Tuesday, November 15, 2011

Alguns dos grandes (álbuns) de 2011 - parte 1

Novembro já vai a meio e com ele vieram os dias chuvosos e cinzentões. Não tarda estamos no Natal e todos sabemos que daí até à passagem de ano é um pequeno passo. A grosso modo estamos portanto no final do ano, aquela época de balanço em que se olha para trás e se avalia como este correu na globalidade. Como já sei que se deixar o trabalho todo para o fim vou acabar por fazer um post sem graça como o do ano passado, desta vez vou começar com antecedência e, aos pouquinhos, vou deixar uns pequenos comentários sobre os álbuns que mais companhia me fizeram em 2011 - uma espécie de flash-reviews. No final de cada um destes posts deixo ainda algumas sugestões de álbuns também de 2011 que, apesar de não lhes ter feito tanta rodagem, convém não deixar escapar sem uma audição. Segue abaixo o primeiro lote.

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JAMES BLAKE
JAMES BLAKE
James Blake já vinha construindo a sua reputação com uma série de bons EPs mas só quando finalmente lançou o longa-duração é que foi projectado para a ribalta. Num estilo que mistura influências do soul e do dubstep com algumas convenções de cantautor tradicional, James Blake acaba por trazer ao mundo o seu próprio sub-género musical. Com ou sem efeitos especiais, a voz frágil de Blake soa incrivelmente bem tanto simplesmente ao piano como acompanhada por batidas electrónicas (geralmente lentas mas fortes).

Foi a incrível Limit To Your Love (cover de Feist e primeiro single do disco) que inicialmente me atraiu para o mundo de Blake. Quis ouvir mais deste artista que transforma tão completamente um tema e o torna tão seu depois de o despir à sua essência mais básica. A música que se seguiu foi The Wilhelm Scream que, ainda hoje, não consigo ouvir sem me arrepiar. Tornou-se imperioso ouvir mais e explorar ao máximo o trabalho do jovem músico - o que descobri no seu primeiro álbum foram mais músicas incríveis como Unluck, Lindisfarne (I e II) e Measurements.

Este álbum homónimo de James Blake mudou (talvez para sempre) o panorama da música electrónica. Estarei a exagerar? Só o tempo dirá mas, pelo sim pelo não, fica já aqui o aviso.

GLOSS DROP
BATTLES
Depois de anunciada a saída de Tyonday Braxton ficou a dúvida sobre a continuidade dos Battles como banda. Ninguém sabia muito bem com o que contar pois muita gente acreditava que sem Tyonday estes não teriam futuro. A pergunta que se colocava era: se já seria difícil dar continuidade ao aclamado primeiro álbum (Mirrored, de 2007) como poderia a banda fazê-lo sem o seu frontman? Essas dúvidas revelaram-se afinal infundadas e Gloss Drop é a prova de que definitivamente há vida nos Battles para além de Tyonday. Essa vida é encabeçada por Ice Cream o surpreendente e contagiante single de apresentação do álbum e uma das melhores músicas do ano.

Os instrumentais dos Battles são hipnóticos, a isso já estavamos habituados mas neste disco as suas batidas ficaram bem mais irresistíveis e dançáveis graças a uma influência clara do caribe. Se a isso juntarmos um leque de convidados notável abrem-se as portas para um álbum marcante embora só depois de repetidas audições se comece a conseguir dar valor aos arranjos complexos que compões estes 12 temas.

Apesar de mais nenhuma faixa do álbum ter o mesmo impacto de Ice Cream, Gloss Drop está cheio de temas fortes que demonstram e asseguram a vitalidade dos Battles. Não será o disco do ano mas também não deve ser remetido para o esquecimento.

ONDE MORA O MUNDO
AFONSO PAIS & JP SIMÕES
Quem segue este blog mais ou menos de perto já deve ter percebido que eu gosto bastante do JP Simões. Não deverá ser então surpresa que este disco esteja entre os que mais gostei de ouvir durante o ano. Neste álbum JP Simões não está sozinho - alia-se a Afonso Pais, um músico de excelência. Deste modo, aquele sabor a Brasil funde-se à 'coolness' do jazz e o resultado está à vista - um álbum delicioso.

As canções são delicadas e trabalhadas meticulosamente em arranjos cuidados. Como o gentleman requintado que JP Simões é, a suavidade é o seu habitat natural e o mesmo se poderia dizer dos dedos de Afonso Pais que parecem perfeitamente à vontade neste ritmo. Onde Mora o Mundo é um álbum 'clássico' (o tema que dá o nome ao disco é talvez o melhor exemplo disso) mas já se sabe que com JP Simões há sempre espaço para o bom humor - ouça-se por exemplo a hilariante A Marcha dos Implacáveis (que espelha o sonho secreto da maior parte dos portugueses e o pesadelo de um em particular) ou a esquizofrénica Caro Comparsa ( irónicamente cantada a duas vozes onde os dois protagonistas se tornam quase num Jeckyll & Hyde).

Haverá melhor sítio para morar do que algures entre o tropical e o urbano - entre a bossa-nova e o jazz? Se o mundo morasse realmente neste álbum o mundo seria certamente um lugar melhor.

MENÇÕES HONROSAS
KING OF LIMBS
Radiohead
SMOTHER
Wild Beasts
INTO THE IVORY TOWER
The Allstar Project

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