Talvez tenha sido isso que Vinicius Gageiro Marques - nome artístico Yoñlu, natural de Porto Alegre, Brasil - quis transmitir com a sua música e atitude para com a vida (e a morte). Não tenho qualquer problema em afirmar convictamente que Yoñlu é um dos mais brilhantes exemplos do talento que reside nesta geração de 'músicos de trazer por casa' que utilizam a internet para difundir a sua obra. Afirmo, também convictamente, que acredito que Yoñlu seria hoje um caso de sucesso se não tivesse decidido por um termo à sua própria vida em 2006. Tinha 16 anos.
A Society In Which No Tear Is Shed Is Inconceivably Mediocre é o nome do disco, editado a título póstumo, que reúne algumas das centenas de músicas que povoavam o seu portátil.
A sua música é difícil de caracterizar, ora cantada em inglês ora em português do Brasil, nela encontram-se influências de bossa nova e toques de electrónica, faixas acústicas com letras comoventes em contraste com instrumentais totalmente sintéticos, momentos mais lo-fi contra melodias pop quase perfeitas... O tom é, geralmente, de uma melancolia quase deprimente (que devia ir de encontro ao seu estado de espírito), mas há pequenos rasgos de alegria como um envergonhado raio de sol que espreita por entre nuvens de um céu cinzento. Uma réstia de esperança que infelizmente se extinguiu cedo demais.
Músicas como Humiliation ou Suicide espelham o fascínio de Yoñlu pela morte, mas com Olhe Por Nós, marcado pelo ritmo samba, o jovem Vinicius tece críticas políticas. Polyalphabetic Cipher é uma faixa declamada e Little Kids é uma simples mas bonita cover dos também-geniais-e-com-influências-bossa-nova Kings of Convenience que merece ser escutada com atenção. Katie Don't Be Depressed cai bem do início ao fim e até Estrela, Estrela e Luana (Mecânica Celestial Aplicada), duas simples baladas cantadas em brasileiro me soam bem (e quem me conhece sabe a comichão que a língua por vezes me faz). O disco tem ao todo 14 faixas, mas com esta amostra já se percebe o génio criativo de Yoñlu.
Músicas como Humiliation ou Suicide espelham o fascínio de Yoñlu pela morte, mas com Olhe Por Nós, marcado pelo ritmo samba, o jovem Vinicius tece críticas políticas. Polyalphabetic Cipher é uma faixa declamada e Little Kids é uma simples mas bonita cover dos também-geniais-e-com-influências-bossa-nova Kings of Convenience que merece ser escutada com atenção. Katie Don't Be Depressed cai bem do início ao fim e até Estrela, Estrela e Luana (Mecânica Celestial Aplicada), duas simples baladas cantadas em brasileiro me soam bem (e quem me conhece sabe a comichão que a língua por vezes me faz). O disco tem ao todo 14 faixas, mas com esta amostra já se percebe o génio criativo de Yoñlu.
Penso ser seguro dizer que Vinicius Gageiro Marques é mais um dos muitos génios atormentados que, com tanto ainda para dar, abandonam o mundo prematuramente. É de facto uma pena que estes talentos não se cheguem a desenvolver plenamente...
Enfim, aconselho uma (e outra, e outra, e outra... ad infinitum) audição a A Society In Which No Tear Is Shed Is Inconceivably Mediocre, vale mesmo a pena.
13bly
Enfim, aconselho uma (e outra, e outra, e outra... ad infinitum) audição a A Society In Which No Tear Is Shed Is Inconceivably Mediocre, vale mesmo a pena.