma alegre canção pop?
Aconteceu de tudo naquele palco e o concerto acabou escandalosamente rápido (mas surpreendentemente já tinha passado mais de hora e meia). Felizmente ainda havia dois encores na manga para completar as duas horas de concerto.
Dificilmente uma banda com a carreira dos Yo La Tengo (12 álbuns editados) conseguiria tocar todas as músicas que queremos ouvir, no entanto a ausência da You Can Have it All e da I Heard You Looking são, para mim, duas falhas a apontar.
Pode soar a cliché total classificar o concerto como "um dos melhores que já vi" mas a verdade é que, mesmo não tendo sido o concerto de uma vida, foi efectivamente muito bom.
13bly
P.S. - Se entretanto surgirem fotos de jeito eu actualizo o post.