Friday, September 30, 2011

Novidades na volta do correio

Está na cara que o 13 billion lightyears tem... cara nova. Pessoalmente (embora eu seja um bocado suspeito) acho que está melhor. Parece-me tudo mais limpo e mais visível e com uma ou outra novas funcionalidades (como as partilhas e a pesquisa). Os links aconselháveis, esses ainda estão presentes mas agora lá no fundo da página. Importa não esquecer que, apesar de tudo, este novo visual não reflecte qualquer mudança em termos de conteúdo ou filosofia - o 13bly será o mesmo que era antes, fez só um liftingzito para parecer mais novo.

Mas as novidades não se ficam por aqui...
A acompanhar estas mudanças, nasceu também um novo blog, uma espécie de irmão mais novo do 13bly. Chama-se trezemaisum (ou 13+1) e consiste muito simplesmente numa espécie de aterro - uma 'lixeira virtual a céu aberto' mas de coisinhas boas - onde vou despejando, sem grande critério para além do gosto pessoal, tudo o que for imagens (fotografias/ilustrações/cartoons/etc.) pelas quais me interesse independentemente de, mais tarde, as partilhar no 13bly ou não.

Podendo é seguir de perto. Não tão de perto como o 13bly, mas ainda assim...

13bly

Tuesday, September 27, 2011

Três - Afonso Pais e JP Simões (e Nuno Prata) @ Theatro Circo (24-09-2011)


É sempre um prazer para mim ouvir JP Simões, mais ainda quando o cenário é uma das mais bonitas salas de espectáculo do país - o Theatro Circo. No passado Sábado assisti aquele que é já o meu terceiro concerto do trovador coimbrense de 2011 e importa referir que todos os três espectáculos tiveram um pretexto diferente. Primeiro, acústico e completamente a solo, foi na estreia do Bodyspace au Lait, poucos dias depois encontrei-me novamente com ele em Vila do Conde, então com os quase-lendários Belle Chase Hotel. Agora, em Braga, JP apresenta-se na companhia do incrível Afonso Pais.


Com este novo disco/parceria, JP Simões une-se a Afonso Pais e funde dois mundos distintos fazendo a suavidade tropical do Brasil abraçar com afecto a sofisticação abstracta do jazz. Não se pode dizer que este encontro de sonoridades seja inovador ou improvável - já foi praticado algumas vezes pelos maiorais do outro lado do Atlântico - mas nem só de vanguardismo vive a música e a verdade é que tudo aqui soa muito bem. Todas pecinhas de Onde Mora o Mundo (o nome do disco) encaixam muito bem umas nas outras como se estes mundos sempre tivessem vivido de mãos dadas. De tempo a tempo a delicada voz de JP Simões dá espaço à guitarra de Afonso Pais. Ao vivo isso é ainda mais 'visível' com os instrumentais alongados a permitir que o músico de jazz dê asas aos seus dedos e que estes por sua vez dedilhem o seu instrumento de eleição como se não houvesse amanhã.

Vale a pena também referir o concerto de abertura, a cargo de Nuno Prata. Durante uma horita, com dois companheiros a dar apoio, o ex-baixista dos Ornatos Violeta apresentou os seus trabalhos a solo. Sem pretensiosismo Nuno Prata é possuidor de um punhado de boas canções - simples e directas (como Essa dor não existe (tu isso sabes não sabes?) ou Hoje quem?). As outras não serão tão boas mas compuseram um concerto agradável para preparar caminho para o prato principal da noite.

Apesar de ter sentido JP Simões algo apagado no palco de Theatro Circo e de o concerto ter sido um pouco curto (cerca de uma hora) foi uma boa oportunidade para rever um dos melhores trovadores portugueses. A oportunidade é especialmente boa tendo em conta que actuava numa das mais bonitas salas do país acompanhado pelo exímio Afonso Pais ao preço nada exorbitante de 10€.

13bly

Sunday, September 25, 2011

Friday, September 23, 2011

SILENCE!! (SILÊNCIO!!)

Aloe is gonna sing for you.
(Que não se vai cantar o fado mas quase.)

