Friday, October 26, 2007

Resumo da Semana

Esta semana que está prestes a chegar ao fim foi dedicada em grande parte aos estudos (nomeadamente Gestão de Projectos) e o restante tempo aproveitei-o para fugir de Hollywood e explorar um pouco mais do cinema que se faz um pouco pelo resto do mundo.
Como não há regra sem excepção um dos filmes que vi esta semana (o primeiro) era americano.


A Scanner Darkly: filme que vi no Domingo à noite de Richard Linklater adaptado do livro de Philip K. Dick e é uma espécie de thriller psicológico policial de ficção científica.
O filme conta com a participação de vários nomes conhecidos como Keanu Reeves, Winona Ryder e Robert Downey Jr. mas, acima de tudo este filme conta com um visual verdadeiramente único.
Foi aplicada à gravação deste filme uma espécie de filtro cell-shade o que lhe deu este ar de animação ou cartoon.
Infelizmente o visual é o que, na minha opinião, mais se destaca no filme que acaba por ser um bocado banal...


Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain: este foi o filme que vi na Segunda-Feira à noite. Era, desde que saiu, um filme que tinha vontade de ver e procedi a colmatar essa lacuna.
"Amélie" é um filme mágico repleto de personagens fascinantes e acima de tudo carregado com sensações de alegria e felicidade. Um papel fantástico de Audrey Tautou e uma abordagem diferente em termos de realização e narração (que funcionou muito bem) do realizador Jean-Pierre Jeunet.
O filme ficou um pouco aquém das minhas expectativas, o que é algo que acontece quando elas estão altas. Ainda assim um excelente filme e demonstra o grande nível do cinema europeu.


Die Fetten Jahre sind vorbei ou The Edukators: filme alemão com Daniel Brül, o mesmo protagonista de Goodbye Lenin! (filme que também gostei).
O meu serão de Terça-Feira foi passado na companhia destes edukadores e das suas ideias revolucionárias.
O filme conta a história de três jovens amigos que vivem com os seus ideais à flor da pele numa sociedade que contestam.
Achei o filme cativante e empolgante do início ao fim e acabei por gostar ainda mais do que o Goodbye Lenin!. O cinema europeu em grande!


Boksuneun naui geot ou Sympathy for Mr. Vengeance: o primeiro filme da trilogia acerca de vingança do realizador coreano Chan-wook Park (da qual o conhecido filme Oldboy é a segunda parte) foi o filme escolhido para a noite de Quarta-Feira.
É tipicamente um filme asiático com uma história que nos surpreende constantemente. "Mr. Vengeance" conta a história de um jovem surdo-mudo que tem que ajudar a sua irmã a arranjar um transplante renal, mas tudo lhe corre mal e a partir de certo ponto inicia uma busca por vingança (enquanto ao mesmo tempo também é procurado para vingar outrém). Uma visão impressionante do realizador Chan-wook Park.


Saibogujiman kewnchana ou I'm a Cyborg but that's OK: antes de terminar a trilogia de vingança de Chan-wook Park decidi explorar uma outra faceta deste realizador. Então, na noite de Quinta-Feira vi esta que é uma comédia romântica bastante invulgar e verdadeiramente única. De todos os filmes desta semana este foi o que mais me surpreendeu e me deixou verdadeiramente deslumbrado.
"Poucas são as comédias românticas que começam com uma tentativa de suicídio e terminam com os dois protagonistas alegremente a detonar uma ogiva."
foi uma frase que li algures na internet e praticamente me obrigou a ver esta obra prima de Chan-wook Park. Este filme demonstra a versatilidade do realizador a quem apenas conhecia os seus filmes mais violentos.
Fiquei com vontade de escrever mais acerca deste filme... talvez em breve!


Para a noite de Sexta-Feira tinha ficado reservado Chinjeolhan geumjassi ou Sympathy for Lady Vengeance mas visto que as noites de Sexta e Sábado são dedicadas a socializar com os amigos no café e é preciso estudar nos dias que se seguem a última parte da trilogia de vingança de Chan-wook Park terá que ficar para a semana seguinte.



