Saturday, July 21, 2012

XXXVII Fotograma - The Artist



No cinema, tal como nas outras artes (moda, música etc.), a tendência é o revivalismo. Tanto assim é que, no ano passado, quase todos os Oscars 'principais' foram entregues a um filme mudo 'a la' anos 20. Agora que espetei a 'facada' inicial vou deitar um bocadinho de água na fervura: The Artist é bom, muito bom mesmo. Michel Hazanavicius (o realizador) conseguiu a admirável proeza de fazer uma intensa declaração de amor ao cinema e, em simultâneo, uma dura crítica ao mesmo (embora essa crítica seja mais direccionada à indústria do que à arte em si). De realçar que The Artist consegue tudo isso sem recorrer condescendências imaturas ou sem deixar de ser divertido. E depois, claro, há o adorável cãozinho que torna todo o filme (ainda mais) irresistível.

Uma boa parte das coisas que nascem de um sentimento exacerbado de nostalgia parece derivar de uma terrível falta de originalidade, mas The Artist não sofre desse mal. Porquê? Porque para a história que este filme se propõe a contar, toda a estética de 'filme-mudo-a-preto-e-branco' é essencial e não uma gimmick. O início do fim do cinema mudo, a revolução que o som representou e o impacto que isso causou na indústria cinematográfica só poderia mesmo ser contada desta forma.

É curioso que, aproximadamente 90 anos depois dos acontecimentos narrados em The Artist, a indústria se encontre num impasse similar relativamente às novas tecnologias. Afinal, tal como aconteceu com a introdução do som nos anos 20, também a técnica desenvolvida por James Cameron para Avatar 'ameaça' transformar para sempre o cinema tal como o conhecemos.

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