A Bodyspace, não sei se por querer ou por acaso, está aos poucos a tornar-se a Blogothéque portuguesa (mas atenção pretendo com esta afirmação desvalorizar de forma alguma o seu trabalho). Depois de alguns interessantes capítulos de Videoteca (com semelhanças aos Concerts-à-emporter) lançam-se agora nos concertos intimistas (à semelhança dos Soirées de Poche) baptizando-os de Bodyspace au Lait (visto terem lugar no acolhedor Café Au Lait). O primeiro convidado não podia ter sido uma escolha mais acertada: JP Simões.
Sou um fã 'devoto' deste senhor e de praticamente tudo o que ele faz (desde os brilhantes Belle Chase Hotel, passando pelo Quinteto Tati até, mais recentemente, à sua carreira a solo) mas por incrível que pareça ainda não o tinha visto ao vivo. Depois de falhar o concerto de Natal n'A Vida Portuguesa, esta oportunidade não podia mesmo escapar-me. Ainda por cima de borla!
A sala era pequena (havia apenas cerca de 15 cadeiras) e com o aproximar da hora marcada o público, vencendo a dominguite aguda, foi-se infiltrando que nem areia em todos os espacinhos que encontrava. E assim se lotou o Café au Lait num Domingo (superando, digo eu, as expectativas da bodyspace e do próprio JP Simões). A afluência foi tal que, sem se dar conta, o público tinha encurralado o protagonista da noite que se viu sem fuga possível quando deu por terminado o concerto. O público exigia mais e, dois encores depois, JP teve de educadamente desculpar-se com um compromisso prévio ('que pode dar em sexo' - acrescentou). Só recorrendo este argumento irrefutável é que JP enfim abandonar o espaço mas não sem antes agradecer mais uma vez (de um forma sincera) a presença do público (e simpaticamente autografar a minha cópia de Boato - o seu brilhante disco de 2009 gravado ao vivo).
O concerto em si foi, não esperaria outra coisa, extremamente agradável. Sozinho e sem medo JP Simões enfrentou bem de perto o público num concerto intimista. A sua voz suave, que parece ter propriedades místicas, encanta qualquer um. Até quando fala (e JP tem eloquência no seu discurso) tudo soa a cantiga - são certamente influências do Brasil que parece estar entranhado nele. O tempo voou entre reinterpretações de bossas novas clássicas e músicas originais tanto 'velhas conhecidas' como inéditas (e digo já que o novo álbum promete) com rasgos de bom humor e ironia que tão bem caracterizam JP Simões - esta última esteve particularmente afiada em momentos de 'amena cavaqueira' (quem lá esteve sabe do que falo).
A boa disposição foi uma constante, não só naqueles pequenos monólogos entre músicas como também no seu decorrer. Momentos como uma música 'dedicada' a Coimbra e à sua vida académica entrelaçada com a belíssima Música Impopular ou a parte ladradada e rosnada (sim, ladrada e rosnada) de Trovador Entrevado (uma musica com o seu quê de anti-pré-autobiográfica - acabei de inventar esta expressão) ou até o excerto inesperado de Miserlou (popularizada em Pulp Fiction) lá a meio de uma música que não me recordo do nome provocaram a gargalhada geral.
Foi sem dúvida um serão memorável este proporcionado pela Bodyspace na agradável companhia de JP Simões. Foi ainda o aperitivo perfeito para o concerto dos Belle Chase Hotel em Vila do Conde no próximo dia 12 de Fevereiro. Muito obrigado JP Simões e muito obrigado Bodyspace! Esperam-se mais Bodyspaces au Lait em breve.
13bly
Sou um fã 'devoto' deste senhor e de praticamente tudo o que ele faz (desde os brilhantes Belle Chase Hotel, passando pelo Quinteto Tati até, mais recentemente, à sua carreira a solo) mas por incrível que pareça ainda não o tinha visto ao vivo. Depois de falhar o concerto de Natal n'A Vida Portuguesa, esta oportunidade não podia mesmo escapar-me. Ainda por cima de borla!
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O concerto em si foi, não esperaria outra coisa, extremamente agradável. Sozinho e sem medo JP Simões enfrentou bem de perto o público num concerto intimista. A sua voz suave, que parece ter propriedades místicas, encanta qualquer um. Até quando fala (e JP tem eloquência no seu discurso) tudo soa a cantiga - são certamente influências do Brasil que parece estar entranhado nele. O tempo voou entre reinterpretações de bossas novas clássicas e músicas originais tanto 'velhas conhecidas' como inéditas (e digo já que o novo álbum promete) com rasgos de bom humor e ironia que tão bem caracterizam JP Simões - esta última esteve particularmente afiada em momentos de 'amena cavaqueira' (quem lá esteve sabe do que falo).
A boa disposição foi uma constante, não só naqueles pequenos monólogos entre músicas como também no seu decorrer. Momentos como uma música 'dedicada' a Coimbra e à sua vida académica entrelaçada com a belíssima Música Impopular ou a parte ladradada e rosnada (sim, ladrada e rosnada) de Trovador Entrevado (uma musica com o seu quê de anti-pré-autobiográfica - acabei de inventar esta expressão) ou até o excerto inesperado de Miserlou (popularizada em Pulp Fiction) lá a meio de uma música que não me recordo do nome provocaram a gargalhada geral.
Foi sem dúvida um serão memorável este proporcionado pela Bodyspace na agradável companhia de JP Simões. Foi ainda o aperitivo perfeito para o concerto dos Belle Chase Hotel em Vila do Conde no próximo dia 12 de Fevereiro. Muito obrigado JP Simões e muito obrigado Bodyspace! Esperam-se mais Bodyspaces au Lait em breve.
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