Tuesday, February 8, 2011

Atrasadinhos mas sempre a tempo (1/3)


Esta pequena série de posts é sobre aqueles discos que merecendo um lugar de destaque não incluí neste mosaico. São álbuns que saíram mesmo na recta final do ano ou que, por nenhum motivo em especial, ainda não tinha ouvido. Venho agora redimir-me dessas 'falhas'.

Questões de Moral


Primeiro dia


Tó-Zé


Conselhos de Avô


Agosto
Quando fiz o outro post já tinha ouvido este álbum algumas vezes mas ainda não o tinha digerido como deve ser. Foi um amor à primeira audição é verdade, mas tive medo que fosse sol de pouca dura e achei sensato não o incluir no 'mosaico'. Agora arrependo-me disso - É P'ra Meninos é 'só' mais uma obra brilhante da não-muito-longa-mas-muito-frutuosa carreira de B Fachada.

É P'ra Meninos não é realmente 'p'ra meninos', bem pelo contrário - na minha opinião este é provavelmente o trabalho mais maduro de B Fachada. É um disco doce carregado de sentimentos de nostalgia para com as infâncias inocentes do passado. Infâncias que hoje já não existem da mesma forma e que talvez façam confusão a muitos dos meninos de agora.

Este álbum é um retrato quase completo do que define uma criança e a sua infância - desde os pequenos caprichos (Dia de Natal) ou os pensamentos rebeldes e o mimo dos avós (Tó-Zé e Conselhos de Avô) até à constante interrogação perante os mistérios da vida e a aprendizagem gradual das regras do mundo (Barrigão e Lições de Moral) sem esquecer as coisas mais 'terrenas' como as férias de Verão e o regresso às aulas (Agosto e O Primeiro Dia), os amigos e as belas tardes de ócio (A Casa do Manel), os primeiros amores num tempo em que não havia internet (Mochila do Carteiro) e aquela pressão inconsciente do "O que é queres ser quando fores grande?" (O Futuro). Até letras que à primeira vista parecem directas e subversivas para as crianças ("Tó-Zé, deixa-te dormir" ou "larga a sopa, João") revelam mensagens mais profundas e verdadeiras lições de vida quando analisadas com alguma calma ("um dia vai chegar a tua vez de produzir", "é uma vida a triturar").

A esta altura do campeonato já devia ter aprendido a não ficar tão surpreso com a música do B Fachada mas a verdade é que ele consegue deixar-me de boca aberta a cada trabalho novo. Não há como não admirar a sua energia criativa (mantém a promessa dos dois discos por ano) e capacidade de, produzindo tantos trabalhos novos, manter-se sempre fresco e não repetitivo. Que continue assim!

13bly