Tuesday, January 10, 2012

Alguns dos grandes (álbuns) de 2011 - parte 5

Já em pleno 2012 ainda se avalia o ano que passou. Este post contém alguns pequenos comentários sobre os álbuns que mais companhia me fizeram em 2011 - uma espécie de flash-reviews. No final de cada um destes posts deixo ainda algumas sugestões de álbuns também de 2011 que, apesar de não lhes ter feito tanta rodagem, convém não deixar escapar sem uma audição. Esta é a quinta e última parte desta série (mais tarde é provável que surjam os 'atrasados').

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BAD AS ME
TOM WAITS
Bad As Me arranca com o frenesim industrial de Chicago mas algumas faixas depois o cenário é o balcão solitário de um bar fumarento onde se afogam mágoas em whisky. É nestes ambientes soturnos que Waits está realmente em casa mas isso não o impede de fazer temas mais delicados e sensíveis como Back in the Crowd, Last Leaf ou New Year's Eve.

A sua voz áspera é inconfundível e neste Bad As Me, o trovador norte-americano explora as suas várias facetas - o pregador possuído; o baladeiro de coração partido; o boémio noctívago... Para além das habituais colaborações de Mark Ribot e da sua esposa, Kathleen Brennan, juntam-se a Waits nomes como Flea ou Keith Richards - uma das faixas em que este último participa intitula-se Satisfied, transborda swing rockeiro e versa assim: "I will have satisfaction, i will be satisfied. Now Mr. Jagger and Mr. Richards, I will scratch where i've been itching." - uma clara provocação ao clássico dos Rolling Stones.

Qualquer lançamento de Tom Waits é um acontecimento digno de nota. O tema homónimo com que o veterano apresentou o disco deixou toda a gente com água na boca e, saído o disco arrebatou a crítica que cedo o aclamou Bad As Me como estando ao nível dos seus melhores trabalhos. Um feito admirável para alguém com mais de 40 anos de carreira.

HELPLESSNESS BLUES
FLEET FOXES
Em 2008, o primeiro álbum (homónimo) dos Fleet Foxes foi, para mim, amor à primeira audição. Com Helplessness Blues a atracção não foi tão imediata, foi uma espécie de gosto adquirido. Os arranjos mais complexos necessitaram de algum tempo para assimilar mas, após alguns momentos iniciais de estranheza, rendi-me.

Helplessness Blues é a evolução natural do álbum de estreia, a evolução que pouca gente acreditava que fosse possível. Esta mudança de ritmo fez bem à banda de Seattle e, sem perder identidade (aquelas harmonias vocais são inconfundíveis), o seu som ficou mais robusto e as composições mais grandiosas (Bedouin Dress, Sim Sala Bim e Grown Ocean). Também tematicamente houve um ligeiro afastamento daquele cenário rústico solarengo - em Helplessness Blues o céu está nublado e projecta sombras nos campos. Basta ouvir The Shrine/An Argument (e ver o belíssimo vídeo) para captar essas nuances mais sombrias. Mas nem só de arranjos mais complexos vive este disco - aquela simplicidade crua e directa também marca presença, especialmente em The Cascades, Someone You'd Admire e Blue Spotted Tail.

Felizmente que os cépticos estavam errados e Helplessness Blues saiu um belíssimo álbum que facilmente se equipara (para não afirmar com veemência que o supera) com o primeiro disco da banda.

EM BUSCA DAS MONTANHAS AZUIS
FAUSTO
De forma algo similar ao que disse sobre Tom Waits, qualquer lançamento de Fausto será um acontecimento digno de nota, mais ainda quando esse lançamento é um disco duplo que conclui a épica trilogia Lusitana Diáspora iniciada em 1982 com o histórico Por Este Rio Acima.

Uma vez mais, e como não podia deixar de ser em qualquer relato baseado nos Descobrimentos, o mar assume um papel de destaque. Neste caso, pela narração se centrar especialmente na colonização das quentes terras africanas, Em Busca das Montanhas Azuis aventura-se ainda para além da costa e explora os estranhos costumes dos indígenas e as exóticas fauna e flora locais. Não é surpresa nenhuma que Fausto Bordalo Dias é capaz das melodias e letras mais incríveis, neste caso o que surpreendeu foi a capacidade de imprimir neste um tom muito actual sem perder a continuidade com os outros dois trabalhos da trilogia nem trair o seu estilo pessoal. O melhor exemplo disso é provavelmente Velas e Navios Sobre as Águas - o cativante single de apresentação.

Os ritmos tropicais de África complementam na perfeição a sonoridade profundamente portuguesa desta longa narrativa. Numa altura em que quase passamos de colonizadores a 'colónias' o timing deste disco não podia ser mais acertado. Com Fausto já se sabe, é cada tiro, cada melro.

MENÇÕES HONROSAS
THE WHOLE LOVE
Wilco
TAKE CARE, TAKE CARE, TAKE CARE
Explosions in the Sky
B FACHADA (II)
B Fachada
13bly