Há dias conheci o trabalho de Jackie Tilestone fiquei fascinado. Não sei quase nada sobre ela e não me tem sido fácil descrever a sua arte. Os principais trabalhos de Tileston são pintadas a óleo sobre tecido ou guache em papel. Tanto num meio como no outro, as suas peças representam quase sempre lindíssimas explosões de cor contra um fundo bem mais simples.
Sei que digo muito pouco, mas a verdade é que me sinto incapaz de me exprimir melhor. Felizmente o trabalho de Jackie Tileston fala por si e, portanto, seguem alguns exemplos da sua arte.
Apesar de pouco ou nada ter a ver, esta mistura excêntrica de cores fez-me lembrar o trabalho de Takeshi Murakami (apesar de consideravelmente mais contido) mas deixemos estas comparações (infelizes) de parte. A verdade é que não me importava nadinha de ter uma destas quatro peças penduradas numa parede lá de casa.
Esta semana a mixtape é especial. Não se trata de uma colectânea semi-aleatória de músicas que passearam pelo meu mp3 mas antes uma mixtape com que me deparei na internet e que me acompanhou bastante de perto na semana que passou.
1. Kool & The Gang - Summer Madness 2. Herbie Hancock - Cantaloupe Island 3. Art Blakey & The Jazz Messengers - Moanin' 4. Booker T & The MG's - Over Easy 5. Lou Donaldson - Everything I Do Gonh Be Funky (From Now On) 6. Fred Wesley & The JBs - Blow Your Head 7. Jerome Richardson - No Problema 8. John Coltrane - Saturn
9. Donald Byrd - Places and Spaces 10. Bill Evans - Here's That Rainy Day 11. Kenny Burrell – Midnight Blue 12. Michael Garrick Trio – First Born 13. The Don Rendall/Ian Carr Quintet – Blue Mosque 14. Sarah Vaughan - Lullaby Of Birdland 15. Errol Garner - Misty
Como podem ver, a mixtape consiste de aproximadamente uma hora (59 minutos) de jazz incrível para se desfrutar sozinho ou acompanhado, mas de preferência bem alto.
... and they make our TVs blind us from our visions and our goals!"
Voltando, por uns minutos a Exit Through the Gift Shop fica a sugestão de verem pelo menos a fantástica sequência de abertura. Isto claro, para quem não quiser ver o filme na íntegra (coisa que acho mal, mas há gente para tudo). No fundo esta sugestão até acaba por não ser ser má ideia porque depois de ver estes primeiros minutos dificilmente não se quererá ver mais.
As imagens cruas de artistas urbanos a trabalhar contrastam e ao mesmo tempo encaixam na perfeição com a elegante Tonight The Streets are Ours de Richard Hawley . Genial, Banksy! Simplesmente genial!
Quem me conhece sabe que a Islândia é um dos meus destinos de sonho. Muito graças aos Sigur Rós e ao seu documentário Heima, ganhei um fascínio enorme por esse país tão radicalmente diferente do nosso. Um país, o seu povo e costumes são moldados às suas condições climatéricas e geográficas. Nisso, a Islândia é um país único e essa é precisamente uma dos coisas que mais me seduz.
Tive há pouco tempo a oportunidade de dar lá um saltinho mas por este ou aquele motivo a viagem acabou por não se realizar. Apesar de tudo, a vontade é maior do que nunca e a esperança ainda está bem de saúde e recomenda-se.
Segue o brilhante vídeo promocional de uma campanha de sensibilização turística para que, como eu, se deixem seduzir e inspirar pela Islândia. Depois é clicar na imagem para ver mais coisas bonitas e, eventualmente, planear uma viagem. O vídeo é musicado por Emilíana Torrini que, apesar do nome enganador, é islandesa de gema.
Todos sabemos que a desertificação das muitas aldeias do Interior deixam muitos idosos condenados a uma vida de solidão. O que eu não me tinha apercebido era da importância que um simples programa de rádio local pode ter para estes 'velhinhos'.
