Friday, July 17, 2009

Festival à beira-rio plantado


(bilhete bonitinho para variar um bocado dos ticketline foleiros)
Fotos: JN

Este era o único dia com algum interesse para mim. A enorme vontade de rever Primal Scream fez com que tomasse a decisão de visitar a margem Sul do Douro e conhecer o Festival Marés Vivas que tanto tem dado que falar.

O espaço é bastante agradável com uma vista privilegiada sobre o rio e com direito a pôr-do-sol no mar. O único inconveniente é aquela brisasinha fresca que não dá descanso, mas isso acaba por se tornar numa vantagem nos concertos mais acesos.

A média de idades era bastante reduzida o que é compreensível dado ser um festival citadino, barato, em período de férias e com nomes apelativos às massas (como seriam, neste dia, os Kaiser Chiefs). Devido a isso mesmo alguma (muita, vá) imaturidade transpareceu, infelizmente, no comportamento do público nos concertos.

O festival abriu com as bandas portuenses John is Gone e Sizo no palco secundário. Se os primeiros me pareceram um pouco 'mornos' já os segundos me surpreenderam tendo notado uma evolução considerável desde a última vez que os vi (na recepção ao campista de Paredes de Coura em 2007).
Conto voltar a vê-los em boa forma no início de Agosto, mas desta vez num ambiente mais propício ao som deles (o palco after-hours de Paredes de Coura) onde concerteza, com o apoio de um público mais dedicado (e bebido) irão dar um concerto mais interessante.

O palco principal iniciou-se com os britânicos Lamb. Confesso que achei o concerto bastante aborrecido, mas não devo ter sido o único pois via-se muita gente a abandonar os seus lugares. O ponto alto foi óbviamente o seu grande sucesso, "Gabriel" e nesse momento o público animou-se um pouco e muita gente regressou aos seus lugares e a quantidade de telemóveis e máquinas digitais no ar era quase absurda.
A banda repetiu vezes demais que não vinham a Portugal há 5 anos e que é fantástico estar de volta e essas tretas todas, perguntou se 'nós' ainda nos lembrávamos deles e quem é que já os tinha visto ao vivo. Tentaram alguma interacção, mas nunca houve ali uma grande ligação com o público.

Musicalmente o concerto não me agradou por aí além. Achei inclusivamente que, muitas vezes, os ritmos electrónicos não se adequavam à métrica ou ritmo da voz, parecendo duas músicas desconexas e coladas uma em cima da outra.
É certo que alguns momentos foram agradáveis, mas vi pouca gente realmente satisfeita com o concerto. Houve ainda direito a dois encores, o último dos quais nem foi propriamente solicitado pelo público, tendo sido o próprio Andy Barlow a vir ao palco perguntar se 'queríamos mais'.

Com a excepção de um público à altura, pouco faltou a este concerto de Primal Scream! Para mim eram a grande atracção da noite pois não tinha grande interesse em Lamb e apenas uma moderada curiosidade por Kaiser Chiefs, portanto não é de admirar que considere o este concerto o momento alto da noite.

O alinhamento foi equilibrado, não faltou Screamadellica nem XTRMNTR (os albuns mais aclamados) ainda tocaram músicas do novo Beautiful Future e uma ou outra de Riot City Blues e Give Out But Don't Give Up.
É-me difícil fazer destaques sem escrever uma lista enorme de músicas, mas vou tentar na mesma. Alguns dos momentos altos foram a "Country Girl", "Kill All Hippies" e a "Movin' On Up". Especial destaque para a "Damaged" que foi absolutamente linda (apesar do burburinho de conversa que se ouvia no público). Fiquei só com pena de não ter ouvido a "Dolls", a "Loaded" e a "Higher than the Sun", mas não se pode ter tudo!

Mais uma vez Bobby Gillespie e companhia saem de um festival português sem um público à altura deles. Gostava de os ver num concerto em nome próprio com um público conhecedor do trabalho deles e que esteja lá para os ver a eles e não com um público que estava com uma enorme vontade que o concerto acabesse para ver quem vinha a seguir.

Chegou o momento pelo qual mais de 90% do público esperava e isso notava-se desde logo na movimentação em direcção ao palco dos energúmenos que faziam tudo o que podiam para chegar um bocadinho mais à frente ficando toda a gente com a sensação de ser uma sardinha enlatada.
Os aplausos começam mal as luzes se apagam, intensificando-se com a entrada em palco dos Kaiser Chiefs. Aos primeiros sons de música o público enlouquece começando desde logo aos saltos.

Não sou grande apreciador desta banda nem da sua música, mas sei reconhecer o empenho que têm em palco fazendo tudo por tudo por manter o público animado (mesmo quando não seria preciso grande esforço da parte deles).
O público era levado à loucura nos momentos altos do concerto como "Everyday I Love You Less and Less", "Oh My God", "Ruby" ou "Everything Is Average Nowadays" sem nunca morrer completamente mesmo nas músicas menos agitadas.
Em palco, o vocalista Ricky Wilson, é divertido e diverte-se , comunica com o público e este responde-lhe à letra. Ele salta, corre, trepa grades e estruturas e o público vibra com as suas acrobacias.

É um concerto muito dado a festa, só é pena que a imaturidade do público tenha levado a disparates como mosh e coisas parecidas quando a sonoridade não puxa a isso. Em resumo, gostei, mas não fiquei rendido aos rapazes de Leeds.

Fico à espera de mais um cartaz de grande nível a um preço também bastante em conta para a edição de 2010.

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