Com o seu quarto álbum, os Wraygunn atingem a idade adulta e surpreendem por isso mesmo. L'Art Brut é definitivamente um passo em frente na sua música.
A fusão de estilos que sempre caracterizou a banda de Paulo Furtado não desapareceu – os rasgos de blues e rock’n’roll estão presentes e o charme do doo-wop e o poder da soul também lá estão. Sente-se é que a energia é mais contida e cerebrada do que o habitual. Em boa verdade, L’Art Brut tem alguns momentos de rebuliço, mas mesmo estes não se comparam, por exemplo, à ‘selvajaria’ de Love Letters from a Muthafucka – falo de Strolling Around My Hometown ou de Kerosene Honey (música apresentada em primeira mão naqueles históricos concertos de Legendary Tigerman que, há mais de um ano, esgotaram os Coliseus).
Não há como nega-lo. Há aqui um deliberado levantar do pé no acelerador e isso é assumido, logo à partida, com o tema de apresentação do álbum. Se antes os singles eram temas explosivos como Drunk or Stoned ou She’s a Go-Go Dancer, agora, quem dá a cara pelo disco é o swing em câmara lenta de Don’t You Wanna Dance. Na vida, como na música, crescer é assim mesmo.
Neste disco, a agitação das hormonas adolescentes deu lugar à estabilidade da idade adulta e as coisas podem ser saboreadas com outro requinte. A palavra que procuro é “maturidade” e foi essa a grande prova que os Wraygunn deram com este L’Art Brut.