Aloe Blacc - Green Lights
13bly

Thursday, September 22, 2011

(des)verificação ortográfica


"SPELL CHECKER BLUES"

Eye halve a spelling chequer
It came with my pea sea
It plainly marques four my revue
Miss steaks eye kin knot sea.

Eye strike a key and type a word
And weight four it two say
Weather eye am wrong oar write
It shows me strait a weigh.

As soon as a mist ache is maid
It nose bee fore two long
And eye can put the error rite
Its rarely ever wrong.

Eye have run this poem threw it
I am shore your pleased two no
Its letter perfect in it's weigh
My chequer tolled me sew.

- Anonymous
13bly

Tuesday, September 20, 2011

15º "Os fins justificam os meios"

fins
s.m.pl.
Escopo, desígnio, alvo.

meios
s.m.pl.
Bens, fortuna, recursos, haveres.
Arte com meios não tradicionais.

#15 FOLHAS




Outros meios:
  • #1 JORNAL
  • #2 LIVROS
  • #3 SOMBRAS
  • #4 LUZ
  • #5 PAPEL (1)
  • #6 PAPEL (2)
  • #7 LÁPIS e "BORRACHA"
  • #8 FITA-COLA
  •  #9 PAPEL (3)
  • #10 SAL
  • #11 GUARDA-CHUVAS
  • #12 FITA-COLA (2)
  • #13 LIVROS (2)
  • #14 DESTRUIÇÃO
  • #14 FOLHAS

  • 13bly

    Sunday, September 18, 2011

    Friday, September 16, 2011

    O que raio é a Música afinal?


    A pergunta parece simples mas a resposta não o é assim tanto. Talvez por isso mesmo The Heart is Drum Machine não se proponha a responder a ela de forma objectiva mas apenas a recolher possíveis resposta de dezenas de outras pessoas (na sua maioria músicos). De entre os entrevistados destacam-se nomes como Wayne Coyne (dos Flaming Lips), Maynard James Keenan (dos Tool) ou John Frusciante (dos Red Hot Chili Peppers).


    The Heart is a Drum Machine não é tanto um documentário como é uma simples recolha de depoimentos soltos. Uma série de personalidades definem música da maneira que podem e falam da sua própria experiência com ela ou da importância que esta tem. Isto poderia ser (e é) uma premissa interessante mas faltou um fio condutor a este filme para marcar realmente a diferença pela positiva. A montagem e a estética também são algo amadoras e sem chama não tendo ajudado à festa e nem sempre os próprios testemunhos eram bem conseguidos ou relevantes. Safa-se, essa sim, 'espacial' banda sonora a cargo de Steven Drozd (dos Flaming Lips).

    Apesar de ter gostado do filme e ter achado a maior parte do que foi dito interessantes não sei se o aconselharei a alguém. Ainda assim, quem tiver ficado curioso pode ver o filme na íntegra aqui

    13bly

    Wednesday, September 14, 2011

    avulso - Olhas como que através de mim, cada fissura e imperfeição.

    avulso (latim avulsus, -a, -um, separado, arrancado)
    adj.
    isolado, solto, desconexo, desirmanado.

    Local - MIranda do Douro
    Data - 06 Ago 2011
    13bly

    Monday, September 12, 2011

    "Sai uma dose de arroz xau-xau para a mesa sete!"


    As melhores ideias são as mais simples e estas tornam-se melhor ainda quando bem executadas. Esta curta de Marko Slavnic é um dos grandes exemplos disso mesmo. Com uma imagem bem cuidada mas sem grande espalhafato, Table 7 parte de uma ideia simples e cria o suspense necessário para nos deixar na expectativa até ao final. Quando nos apercebemos do que realmente se está a passar é impossível não largar um sorriso de "bem jogado". Vale a pena 'perder' quatro minutos nisto.

