Saturday, April 24, 2010

Ruídos sónicos - Sonic Youth @ Coliseu do Porto

Os Sonic Youth são um dos maiores ícones da pop-culture, considerados como uma verdadeira instituição do rock. Na verdade, já não se fazem bandas assim, com este alcance e influência, e poucos são as que chegam aos (quase) 30 anos de carreira com este vigor e frescura. Ontem à noite, Kim Gordon, Lee Ranaldo, Thurston Moore, Steve Shelley e o ex-Pavement Mark Ibold chegaram, fizeram o que sabem fazer melhor, conquistaram o público e deixaram para trás um Coliseu lotado em êxtase.
Este concerto tinha o objectivo de promover o último álbum editado da banda. Assim, o espectáculo consistiu essencialmente na quase totalidade de The Eternal (só não tocaram a Thunderclap for Bobby Pyn) que, diga-se de passagem, foi muito bem transportado para o palco. A única faixa "extra-Eternal" do corpo principal do concerto foi (I Got A) Catholic Block, do quarto disco da banda - Sister (1987) .

O que é que isto significa em termos de concerto? The Eternal tem uma sonoridade mais directa e menos extravagante. O espectáculo foi portanto também um pouco mais contido sem sobrar tanto espaço para os improvisos ruidosos e tresloucados a que os Sonic Youth nos habituaram. Para ser sincero, essa ausência acabou por não se sentir, muito graças ao empenho e a energia com que todas as faixas foram interpretadas pelos cinco magníficos da noite. Desde as explosivas Sacred Trickster e Anti-Orgasm, passando pelas mais atmosféricas Antenna e Malibu Gas Station até culminar em crescendo com Massage the History (que tão bem encerrou a primeira parte do espectáculo), tudo transbordou energia e emoção.
SETLIST

No Way
Sacred Trickster
Calming the Snake
Anti-Orgasm
(I Got A) Catholic Block
Malibu Gas Station
What We Know
Antenna
Leaky Lifeboat
Stereo Sanctity
Walking Blue
Poison Arrow
Massage History
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The Sprawl
'Cross the Breeza
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Candle
Death Valley 69
A história dos dois encores foi já bem diferente. The Sprawl, 'Cross the Breeze e Candle fizeram as delícias aos fãs que aguardavam um cheirinho do aclamado Daydream Nation (1988) e conduziram o concerto ao (genial) encerramento definitivo do concerto com Death Valley 69, tirada de Bad Moon Rising (1985). Penso que falo pela grande maioria dos presentes quando digo que, apesar das duas horas de concerto, este soube a muito pouco.

Não há palavras que descrevam com precisão o que acontece ou o que se sente perante uma actuação deste calibre nem tão depressa conseguirei apagar da minha memória a imagem épica de Lee Ranaldo e Thurston Moore a cruzar as guitarras no ar como num duelo de titâs. Apenas me resta louvar novamente a impressionante boa forma física de todos membros da banda e afirmar convictamente que este foi e será um dos concertos do ano.

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