Tuesday, March 30, 2010

Série Ípsilon VI - Valmont

Deixando para trás a faculdade e os exames, pude enfim retomar a actividade nesta rubrica dedicada aos DVDs da brilhante colecção da revista Ípsilon.
Para além de uma óbvia falta de tempo houve um outro motivo que me levou a demorar a retoma desta rubrica - o próximo filme a ver era um filme de época. Não sou apreciador de filmes de época, em geral aborrecem-me, e portanto andei uns tempos a adiar o visionamento de Valmont, filme de Miloš Forman datado de 1989 e adaptado do romance Les Liasons Dangereuses de 1782, escrito por Choderlos de Laclos. Valmont passa-se, então, numa França de Séc. XVIII mas, apesar disso, a minha heistação inicial acabou por se revelar infundada visto que o filme me agarrou e divertiu desde o início.
O Visconde de Valmont (Colin Firth) dá o nome ao filme apesar de, curiosamente, apenas assumir um papel de relevo quando o filme já vai quase a meio. Valmont é um sedutor cavaheiro da alta sociedade que é, simultâneamente o sonho e pesadelo de todas as mulheres. Este faz uma parelha perfeita com a provocante e manipuladora Marquesa de Merteuil (Annette Benning) e os dois irão aproveitar-se do amor platónico entre a pequena Cécile e o seu professor de harpa, o Cavaleiro de Danceny para mesquinhas vinganças pessoais. Assim, manipulando ora Cécile ora Danceny, Valmont e Merteuil serão as principais forças motrizes da história.

Apesar de as honras de "personagem principal" recaírem sobre Valmont (e portanto sobre Colin Firth), não podia deixar de dizer que achei Annette Benning sublime no papel de Merteuil. O ponto forte do personagem era claramente o seu sorriso e este raramente abandonava o rosto de Benning. Com o seu sorriso, Annette Benning conseguia ser sedutora e provocante mas ao mesmo tempo misteriosa e isso encaixa na perfeição em Merteuil.

Devo ainda referir que apesar do teor sexual do filme este é, na sua maioria, muito discreto. Carregado de insinuações e de momentos de tensão latente, só em duas ou três ocasiões é que se vê de facto alguma consumação dos desejos carnais dos personagens. Tiro o chapéu ao Sr. Forman por isso.


Apesar de não fazer de todo o meu género de filme, Valmont surpreendeu e agradou-me. Não se perde demasiado em futilidades e é bastante mais directo e divertido que grande parte dos filmes de época que já vi. Não será a obra prima de Miloš Forman (será difícil bater Amadeus ou Voando Sobre um Ninho de Cucos) mas é ainda um bom filme.

Em breve: mais filmes da série ípsilon.

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