    Writer/Director: Marko Slavnic
    Co-Director: Andrew McDonald
    Producers: Andrew Lee, Marko Slavnic, Andrew McDonald
    Cinematography: David Blue Garcia
    Music: Ed Dunne
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    Cast:
    Man - Ray Rosales
    Woman - Stephanie Lozos
    Recordist - Isaac Kim
    Camera: Red One
    13bly

    Sunday, September 11, 2011

    Saturday, September 10, 2011

    Transcendência - Six Organs of Admittance @ Culturgest, Porto (09-09-2011)


    Six Organs of Admittance é Ben Chasny e Ben Chasny é nada mais nada menos que um génio da guitarra com capacidade de deitar cá para fora dois belíssimos álbuns por ano. Na verdade ainda não conheço bem o seu trabalho - a noite de ontem foi praticamente o meu primeiro contacto com a arte do norte-americano - mas digo já que irei mergulhar de cabeça na sua extensa discografia (já lá vão mais de 20 trabalhos editados).

    Chamam-lhe neo-folk, dizem que tem laivos de drone e psicadelismo, fala-se nisto e naquilo mas, etiquetas à parte, se há coisa que a música que Ben Chasny tece delicadamente com os seus dedos é, essa coisa é "assombrosamente bela". Six Organs of Admittance apela à introspecção, a um refúgio num mundo onírico desligado da realidade. É uma música que, com ou sem intenção tem uma carga espiritual muito forte e transborda emoção. É capaz de transportar qualquer pessoa a um estado de relaxamento elevado e a sentir-se em sintonia consigo próprio.




    Na Culturgest do Porto, com algum mérito do espaço, o concerto ganhou uma dimensão quase sobrenatural. O chão de mármore, o enorme pé direito, as colunas dispostas em círculo, a clarabóia colorida bem como a ausência de um palco e toda acústica da sala transporta os espectadores para um local místico, um local de culto, uma espécie de templo da música. Apesar de tudo o maior mérito dessa viagem interior tão intensa não terá sido da sala. Se há uns grandes culpados por esta quase-sessão de meditação transcendental - este sonho colectivo - esses são Ben Chasny, o seu talento e a sua música. Durante aquela hora não se pensou em nada; durante uma hora o mundo 'lá fora' deixou de existir e pode simplesmente desfrutar-se da genialidade de um indivíduo que tem a coragem de partilhar esse génio com o mundo.
    Amén, Ben Chasny, amén!

    13bly

    P.S. - Importa ainda dizer que, para além de ser um músico de excelência, Ben Chasny é um dos responsáveis por levar Carlos Paredes além-fronteiras. A reputada editora Drag City que tem no seu catálogo nomes como Six Organs of Admittance, Scout Niblett, Will Oldham, Joanna Newsom ou Bill Calahan irá em breve juntar o nome do exímio guitarrista português a essa lista ao reeditar todos os seus trabalhos.

    Friday, September 9, 2011

    Festival Paredes de Coura 2011 - Dia 3


    Como tudo o que é bom acaba depressa, o último dia de festival chegou rápido demais. No último dia sabemos que as tardes a relaxar na relva começam a chegar ao fim e que sobe a rampa pelas últimas vezes. Ainda o festival não acabou e já se sentem saudades. Depois dos incríveis concertos de Pulp, Battles e Kings of Convenience haveria ainda algo para ao mesmo nível reservado neste festival? A resposta é sim.

    20 AGOSTO'11
    O TERCEIRO DIA


    Em geral o concerto mais esperado deste último dia de festival era o dos Death From Above 1979 - recentemente regressados aos palcos depois de uns anos de paragem. Esta poderosa dupla canadiana nunca foi no entanto uma banda com a qual me identificasse - o concerto que realmente ansiava nessa noite era o dos escoceses Mogwai.


    Depois do indie-rock dançável dos Two Door Cinema Club não seria fácil agarrar o público com um post-rock introspectivo mas foi isso mesmo que os Mogwai fizeram. O fosso entre as duas bandas era enorme mas os Mogwai não se intimidaram e demonstraram porque andam há 16 anos a trazer música ao mundo.

    A experiência dos escoceses fez-se sentir em pleno naquilo que melhor os caracteriza- aqueles longos crescendos, meticulosamente trabalhados de forma a fazer aumentar a expectativa e que, inevitavelmente, terminam em intensas explosões sonoras. Não me é nada fácil escrever sobre um concerto tão intenso e causador de tantas emoções fortes como este. Aquela apoteose da Mogwai Fear Satan foi capaz de arrepiar qualquer um e não minto quando digo que vi gente ir às lágrimas - não cheguei a tanto mas, que me lembre, nunca uma música mexeu tanto comigo e nem que fosse só por isso guardaria este concerto para sempre na memória.

