Prova da enorme popularidade de B Fachada, o Café Concerto da Casa das Artes de V. N. de Famalicão encheu-se para o receber calorosamente. As manifestações de afecto (umas mais exageradas do que outras) sucediam-se e B, mais sentado nas teclas do que com a guitarra pendurada ao ombro, ia agradecendo com sorrisos e comentários naquele seu tom humorístico e irónico.
Sem grande espanto, Estar à Espera ou Procurar foi o tema mais aplaudido, mas Não Pratico Habilidades e Tó-Zé - adequadamente dedicada a uma criança do público - não lhe ficaram muito atrás. Para além desses temas inevitáveis, tanto as novas roupagens de Mané-Mané e Kit de Prestidigitação, como as músicas inéditas pareceram convencer os presentes do talento de B Fachada (se é que alguém ali ainda precisava de 'convencimento'). Apesar de ao vivo os arranjos despidos não permitirem uma previsão certeira da versão final das músicas novas, anteviram-se algumas influências africanas - território ainda não explorado por B Fachada - e, claro está, mais letras provocadoras e carregadas de ironia. A fórmula para o sucesso, como em quase tudo a que B deita a mão, parece estar lá.
Depois de encerrar o concerto com Memórias de Paco Forcado, B Fachada viu-se obrigado a regressar ao palco por duas vezes pois o público famalicense mostrava-se insaciável. Primeiro para (surpreendentemente) tocar épico político/pornográfico Deus, Pátria e Família (que diga-se de passagem soa melhor num piano clássico do que num orgão eléctrico) e depois trazendo na algibeira mais dois temas inéditos.
Este foi outro excelente concerto de B Fachada que, serviu muito bem o seu propósito. Agradar aos fãs e espicaçar a curiosidade relativamente ao seu novo disco. Foi uma boa jogada, mas não posso evitar uma pequena sensação de frustração pelo auto-intitulado 'Frank Zappa português' (um sacrilégio que eu lhe perdoo) não se ter debruçado mais sobre a guitarra e sobre trabalhos mais antigos.