Jorge Pelicano muito tem feito para trazer a realidade do interior do país para o litoral que, de outra forma, estaria demasiado ocupado com o frenesim do dia-a-dia para prestar a devida atenção às suas raízes mais rurais. Depois dos aclamados Ainda Há Pastores? e Pare, Escute e Olhe, a reportagem Discos Pedidos é o mais recente retrato de solidão com o dedo de Jorge Pelicano.
Até agora, alguns dos adjectivos que empregava, não sem uma certa arrogância, para classificar estes programas eram 'foleiro' e 'parolo' (entre outros até bem piores). Desde que vi esta esta Grande Reportagem na SIC, olho para estes programas com outro respeito, não porque sejam algum expoente de cultura, mas pelo seu lado humano - tão importante nas vidas de quem diariamente enfrenta a solidão.
Já aqui exprimi a minha admiração por Banksy e pelo seu trabalho. Também já referi o meu entusiasmo por Exit Through the Gift Shop, um documentário realizado por ele. Agora, deitei-lhe finalmente as mãos e tenho oportunidade de lhe tecer louvores.
Antes de mais, para evitar confusões, importa salientar que Exit Through the Gift Shop é um documentário do Banksy e não um documentário sobre ele. Efectivamente, o papel de Banksy neste filme é ultrapassa a realização uma vez que ele faz parte da história que pretende contar mas o foco do documentário está indiscutivelmente está sobre Thierry Guetta. Thierry é um emigrante francês com uma obsessão por filmar tudo e mais alguma coisa e que, a certa altura se vê inserido no mundo da arte urbana. Inseparável da sua máquina de filmar, Thierry regista tudo o que vê dando origem a grande parte do material que constitui Exit Through the Gift Shop.
Thierry viveu o submundo da arte urbana com uma intensidade tal que se tornou a sua nova obcessão e, interpretando mal umas palavras de Banksy, assume a missão de, também ele se, tornar um 'artista de rua'. Nasceu assim o seu alter-ego, MBW - Mr. Brainwash. O problema é que a definição que Thierry tem de 'artista' é bastante diferente da de Banksy , Alien Invader ou Shepard Fairey (outros artistas conhecidos que aparecem no filme e se relacionaram com Thierry) e eles cedo se apercebem que criaram um monstro.
Há algumas polémicas sobre a autenticidade da história que é contada em Exit Through the Gift Shop mas, verdade ou não, Banksy conseguiu fazer um filme altamente cativante capaz de apresentar a arte urbana a quem não esteja familiarizado com ela e, ao mesmo tempo, agradar a quem já há muito se deixou seduzir por esse universo.
Vale ainda a pena ver o documentário “Inside Outside” de Andreas Johnsen e Nis Boye Moller Rasmussen. sobre arte urbana em geral e que tem vários artistas em comum com Exit Through the Gift Shop. Disponível aqui numa tranche só ou em várias doses mais pequenas.
Depois da estreia nacional em Lisboa, chega finalmente a vez do Porto receber ODDSAC, o filme-experiência/álbum-visual dos Animal Collective, realizado por Danny Perez (que já antes tinha trabalhado com os primeiros).
ODDSAC estreou na edição de 2010 do Festival de Sundance e entretanto já saiu em DVD. Apesar do atraso aparente, este esforço conjunto da promotora Filho Único e da Fundação de Serralves é louvável pois representa uma oportunidade única de ver este filme que, de outra forma me seria inacessível (pelo menos na dimensão e envolvência que o Anfiteatro de Serralves irá proporcionar).
Amanhã o psicadelismo invade o Auditório de Serralves às 22h e eu não vou querer perder pitada. Vemo-nos lá!