A Scanner Darkly: ***

Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain: *****
(A última estrela é mais pequena unicamente pela pequena desilusão que apanhei com o filme e pela sensação de ter ficado algo a faltar-lhe. É, ainda assim, um excelente filme.)

The Edukators: *****


Sympathy for Mr. Vengeance: ****


I'm a Cyborg but that's OK: *****




13bly

Saturday, October 20, 2007

Robert Rodriguez's "Planet Terror"

Estreou finalmente por terras lusas a segunda parte do projecto duplo Grindhouse dos realizadores Quentin Tarantino e Robert Rodriguez.

Completamente siderado com a primeira parte fui ver a segunda mal me surgiu a oportunidade. Ao contrário do que podem pensar ia com as expectativas um pouco em baixo porque o Robert Rodriguez e a temática deste segundo filme não me inspiravam tanta confiança como o Death Proof e o Tarantino, mas acabei por gostar mais do que estava à espera.

Não me interpretem mal, gostei bem mais do Death Proof, mas o Planet Terror também tem muitos pontos positivos e momentos brilhantes.

Antes de mais, o Planet Terror é um filme de zombies ponto final. Não vale a pena nega-lo e quem quer que diga o contrário está a mentir. A diferença é que é um filme de zombies que pretende satirizar e ao mesmo tempo homenagear os filmes de zombies reunindo nele praticamente todos os clichés que consigam imaginar (o que é uma imagem de marca de qualquer um dos dois filmes do Grindhouse).

Desde um herói com um passado misterioso, mas aparentemente temido por todos a uma heroína que é stripper (stripper não, dançarina ao vivo, é diferente) e anda constantemente com pouca roupa, a objectos que sofrem explosões espontâneas passando por conspirações militares etc.

Mas no meio disso tudo Rodriguez ainda consegue ser original neste filme que já tinha começado a escrever à muitos anos. Digam-me lá outro filme em que a protagonista perde a perna e lhe encaixam lá uma metralhadora!
Rídiculo?! Sim, admito...
Genial?! SIM!!

Um filme onde há uma gaja que tem uma metralhadora na perna NUNCA há-de ser mau!

Acerca da história, não há muito a dizer:
Gás químico (ou lá o que era) -> população infestada -> zombies -> zombies -> gajas -> tiros e explosões -> zombies -> gajas -> gajas -> cena de sexo -> zombies -> zombies.

Tudo isto com algumas cenas de humor pelo meio.

Deve dizer-se que o Rodriguez abusou muito mais do sex-appeal neste filme do que o Tarantino no seu. Apesar de o filme do Tarantino ter um maior número de mulheres a passear-se pelo ecrã, apenas houve uma cena um pouco mais provocante (tirando um ou outro plano "acidental") em Planet Terror, Rodriguez fazia constantemente uso de grandes planos e close-ups das curvas das meninas.
Para além disso a imagem de Planet Terror é muito mais suja e a fita está muito mais "estragada" do que a do Death Proof, sendo que inclusivamente ela salta fora e abranda e chega inclusivamente a parar (curiosamente num close-up da protagonista Rose McGowan numa cena de sexo... coincidencias). Esta versão de Planet Terror também tem uma cena de missing reel (completa com um pedido de desculpas do cinema) a fazer a suave transição entre uma cena de sexo e um tiroteio entre sobreviventes e zombies onde já está tudo a arder e a explodir.

O início do filme oferece também um pequeno brinde um faux-trailer de um futuro filme "a estrear nas salas de cinema", Machete, o trailer estava espetacular e conseguiu reunir todos os esteriotipos e clichés dos filmes desse género.
Lá por ser cliché não implica que seja fácil, tem o seu valor fazer um trailer assim e, devo confessar, se o filme fosse realmente a estrear, eu era bem capaz de o ir ver.

Resumindo e concluindo. Planet Terror foi um filme que me surpreendeu pela positiva e que vale a pena ir ver (desde que não se vá a contar com outra coisa), mas não atinge o génio do Death Proof. No global o projecto Grindhouse é o produto de dois grandes génios contemporaneos do cinema e que vale muito a pena ver e inclusivamente rever mais do que uma vez.


13bly