Thursday, June 10, 2010

"O governo, mesmo quando perfeito, não passa de um mal necessário...

... quando imperfeito, é um mal insuportável."*

Os últimos romances que li foram A Clockwork Orange (1962) de Anthony Burgess e Brave New World (1932) de Aldous Huxley, dois clássicos de literatura moderna de dois grandes visionários. À semelhança do que senti quando li mil novecentos e oitenta e quatro (de George Orwell), o mundo retratado nestas obras consegue parecer muito distante do nosso e ainda assim retrata-lo quase na perfeição. Estes são três brilhantes exemplos de universos ditos distópicos - mundos fictícios que se aproximam da realidade em que a sociedade é oprimidas por algum governo totalitário.
A Clockwork Orange e Brave New World (e 1984) são obras muito distintas tanto a nível de estilo e narrativo, como das questões abordadas. Apesar disso, há pelo menos uma coisa que Huxley e Burgess (e Orwell) têm em comum - são assertivos nas suas críticas à sociedade e cada um levanta questões pertinentes nas mais variadas áreas (desde a justiça e política à ciência e tecnologia passando pela essência do ser humano e por diversas questões éticas e morais).

Apesar de cada um destes romances ter sido escrito em períodos temporais completamente diferentes (e até provavelmente inspirados uns nos outros), a actualidade das questões neles levantadas e a exactidão com que alguns comportamentos humanos são retratados é impressionante. São coisas assim que distinguem as obras verdadeiramente notáveis das outras.
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Aproveito este post para fazer uma breve referência a 2081. Oportunamente, acabei há minutos de ver esta excelente curta metragem (cerca de 25 minutos) de 2009 e faz todo o sentido incluí-la aqui. Basta ver o trailer acima para perceber porque digo isto.
2081
é baseado em Harrison Bergeron, uma short story de Kurt Vonnegut - um autor da mesma estirpe que os referidos acima mas que ainda não tive o prazer de ler apesar de a sua obra de referência - Slaughterhouse-five - estar em posição de destaque na minha lista de "futuras leituras".

Vale bem a pena dedicar algum tempo a cada uma das obras que acabei de referenciar e, no fim, parar uns minutos para pensar.

13bly


* Thomas Paine in Common Sense (1776)