avulso (latim avulsus, -a, -um, separado, arrancado)
adj.
isolado, solto, desconexo, desirmanado.
ON THE GAUDY SIDE OF TOWN | Vila Real de Santo António | Maio de 2012
avulso (latim avulsus, -a, -um, separado, arrancado)
adj.
isolado, solto, desconexo, desirmanado.
epifania
(grego epipháneia, -as, aparição, manifestação)
s. f.
1. Relig. Manifestação de Jesus aos gentios, nomeadamente aos Reis Magos.2. Relig. Festa religiosa cristã que celebra essa manifestação. = dia de Reis3. Qualquer representação artística dessa manifestação.4. Relig. Aparecimento ou manifestação divina.5. Apreensão, geralmente inesperada, do significado de algo.
É irónico (e injusto) que o feito mais reconhecido de Tim Buckley seja o de ser pai do (também) talentoso e malfadado Jeff Buckley - um filho que nunca desejou e com quem, numa atitude algo egoísta, não quis criar laços ou sequer conviver. I Never Asked to Be Your Mountain terá sido escrita com esses sentimentos em mente, mas não é essa a música (por mais incrível que seja) que me leva a escrever este post.
O tormento estará certamente nos genes da família Buckley e Tim, tal como Jeff viria também a fazer mais tarde, canaliza isso para a sua música (Phantasmagoria in Two é um dos temas mais assombrosos que já ouvi e um forte candidato ao mp3 de Deus). Intensa e misteriosa, Gipsy Woman - agora sim, a música em causa neste post - é retirada de Happy Sad (1969), um disco no qual Tim Buckley mergulhou nalguns experimentalismos extra que são, aliás, bem audíveis aqui. Só sei que quando acabei de ouvir este tema (que descobri por mero acaso) estava a suar e isso, posso afirma-lo convictamente, não unicamente culpa do calor que se fazia sentir. |
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Poucos lançamentos se podem gabar de um timing tão acertado como Bloom. Oportunamente, este disco chega aos escaparates no preciso momento em que as nuvens cinzentas abandonaram os nossos céus e que estes exibem aquele azul refulgente que Victoria Legrand parece descrever em Lazuli – tema que, pela sua frescura, corre riscos de se tornar um dos ‘hinos’ desta estação. Sem uma evolução sonora muito evidente em relação ao aclamado Teen Dream (com o qual será sempre, inevitavelmente, comparado), Bloom é a sua continuação natural. É verdade que Alex Scally talvez carregue um pouco menos no reverb e que a voz quente de Victoria Legrand está também mais límpida, mas esses argumentos representam apenas discretos polimentos à fórmula e não verdadeiros passos em frente na carreira da dupla de Baltimore.
Assim, ao quarto disco de originais, a pop continua a ser o fio condutor dos Beach House e estes continuam a ser capazes de espalhar aquele je ne sais quoi encantador que provoca suspiros por onde passa. As ambiências difusas e luminosas de Alex e Victoria justificam plenamente o prefixo “dream” que adorna os rótulos musicais impostos à banda, mas temas fortes como Myth ou Other People (tal como algumas das músicas de Teen Dream) são mais palpáveis e Bloom transparece um folego redobrado de confiança. Essa confiança é particularmente visível no último tema do disco, Irene – tão épico tanto quanto os Beach House podem sê-lo – no qual, depois de um longo e cíclico instrumental (que traz à memória uns laivos meigos de drone), Victoria repete “it’s a strange paradise” até à exaustão.
Dizer que Bloom é “um disco mais encorpado” pode parecer pouco rigoroso – especialmente tendo em conta os ares oníricos que os Beach House respiram – mas foi das primeiras coisas que me ocorreu ao ouvi-lo. É realmente um paraíso estranho, este de Alex e Victoria, mas um paraíso ainda assim.
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helado, -da [el'aðo, -ða] |
• adj. Muy frío. • fig. Suspenso, atónito, pasmado. • m. Bebida o manjar helado. Sorbete. |
avulso (latim avulsus, -a, -um, separado, arrancado)
adj.
isolado, solto, desconexo, desirmanado.
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O mau tempo não mete medo ao pessoal do rock. Prova disso é que, apesar da intempérie que tem assomado o nosso país, o Passos Manuel encheu-se de gente para receber os Black Bombaim e abanar a cabeça ao som do seu rock titânico de raízes stoner-psicadélicas. O pretexto (se é que era preciso um) foi a apresentação de novos álbuns - em primeira linha, o épico Titans do trio barcelense e, em segundo plano, Arca d'Água, o novo disco de Jorge Coelho (convidado pelos protagonistas para abrir o palco). Infelizmente, quis o destino - irónico e caprichoso - que nesta espécie de festa de lançamento de dois discos, um contratempo no fabrico dos mesmos tivesse impossibilitado a sua venda. Foi pena. Depois do que se viu naquele palco, os discos teriam certamente vendido que nem ginjas. Neste novo trabalho, Tojó Rodrigues, Ricardo Miranda e Paulo Senra (os titãs de serviço) tiveram a ajuda de alguns convidados de dimensão igualmente assinalável. Era imperativo, então, que também o concerto de apresentação de Titans contasse com a presença de algumas dessas ilustres personalidades. Foi isso mesmo que acabou por acontecer e, com eles, os Black Bombaim trouxeram Ghuna X (que já havia produzido Saturdays & Space Travels), Tiago Pereira (guitarrista dos Aspen) e Jorge Coelho que, depois de tocar no concerto de abertura, ainda se juntou ao trio em palco. Na verdade, algumas dessas participações pareceram pouco relevantes (nomeadamente Ghuna X e Jorge Coelho) mas, e ainda que tenha sentido a falta da voz calejada de Adolfo Luxúria Canibal e do saxofone do grande Steve Mackay (dos enormes Stooges), o espectáculo não foi menos avassalador por isso. Os Black Bombaim são um exemplo de entrega e coesão e Titans - tanto em estúdio como em palco - demonstra uma enorme ambição de fazer mais e melhor. Portugal já é pequeno para eles - abram-se as fronteiras para estes rapazes pois, caso contrário, eles deitam-nas abaixo. Fica o aviso: ninguém pára os titãs! É essa a força tremenda dos Black Bombaim! |
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