"Do you remember the first time?" perguntaram os Pulp quando subiram ao palco. "A primeira vez nunca se esquece" ouvi alguém dizer tão sabiamente, embora em momentos totalmente distintos, a uma estreante no Festival Paredes de Coura. Sim, é verdade que a primeira vez não se esquece, mas isso não quer dizer que em edições posteriores o festival não se supere. Dito isto espero que o que se segue fique bem claro: esta foi a melhor edição do Festival Paredes de Coura a que já fui.
Contráriamente à edição do ano passado - e mesmo sem aqueles nomes sonantes que gostamos de ver a letras grandes no alinhamento - este cartaz estava recheadinho de bons motivos para marcar presença. Aliás, quase todo o cartaz (salvo raras excepções), era pautado por uma coerência e bom gosto bastante acima do que vinha sendo habitual. Se o mais saudosistas não podiam esperar por Pulp os vanguardistas aguardavam ansiosamente os Battles. Se as gentes do indie tinham os olhos postos em Two Door Cinema Club e o pessoal do rock nos Mogwai ou nosDeath From Above 1979, os amantes da electrónica deliciavam-se com Delorean ou Crystal Castles. Até a malta do pop encontrava o seu refúgio em Marina & The Diamonds!
16 AGOSTO'11
SHOWCASE LOVERS & LOLLYPOPS
A Lovers & Lollypops é uma das editoras/promotoras nacionais mais proliferas do momento. Sob a sua alçada tem algumas bandas que andam aí a dar cartas das quais destaco os Long Way to Alaska e os Black Bombaim. Para meu azar os Long Way to Alaska não actuavam nessa noite e perdi quase todo o concerto de Black Bombaim por ter chegado tarde ao recinto. Sobraram-me uns Larkin por quem não nutro especial carinho e uns Mr. Miyagi que, apesar de terem conseguido bons momentos não me convenceram. Ah e, claro, o DJ Nuno Lopes que neste seu regresso a Coura animou a malta noite adentro com música chunga. Foi portanto uma noite algo desinteressante e sem destaques óbvios mas, uma vez que era à pala também não me posso queixar.
17 AGOSTO'11
RECEPÇÃO AO CAMPISTA
Visto que, mais uma vez, cheguei tarde ao recinto (pese embora o atraso desta vez ter sido propositado), vou passar à frente o concerto do Quarteto de Bolso, banda que teve as honras de abertura do palco na noite da recepção. Eram já muitos os que estavam no recinto à hora que entrei e foi então que notei um dos grandes erros cometidos na organização deste ano. A recepção ao campista fazia mais sentido quando eram 'poucos' os que chegavam ao festival mais cedo e lá tocavam algumas bandas com 'menos expressão' (ou pelo menos sem o culto que os Crystal Castles arrastam). O que hoje se verifica é que cada vez mais gente vai mais cedo - este ano isso foi mais visível do que nunca. Com toda essa afluência o espaço disponibilizado torna-se pequeno pois, no fundo, está a concentrar-se quase a totalidade de público de festival em menos de metade do recinto. A meu ver os concertos da recepção ao campista já têm dimensão e público suficientes para o palco principal mantendo-se no Palco 2 as actuações dos DJs como 'after-hours' da recepção. Um ponto a rever.
Num dos maiores erros de alinhamento que já vi, a inglória tarefa de actuar entre Omar Souleyman e os Crystal Castles coube aos ingleses Wild Beasts. Talvez por causa da posição que ocupavam no alinhamento o concerto pareceu-me bastante morno. Só lá mais para o fim - talvez nos últimos 3 temas (dos quais destaco a incrível Hooting & Howling) - me consegui render ao quarteto de Kendal com o qual já simpatizava. O restante público pareceu partilhar este meu entusiasmo final e os rapazes abandonaram o palco visivelmente satisfeitos com a recepção.
Para fechar a noite (bem, pelo menos antes dos DJs aos quais nunca ligo nenhuma) estava agendado o regresso dos Crystal Castles ao palco que, em 2007, os estreou em Portugal. Desde essa estreia que o enérgico duo canadiano 'passa cá a vida', são uma daquelas bandas de estimação do país e têm uma legião de fãs fieis que os acompanham quase com devoção. Não vou fingir que os Crystal Castles são a minha praia - não o são de todo - mas é inegável que Alice Glass e Ethan Kath (que trouxeram com eles um baterista) sabem dar um espectáculo. Em 2007 senti o concerto como uma epifania, foi um abanão. Os saltos e gritos descoordenados de Alice sobre uma sinfonia caótica representaram então todo um mundo novo que eu desconhecia e lembro-me perfeitamente de ficar vidrado durante os rápidos 15-20 minutos de concerto. Hoje, em 2011 já não senti nada disso, foi giro mas não foi transcendente. Ainda assim a massa humana aos saltos em frente ao palco não deixa mentir, o concerto foi um sucesso e uma maneira brilhante de terminar a noite zero do festival.
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Outros dias: Dias 0 | Dia 1 | Dia 2 | Dia 3
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13bly
P.S. - Regressado a meados de Agosto o festival volta a 'sobrepor-se' de certa forma às festas da vila. O ambiente que aí se vive é uma das coisas que se perdeu com a mudança de datas e foi realmente muito bom voltar a ele.