Wednesday, April 28, 2010

Quatro émes

miscelânea

do Lat. miscellania


fig.,
mistura de diferentes coisas ou confusão;
mistifório.

MICMACS À TIRE-LARIGOT

O mais recente filme de Jean-Pierre Jeunet, apesar de não ser brilhante como Delicatessen ou Amélie, garante uma boa dose de divertimento e risadas naquele estilo algo mágico que lhe é característico. O próprio título pode traduzir-se para "loucuras sem limite" e, tendo em conta que no fundo o filme é uma sátira ao estilo de vida dos grandes industriais de armamento, até se adequa.

Como é habitual em Jeunet, todos os personagens são bizarros e as aventuras em que se envolvem são improváveis. Neste caso, assim muito por alto, Micmacs conta a história de um caricato grupo de sem abrigos que se querem vingar dos dois maiores fabricantes de armamento. Para isso, preparam uma série de manobras de forma a vira-los um contra o outro.

É diversão assegurada, acreditem!


MAD MEN


Ao princípio achava que a 'cena dos anos 60' era uma simples manobra ou artifício mas logo perdi essa ideia. A 'cena dos anos 60' faz sentido e, em pleno período de crise, o que pode ser melhor do que recordar o 'sonho americano'?

Mad Men retrata a vida numa empresa de publicidade na infame Madison Avenue (daí o nome) de Nova Iorque. A série contém diversos pormenores sócio-culturais que caracterizam a época na perfeição: como o hábito do tabaco e a descrença de que fumar mata, a desigualdade para com as mulheres ou assuntos sensíveis ainda hoje como o aborto e o racismo. Esta série tem a vantagem de, tratando-se de uma agência publicitária, ter conseguido o patrocínio de diversas marcas reais facilitando a ligação com o expectador. Por se enquadrar numa época já algo distante, pode ainda entrelaçar a história com acontecimentos históricos como eleições ou guerras do passado, criando uma ilusão de realidade mais forte.

Sabe bem ver Mad Men e deixarmo-nos seduzir por todo o glamour dos anos 60.


METROPIA

Metropia tem um visual inovador difícil de explicar (vejam o trailer) e alguns nomes de peso (como Vincent Gallo e Juliette Lewis), no entanto, muito por culpa de uma história mastigada (e apressada) não passou de um filme mais-ou-menos.

A história do filme parece quase decalcada de 1984 - o mundo de Metropia é o típico mundo distópico e cinzento em que o personagem principal é alguém insignificante que descobre uma grande conspiração e acaba por lhe por termo. Apesar das muitas (e são mesmo muitas) semelhanças, não é desinteressante - tem até uma série de pormenores estimulantes - é apenas um daqueles filmes que, não sendo geniais, ocupam bem os 80 minutos da sua duração sem se tornar chato.

Não sei bem que tecnologias foram usadas para gerar esta estética única mas, apesar de ser um pouco estranha, esta acaba por tornar o filme interessante.


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