Com um nome tirado de uma das baladas mais melacólico-deprimentes de Tom Waits, Blue Valentine dificilmente poderia ser um filme 'cor-de-rosa'. E não o é de facto. Sem floreados ou coraçõezinhos, Blue Valentine é o amor tal como ele é - directo, avassalador, brutal e confuso. Não só cru como também, muitas das vezes, cruel.
Ryan Gosling e Michelle Williams, como casal, desempenham os dois extremos do amor, os pombinhos apaixonados e o casal que, atingido o ponto de saturação, quase não se consegue ver à frente. O espectador assiste à transformação não de uma forma progressiva mas de um ponto de vista alternado (ora uma cena de estado de graça, ora uma de desgraça) . Desta forma, ao invés da progressão/degradação gradual de uma história contada por ordem cronológica, o colorido dos primeiros tempos contrasta de forma extrema com o tom mais sombrio que pauta os anos posteriores. Não é um soco no estômago no sentido convencional mas lá que nos deixa com um mal estar que nos põe a pensar na vida.
É assim mesmo o amor, ao contrário do que se diz por aí à boca cheia, este não é capaz de superar todos os obstáculos. Só é pena que Hollywood raramente se lembre disso e se limite a vender as ilusões do costume.
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