Saturday, July 18, 2009

Låt den rätte komma in

Ando-me a desleixar um bocado no que toca ao cinema... Já andava para ver este filme há muito tempo, mas nunca 'calhou'. Finalmente tomei a decisão de o ver e bendita a hora em que o fiz.

Este filme sueco, recentemente estreado em Portugal (por acaso até é capaz de já nem estar em circuito), tem arrecadado prémios um pouco por todo o lado nos festivais por onde passa tendo assumindo rapidamente um estatuto de filme de culto.

Realizado por Tomas Alfredson, Låt den rätte komma in (Let the Right One In, em inglês ou Deixa-me Entrar em português) é baseado no romance com o mesmo nome e conta uma história de amor entre uma vampira e um rapaz, aparentemente da mesma idade (qualquer referência a Twilight deverá ser considerada insultuosa).


Mentia se dissesse que não fiquei um pouco surpreso pois, tendo visto o trailer, esperava algo diferente. Ainda assim a história de Oskar e Eli está magnificamente contada neste filme.
Não há tanto 'terror' como o trailer deixa antever, mas ainda assim o filme é sombrio. Não há efeitos especiais desmedidos nem cenas de acção espalhafatosas, mas nem por isso Let The Right One In deixa de ser intenso. É um filme de ritmo lento que nos deixa a ponderar nas acções dos personagens onde a subtileza reina sobre o fogo de vista típico dos filmes da indústria Hollywoodesca.

Nesta história tudo parece desenrolar-se de forma natural. As cenas sucedem-se e quando damos conta estamos emersos no filme até que, subitamente, o filme chega ao fim.
O fim é do filme precisamente é uma das poucas críticas que faço. Não que não tenha gostado, apenas me pareceu um bocado apressado. Salvo essa excepção todo o filme é extremamente bem conseguido a todos os níveis (argumento, representação e nas categorias técnicas de realização, editagem e fotografia).

Oskar é vítima de abusos por alguns colegas e refugia-se em Eli, a sua nova e misteriosa vizinha, com quem acaba por travar amizade. Eli dá-lhe alguma auto-confiança e a amizade entre os dois vai crescendo chegando a considerar-se namorados apesar de todos os segredos que envolvem Eli e só mais tarde serão revelados a Oskar.

Apesar de aparentemente Eli gostar de Oskar é difícil chegar-se ao final do filme sem uma certa sensação de ambiguidade, ficando sempre uma pequena dúvida se Eli gosta realmente de Oskar ou se foi uma certa necessidade ou dependência de alguém que cuide dela que ou até medo da solidão a leva a procurar a ajuda do seu amigo. Gosto de filmes que não me tratem como um ser vegetativo e que deixem algo aberto a interpretação ou imaginação.

A título de curiosidade, o nome advém de, nalgumas tradições, se acreditar que os vampiros não podem entrar em casa de ninguém se não forem convidados a fazê-lo. Essa situação aparece retratada no filme duas ou três vezes.
Façam como eu, convidem Eli a entrar em vossa casa e não se vão arrepender.

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