Juno é, para mim, a prova viva de que a cena "alternativa" e "indie" (o que quer que isso signifique nos dias de hoje) é actualmente mais "mainstream" do que outra coisa qualquer. Cada vez menos faz sentido, na minha opinião, essa categorização na maior parte dos projectos que dizem sê-lo.
Colocando essa questão de parte, Juno é um bom filme, é divertido, interessante, actual e tudo isso. Não acho que seja, no entanto, o filme que a crítica faz crer que seja.
Primeiro discordo um pouco da excessiva categorização do filme como "comédia". Sim, o filme tem algumas cenas engraçadas e os diálogos têm piada, mas na minha opinião o drama tem uma importância maior nesta história (mas se calhar "comédia" vende melhor).
Juno conta a história de Juno, uma adolescente "diferente" (que é um pouco o estereótipo do que actualmente se define como "indie") que, ao engravidar toma a decisão de dar o bebé para adopção ao invés de recorrer ao esperado aborto.
Claro que nem tudo corre como o previsto e alguns acontecimentos parecem abalar o acordo que foi inicialmente feito com o casal adoptivo. Pelo meio e a juntar aos problemas da gravidez surgem também alguns problemas típicos da adolescência.
A jovem Ellen Page esteve muito bem no papel da personagem única que é Juno. A sua prestação valeu-lhe a nomeação para o Oscar de melhor actriz principal e a essa nomeação juntaram-se as de Melhor Filme, Melhor Realização (Jason Reitman) e Melhor Argumento Original (Diablo Cody) fazendo deste filme uma das maiores surpresas da cerimónia deste ano.
Não me parece, porém, que Juno vá ser galardoado com algum destes prémios. A ver vamos.
Não se pode falar de Juno sem referir a banda sonora que é de facto muito boa e inclui muitos dos nomes de top do universo "indie/alternativo". De Belle and Sebastian, passando por The Kinks, Sonic Youth, Cat Power, até Velvet Underground... Todas as músicas encaixam perfeitamente na mood do filme.
Juno é tudo o que se esperaria de um filme "indie" e é precisamente esse o ponto mais me deixa de pé atrás.
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