Tuesday, December 20, 2011

Alguns dos grandes (álbuns) de 2011 - parte 3

Está o Natal à porta. Daqui até à passagem de ano é um pequeno passo. A grosso modo estamos portanto no final do ano, aquela época de balanço em que se olha para trás e se avalia como este correu na globalidade. Como já sei que se deixar o trabalho todo para o fim vou acabar por fazer um post sem graça como o do ano passado, desta vez vou começar com antecedência e, aos pouquinhos, vou deixar uns pequenos comentários sobre os álbuns que mais companhia me fizeram em 2011 - uma espécie de flash-reviews. No final de cada um destes posts deixo ainda algumas sugestões de álbuns também de 2011 que, apesar de não lhes ter feito tanta rodagem, convém não deixar escapar sem uma audição. Esta é a parte três.

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BON IVER, BON IVER
BON IVER
Entre o lançamento de For Emma, Forever Ago (2008) e a data de edição deste disco bi-homónimo, Justin Vernon andou ocupado - lançou um outro EP com assinatura Bon Iver, lançou mais dois belíssimos álbuns (de outros projectos: Gayngs e Volcano Choir) e participou em temas com Kanye West e James Blake. O que poderia este homem ter ainda na manga? A resposta é Bon Iver, Bon Iver.

À primeira audição, com excepção de Perth, o quase-perfeito tema de abertura, pareceu-me que não havia muito a reter deste disco. Com audições repetidas e casuais fui-me apercebido que havia qualquer coisa mais que não se captava à primeira, algo que ultrapassa a estrutura simples de uma melodia bonita e mudei de opinião... Agora, quando ouço Bon Iver, Bon Iver, perco-me nos mil-e-um pormenores minuciosos. Cada um dos oito temas possui muitas camadas de complexidade e não tinha conseguido apreende-las com uma audição isolada.

A forma como o dedilhado acústico surge em Minnesotta, WI, o saxofone discreto de Holocene, umas campainhas distantes em Michicant... enfim, são demasiados bombons para enumerar. Diz-se que os pormenores fazem a diferença. Bon Iver, Bon Iver não podia ser melhor exemplo disso. Para além disso tem um dos artworks mais bonitos de sempre.

CHROMATIC
YOU CAN'T WIN, CHARLIE BROWN
Já no ano passado o EP homónimo do sexteto leiriense foi um dos meus lançamentos favoritos. Este ano repetem a proeza com o seu primeiro longa-duração. Chromatic, assim se chama o álbum, foi bem baptizado, os seus temas são uma paleta impressionante de cores: dos energéticos tons quentes de Primavera/Verão de Over the Sun/Under the Water e I've Been Lost aos azulados melancólicos de a While Can Be a Long Time e Glimpse com passagem pelos verdes óbvios das duas Green Grass.

O videoclip de Over the Sun/Under the Water não podia ter sido melhor escolhido para fazer a apresentação deste disco. A imagética é perfeita, campos verdejantes debaixo de um sol que brilha num céu limpo e azul. Chromatic é um álbum imediato daqueles de amor à primeira audição. As melodias entram bem no ouvido e todas as peças encaixam bem umas nas outras. Sejam as guitarras ou a percussão, os jogos vocais ou as palmas e os xilofones... tudo se combina na quase perfeição de um disco pop muitíssimo bem conseguido.

Afonso Cabral, David Santos, João Gil, Luís Costa, Salvador Meneses e Tomás Sousa criaram uma espécie terapia em forma disco. Que bom que é ter a sensação de liberdade de um mundo solarengo à distância de uma música.

HARDCORE WILL NEVER DIE, BUT YOU WILL
MOGWAI
Os Mogwai deram em Paredes de Coura um dos concertos do ano, mas isso nada tem a ver com a presença deles nesta 'lista'. Ou talvez tenha, mas isso não é importante, nunca disse que estas escolhas seriam imparciais. O que importa é que, independentemente do concerto incrível, os escoceses mais famosos do post-rock lançaram um disco e pêras que, já agora, tem um dos melhores títulos de sempre.

Nota-se que os Mogwai quiseram experimentar coisas novas - quebraram convenções, correram riscos e saiu-lhes tudo bem. As diferentes influências são orgulhosamente assumidas. Desde toques electrónicos (mais audíveis nas vozes distorcidas de Mexican Grand Prix e George Square Thatcher Death Party) à sua veia mais metaleira (You're Lionel Richie) passando pelos temas mais melodiosos (White Noise, Letters to the Metro) e mais rockeiros (Rano Pano, San Pedro) sem esquecer a apoteose de How to Be a Werewolf lá pelo meio.

Ao abandonarem aquela fórmula convencional do post-rock (os lentos crescendos que culminam numa explosão apoteótica) os Mogwai corriam o risco de tirar intensidade à sua música. Ao invés disso, o que aconteceu foi um aumento da imprevisibilidade e consequentemente um maior impacto de cada tema. Há música que não é feita para ser ouvida mas para ser apreciada. Encaixo este álbum nessa categoria. Hardcore Will Never Die, But You Will é um disco que marca.

MENÇÕES HONROSAS
LET ENGLAND SHAKE
PJ Harvey
MIND BOKEH
Bibio
FALA MANSA
Norberto Lobo
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