Norberto Lobo é uma mente em ebulição. Nem a sua melódica carreira a solo nem a sua faceta mais turbulenta (com os Tigrala) ou a mais experimental tanto com os Norman como com os München lhe chegam para escoar a sua criatividade. Para aquelas coisas que não conseguiu encaixar em nenhum dos seus projectos, o talentoso guitarrista português convocou João Lobo, baterista radicado em Bruxelas, amigo de infância de Norberto e seu companheiro de banda nos München e nos Norman. O álbum que irá reunir essas experimentações chamar-se-á Mogul de Jade e só deverá sair lá para o final do ano. Entretanto, a dupla já mostrou o trabalho de casa em dois concertos especiais - um no Teatro Maria Matos e outro no Centro Cultural Vila Flor.
Os Lobos andaram realmente à solta em Guimarães. Libertos de qualquer convenção musical Norberto e João 'uivaram' em sintonia no pequeno palco do Café Concerto do Vila Flor. Foram muitas as trocas de sorrisos cúmplices entre os dois e notava-se que estavam realmente a gostar daquilo que faziam. Ainda assim, pareceu-me a mim que o concerto se perdeu demasiado nos experimentalismos abstractos. Houve bons momentos com aproximações ao jazz e também salpicos de rock com uma ou outra pitada de um condimento oriental aqui e ali. As melodias incríveis de Norberto também deram um arzinho da sua graça mas foi tudo demasiado rápido. No geral senti que faltou uma linha condutora ao espectáculo, algo que unisse os pontos soltos e lhe desse coesão. Teria preferido um espectáculo com uma abordagem mais directa como a que se ouve acima no tema Bragança - tema que foi para mim um dos melhores da noite de Sábado (com o toque feminino das 'inocentes' Cristina Alfaiate e de Mariana Ricardo que se juntaram aos 'vorazes' Lobos no palco).
Não conhecesse eu minimamente o percurso de Norberto Lobo e talvez catalogasse este concerto/projecto de pretensioso - alguns o terão feito certamente quando abandonaram o espectáculo a meio. Não faço esse julgamento em parte pelo enorme respeito que sinto pelo músico e também porque não me parece de todo que Norberto tenha atitudes snobs desse género - parece-me, isso sim, que Norberto é 'simplesmente' um músico prolífero que tem mais ideias do que as que consegue por em prática, com todas as coisas boas e más que daí possam advir.
Não conhecesse eu minimamente o percurso de Norberto Lobo e talvez catalogasse este concerto/projecto de pretensioso - alguns o terão feito certamente quando abandonaram o espectáculo a meio. Não faço esse julgamento em parte pelo enorme respeito que sinto pelo músico e também porque não me parece de todo que Norberto tenha atitudes snobs desse género - parece-me, isso sim, que Norberto é 'simplesmente' um músico prolífero que tem mais ideias do que as que consegue por em prática, com todas as coisas boas e más que daí possam advir.
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