Wednesday, November 30, 2011

Alguns dos grandes (álbuns) de 2011 - parte 2

Novembro já está a acabar. Não tarda estamos no Natal e todos sabemos que daí até à passagem de ano é um pequeno passo. A grosso modo estamos portanto no final do ano, aquela época de balanço em que se olha para trás e se avalia como este correu na globalidade. Como já sei que se deixar o trabalho todo para o fim vou acabar por fazer um post sem graça como o do ano passado, desta vez vou começar com antecedência e, aos pouquinhos, vou deixar uns pequenos comentários sobre os álbuns que mais companhia me fizeram em 2011 - uma espécie de flash-reviews. No final de cada um destes posts deixo ainda algumas sugestões de álbuns também de 2011 que, apesar de não lhes ter feito tanta rodagem, convém não deixar escapar sem uma audição. Esta é a segunda parte.

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KISS EACH OTHER CLEAN
IRON & WINE
Iron & Wine é o nome artístico de Sam Beam, um norte americano barbudo que faz alguma da melhor música que já ouvi - considero este Kiss Each Other Clean uma obra prima e ninguém me tira da cabeça que o EP a meias com os Calexico (In the Reins) é uma das melhores coisas de sempre. Embora nunca se distancie totalmente do imaginário rural que é seu habitat natural, em Kiss Each Other Clean, Sam Beam segue mais assumidamente um caminho mais soturno já tocado ao de leve em The Shepherd's Dog e dá um passo para além da sonoridade profundamente campestre dos seus trabalhos anteriores.

Acima de tudo este Kiss Each Other Clean é um aglomerado de grandes (enormes até) canções pop bem enraizadas na tradição folk dos anos 70 (Crosby, Stills, Nash & Young por exemplo teriam certamente gostado deste disco). Mais ou menos a meio da sua duração, o álbum perde um bocadinho de força, mas depois de um arranque tão forte seria de admirar se isso não acontecesse. Apesar desse pequeno solavanco a meio da viagem é no derradeiro final que Kiss Each Other Clean realmente brilha.

É quando já estamos convencidos de que o disco é bom, que Your Fake Name is Good Enough for Me chega aos nossos ouvidos - o brilhantismo deste tema (de onde sai o título do disco) por si só colocaria este álbum na minha 'lista'.

PALÁCIO
FILHO DA MÃE
Uma das maiores surpresas de 2011 vem dos dedos de Rui Carvalho e é assinada com o nome Filho da Mãe. Foi numa das belíssimas sessões do BODYSPACE AU LAIT que fui apresentado ao luxuoso Palácio de Rui Carvalho. O concerto foi de tal forma intenso e envolvente que não resisti e comprei logo ali o disco que viria a tornar-se um dos meus preferidos do ano.

A sonoridade algo inquietante das suas melodias agarrou-me pelos colarinhos e não me largou mais. Filho da Mãe faz música com uma 'portugalidade' inegável, há alguns toques de fado e o sentimento de saudade quase palpável, mas a forma como dedilha a guitarra é muitas vezes áspera. Embora consiga destacar a hipnótica Helena Aquática como o momento mais alto do álbum (a faixa cresce sucessivamente de intensidade com recurso a loops e mais loops até se tornar quase atordoante) esse não é definitivamente o único ponto de interesse do disco. Bem pelo contrário. Nada do 'resto' deve ser desprezado. Nem a melancólica Sobretudo, nem a nostálgica Não Sei Desenhar Barcos ou a frenética Eusébio no Deserto.

Tanto nos ritmos mais lentos e introspectivos (que por vezes soam quase a um mantra) como nos dedilhados mais urgentes, Rui Carvalho imprime alma nas cordas da sua guitarra e isso resulta num álbum de excelência. O primeiro de muitos, espero eu.

KAPUTT
DESTROYER
Neste período em que já (quase) nada é novo, as palavras de ordem são "recuperar coisas do passado". Chama-se a este movimento revivalismo e pode ser dividir em dois grandes ramos principais: o revivalismo bacoco e o que está carregadinho de classe até cima. É de minha opinião que Kaputt se encaixa perfeitamente nesta segunda categoria. Kaputt é já o 9º álbum de uma banda chamada Destroyer cuja sonoridade dificilmente seria adivinhada com base apenas no seu nome. Esta banda encabeçada por Dan Bejar (mais conhecido talvez pelo seu trabalho nos The New Pornographers), foi sem dúvida uma das minhas maiores descobertas deste ano.

Kaputt é uma mistura de influências que vêm desde os anos 80 (com o que isso traz de bom e também com aquele toque kitsch que poderia ser mau mas não é) até à modernidade dos nossos dias. A maneira de cantar quase-declamada-quase-sussurrada de Dan Bejar faz-se ouvir entre melodias pop quase sempre suaves e pelo meio desvenda-se um saxofone ou um sintetizador que dão um toquezinho de jazz e disco que nos deixa aquela pulguinha atrás da orelha.

São grandes temas como Bay of Pigs, Kaputt, Suicide Demo for Kara Walker e Savage Night at the Opera que fazem deste um dos melhores discos de 2011 e, para mim, uma das maiores revelações.

MENÇÕES HONROSAS
ASLEEP ON THE FLOODPLAIN
Six Organs of Admittance
HURRY UP, WE'RE DREAMING
M83
TOMBOY
Panda Bear

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