O picheleiro (que até começou como carpinteiro) que salva princesas faz hoje (afinal fez ontem) 25 anos. Este picheleiro italiano - gordo com uma bigodaça como a Tio Quim e umas jardineiras vermelhas - dificilmente parece a escolha mais óbvia para mascote, mas a verdade é que já deu origem a mais de 200 jogos, uma produção de Hollywood, algumas séries animadas e montanhas de merchandising, tendo acabado por se tornar num dos ícones mais reconhecíveis, não só no universo dos vídeo-jogos, como do mundo em geral.
De longe a longe apetece-me ao mesmo tempo testar a sorte e descobrir música nova. Quando isso acontece acedo a um de muitos blogs que se dedicam a disponibilizar música de forma menos lícita e escolho um álbum às escuras (por vezes mais do que um). A escolha nem sempre é totalmente aleatória e às vezes baseio a escolha no nome da banda, do álbum ou de alguma música ou até porque simplesmente gostei do artwork ou encontrei algo que me chamou à atenção na pequena descrição que costuma acompanhar o link de download.
Nem sempre os resultados são positivos mas a verdade é que à custa desta brincadeira já descobri muitas pérolas musicais. Assim de repente, lembro-me que foi assim que descobri os Ratatat e os Explosions in the Sky (ou os God is an Astronaut, já não tenho a certeza). A última descoberta que fiz desta maneira foram os Crippled Black Phoenix com o seu último trabalho - I, Vigilante (desta vez foi o nome da banda que me atraiu).
I, Vigilante agarrou-me logo nos primeiros segundos da primeira música (Troublemaker) muito graças a um excerto de The Young Poisoner's Handbook (1996) que me recordou o clássico de literatura (e mais tarde de cinema) A Clockwork Orange. Algures nesse excerto surge a expressão que deu o título a este post e nesse momento abrem-se as portas a Troublemaker, um dos momentos mais brilhantes do álbum a par de Bostogne Blues (que muito me recorda os grandes - e agora regressados ao activo - Godspeed You! Black Emperor).
Apesar achar que as duas faixas que referi se destacam, tanto We Forgotten Who We Are como Fantastic Justice (as músicas de permeio entre Troublemaker e Bostogne Blues) não trazem desmérito algum ao disco. São duas músicas poderosas,
As minhas reticências em relação a I, Vigilante só surgem mesmo no final quando o inesperado acontece. Of a Lifetime é uma cover dos 'velhinhos' Journey que roça o azeiteiro sem nunca se tornar verdadeiramente desconfortável de ouvir. Talvez funcione como homenagem ou guilty pleasure mas é uma maneira estranha de fechar oficialmente um álbum que, até aqui estava bem equilibrado. A faixa bónus que fecha verdadeiramente o álbum - Burning Bridges - soa muitíssimo bem, mas está também muito deslocada.
Para quem quiser tirar as próprias conclusões, I, Vigilante pode ser ouvido mesmo aqui em baixo (com excepção de Burning Bridges - a faixa bónus).
13bly
* Um lobo pode mudar o pêlo mas não a sua natureza.
Estará em breve nas lojas francesas um novo produto lançado pelos Sex Pistols. Apesar do que se poderia pensar este novo lançamento nada tem a ver com música mas sim beleza ou higiene.
Os 'pais do punk', que tinham fama de ser 'feios, porcos e maus', decidiram lançar um perfume com o nome do seu primeiro single. O líder do grupo era aliás apelidado de Johnny Rotten devido à sua dentição podre que alegadamente não lavava há anos. Hoje em dia Rotten tem-se esforçado voltar a ser John Lydon (seu nome de baptismo) e inclusivamente fez um tratamento aos dentes. Talvez esta investida no mercado dos perfumes seja mais um passo para reforçar essa sua imagem de menino limpinho. Lá para o final do ano deverá ainda surgir uma gama de sabonetes 'Never Mind the Bollocks'.
Para isto não parecer um post sério, nem vou entrar pelos princípios e valores que os Sex Pistols e o movimento punk representam (ou representaram) em oposição com o mundo dos perfumes, da moda e da higiene pessoal. Deve haver muitas contas para pagar.