Tuesday, November 22, 2011

À Boleia pela Galáxia - Optimus Clubbing @ Casa da Música (19-11-2011)

O Clubbing é - já há muito tempo - um evento cultural de referência no nosso país. As características únicas da Casa da Música aliadas a uma escolha criteriosa dos artistas fazem de cada Clubbing uma experiência que vale a pena viver. Apesar de todos os pontos a favor, a passada edição de Novembro terá sido uma das menos bem sucedidas a que já fui.

Olhando (ainda que de relance) para o cartaz deste Clubbing o nome que salta à vista é o de Lee Ranaldo - um dos exímios guitarristas dos icónicos Sonic Youth (que podem ou não ter os dias contados). Se a esse mesmo cartaz deitarmos um olhar mais atento reparamos noutros pontos de interesse e ainda num certo padrão que penso tratar-se apenas de uma curiosa coincidência - todos os principais nomes eram de actuações a solo de membros de grupos que viveram o seu período de maior sucesso por volta dos anos 90 - Laetitia Sadier (dos Stereolab), Lee Ranaldo (dos Sonic Youth) e Dean Wareham (dos Galaxie 500).

Sempre que me desloquei à Casa da Música fi-lo com o intuito de ver algo específico (como foi o caso de Ratatat e Ariel Pink) mas desta vez, visto apenas sentir uma curiosidade moderada pelos nomes do cartaz isso não se sucedeu. Livre de horários e obrigações, pude então vaguear livremente pelos vários espaços da Casa da Música e desfrutar mais da oferta musical do evento.

Tendo chegado demasiado tarde para a habitual sessão do Álvaro Costa a minha noite iniciou-se no mesmo espaço (CyberMúsica) mas com a bizarra Mary Ocher num estilo que não é de todo a minha praia. Dediquei-lhe pouco do meu tempo e daí segui para a Sala Suggia onde Laetitia Sadier iniciava uma actuação pouco inspirada. Passados dois ou três temas monotónicos decidi abandonar o concerto antes que o sono se tornasse incomportável e rumei à Sala 2 e descobri as baladas electrónicas de No Kids + Gigi - foram uns minutos agradáveis sem no entanto serem transcendentes.

Eram horas de regressar à Sala Suggia onde, pensava eu, iria assistir ao experimentalismo eléctrico de Lee Ranaldo. Estava enganado pois foi com uma panóplia de guitarras acústicas que Ranaldo interpretou alguns temas do seu novo disco a solo. Nuns momentos melhor do que noutros e pese embora estivesse a ser o melhor concerto da noite até aí, não me senti conquistado e ao fim de meia dúzia de temas decidi ir dar uma volta e espreitar o tão aclamado Mount Eerie. Foi uma má decisão e logo me arrependi de ter trocado o veterano dos Sonic Youth por um concerto que achei (mais) aborrecido.

Abandonanei a Sala 2 com o pensamento em Dean Wareham - a minha derradeira esperança de redenção para esta noite. Uma vez que ainda era cedo de caminho para a Sala Suggia fiz uma paragem estratégica na CyberMúsica para assistir a mais um espectáculo sem grande chama. Desta vez tratava-se de Alexander e de um electro-pop mastigado. Foi uma paragem curta.

Em 1987 Dean Wareham, Damon Krukowski e Naomi Yang formaram os Galaxie 500 - uma banda que teve uma carreira curta mas que deixou a sua marca no mundo da música, em particular no mundo do shoegaze e do dream-pop. Quase 25 anos depois Dean Wareham decidiu recuperar os temas dos Galaxie 500 e, embora sem a formação original, conseguiu animar uma noite que tinha sido até aí desapontante.

Foram poucas as pessoas que permaneceram na Sala Suggia para o último concerto da noite. Poucas mas boas - como se costuma dizer - uma vez que era notório que os resistentes eram, na sua maioria, fãs dedicados dos Galaxie 500. Este Clubbing proporcionou-lhes a oportunidade de assistir a uma banda que os terá marcado no passado e, mergulhados nalguma nostalgia, todos pareciam deliciados com o espectáculo de Dean Wareham e cia. A música atmosférica dos Galaxie 500 encheu a sala meio-despida e resultou num concerto incrivelmente envolvente e de grande qualidade que, admito, pode ter beneficiado do facto de os concertos anteriores terem sido menos bons.

Se há coisa que não se pode dizer do alinhamento deste Clubbing é que não foi ambicioso. O cartaz era de luxo em termos da dimensão dos nomes presentes mas algo não jogou a favor do evento portuense. que se assistiu na Casa da Música foi a uma noite aborrecida de concertos. Como não há regra sem excepção, Dean Wareham assume esse papel e acaba por salvar uma noite que já quase se julgava 'perdida'.

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