Sunday, September 27, 2009

Ir ao cinema

Ontem à noite fui ao cinema. É verdade! Já não ia ao cinema há mais de um ano e, infelizmente, não posso dizer que tenha sido uma experiência muito agradável.

É certo que o filme não foi grande coisa, mas não é isso que é importante nem é disso que me queixo.


As minhas queixas começam sim na compra dos bilhetes e no exorbitante custo dos mesmos. O preço de um bilhete de cinema já ultrapassou a barreira dos €5.
Pagar €5,20 por algo que não passa de uma projecção de algo pré-gravado sem nada que torne qualquer sessão única é quase inaceitável.
Ah e tal porque os filmes são caros e agora com a pirataria já ninguém vai ao cinema.
Dica #1: Sejam competitivos, BAIXEM OS PREÇOS!! Ou então façam promoções do tipo "refeição+bilhete" ou "bilhete+pipocas", sessões especiais com atractivos... qualquer coisa! Não continuem é a aumentar o preço de um produto que já de si é pouco consumido e queixar-se que a afluência às salas não aumenta.
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A segunda queixa vai para a publicidade na sala. Eu nem em casa vejo publicidade e vou para o cinema pagar para vê-la? Não me parece.
Posso dizer que a sessão teve MEIA HORA de publicidade (desde as 9:15 até às 9h45).
Para além disso lembro-me do tempo em que as salas de cinema eram sóbrias, sem nada que pudesse distrair o espectador. Pois bem, hoje isso já não acontece e o marketing fala mais alto pois havia uma fila de cadeiras forrada a VERMELHO ostentando o símbolo de uma conhecida operadora de telemóveis que, por desprezo à situação, não vou nomear.
Ah e tal porque a sessão só começava às 9h30 e nós precisamos de dinheiro.
Dica #2: Se a sessão começa às 9h30 comecem o filme às 9h30! Não ponham o cliente a ver 15 MINUTOS de publicidade indesejada, muito menos quando esse cliente €5,20 para ver o filme!!
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A legitimidade da terceira das minhas queixas é mais discutível e pode dever-se a um excesso de romantismo da minha parte mas aqui vai na mesma.
Actualmente cinema é digital e as máquinas de projecção produzem uma imagem de excelente definição. A imagem não treme, não se vêm grainhas ou marcas na fita (que até já nem é fita) nem se ouve o trabalhar da máquina nem aqueles tradicionais ruídos da fita a rolar.
À primeira vista isso parece uma vantagem incontornável, mas e a magia do cinema? A meu ver deixa de existir... Hoje em dia as tecnologias de alta definição e de som começam a ser mais acessíveis e a marcar a sua posição na casa das pessoas pelo que essa experiência pode ser aproximadamente reproduzida em casa. Não vejo portanto grande vantagem numa deslocação a uma sala de cinema.
Ah e tal porque temos de acompanhar as tecnologias e senão ficamos desactualizados.
Dica #3: Ao acompanhar as tecnologias está a desaparecer uma das características mais diferenciadoras do cinema e perde-se a mística. Pensem na tecnologia como uma ASAE que proíbe as colheres de pau e outros utensílios e processos tradicionais e pensem no resultado dessas acções.
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A última queixa da minha lista é um mal que, anteriormente existia, deixou de existir e agora, infelizmente voltou. Falo dos intervalos. Vamos lá ver se o que eu digo faz sentido.
Eu vou ao cinema ver um filme porque é uma experiência muito mais imersiva do que vê-lo em casa. A tela é maior, o som é melhor e a sala está mais escura e (geralmente) em silêncio, mas eis que alguém se lembra de fazer um intervalo, parando o filme e acendendo as luzes para que o espectador possa ir até ao bar comprar umas pipocas e uma bebida. Toda a ilusão é desfeita, a concentração do espectador perde-se e a experiência de assistir ao filme no cinema deixa de fazer sentido. Se quiser estar exposto a potenciais interrupções ou distracções fico a ver um filme em casa.
Ah e tal porque temos de fazer dinheiro como podemos.
Dica #4: Vejam as outras dicas e não façam intervalos! Eu vou ao cinema para ver um filme e não para comer pipocas. Se quisesse comer pipocas não pagava bilhete.

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Vistas bem as coisas, uma sala de cinema é como uma sala de exposições de um museu. É o local onde é exposta uma obra de arte. É sempre triste quando as salas não respeitam nem dignificam a arte que representam em detrimento de mais alguns trocados na caixa registadora.

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