    Apesar de os Mogwai levarem para casa esta taça houve mais bons espectáculos neste último dia de festival.
    • Estreados no palco principal de Paredes de Coura em 2007 os Linda Martini regressam 4 anos depois e tocam sensivelmente à mesma hora - na minha opinião o (agora) quarteto já merecia uma posição mais elevada no line-up. O sucesso do segundo álbum cimentou a posição de destaque dos Linda Martini no panorama musical nacional e deu à banda um reforço de confiança. Com tantos temas bons na bagagem começa a ser difícil fazer uma setlist sem deixar de fora algumas grandes músicas. Ainda assim o alinhamento manteve muitos dos temas clássicos (Amor Combate, Este Mar, Dá-me a Tua Melhor Faca) e a estes juntaram-se os 'novos clássicos' de Casa Ocupada como Juventude Sónica, Belarmino VS, Ameaça Menor e claro, para fechar, a poderosa e polémica Cem Metros Sereia. Não podia ter corrido melhor.
    • A substituta espanhola dos Foster the People - de nome artístico Maika Makovski - trouxe a Paredes de Coura um rockzito ligeiro com raízes blues.Não foi mau... o que equivale a dizer que também não foi bom. Sem nada de marcante que o distinga este foi um concerto perfeitamente esquecível - talvez o menos memorável de todos os que assisti este ano.
    • A banda mais bem recebida do festival foram os Two Door Cinema Club. Transportando consigo um hype algo exagerado a banda fez aquilo que se esperava deles tendo em conta a música que praticam - um indiezinho dançável com agradáveis melodias muito dadas a uma festarola animada sem nunca ambicionar a muito mais do que isso. Ao menos parecem sinceros no que fazem e são competentes, ou seja, cumpriram - não desiludiram mas também não fizeram nada de extraordinário. É a típica banda indie que, entre tantas outras, está de passagem - chegam, fazem a festa, o pessoal gosta, vão-se embora e o pessoal esquece. É de ser assim. Siga, venha a próxima!
    • Depois de Mogwai estava a noite feita, por mim podia fazer as malinhas e ir para casa todo contente da vida. Ainda bem que não o fiz pois caso contrário teria perdido o grande concerto dos Death From Above 1979 Orelha Negra. Lá chegaremos, por agora voltamos aos DFA1979 - os cabeças de cartaz. Muitas pessoas se queixavam da falta de sonoridades pesadas no cartaz - os Trail of Dead colmataram um pouco essa falha mas, digamos, este é um 'peso mais cerebrado'. Estavam depositadas então nos Death From Above, as grandes esperanças do rock frenético e suado desta edição de Paredes de Coura. Ali na zona em frente ao palco os ânimos realmente aqueceram - aquilo era pernas e braços por todo o lado - mas não me pareceu que o fogo se tenha propagado colina acima. Ninguém pode acusar a dupla canadiana de falta de empenho, eles realmente debitaram bastante energia mas, na minha opinião algo falhou ali. E não foram só alguns problemas de som nem o facto de os temas soarem todos ao mesmo. Terá sido culpa do exímio concerto dos Mogwai?
    • Deixando para trás um ou outro espectáculo menos bem conseguido, para fechar, já no after, estava guardada aquela que foi talvez a maior revelação de 2010 e definitivamente uma das maiores festas deste festival - os Orelha Negra. O quinteto maravilha incendiou a tenda do after-hours com os seus ritmos hip-hop carregados de soul, samples e de influências do R&B de outros tempos. Foi num espírito de festa tremendo patrocinado por este estilo quase-mash-up dos Orelha Negra que se terminou em beleza um festival que teve (quase) sempre ao mais alto nível.
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    Outros dias: Dias 0 | Dia 1 | Dia 2 | Dia 3
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    13bly

    Wednesday, September 7, 2011

    XXVI Fotograma - Uma história de amor


    Com um nome tirado de uma das baladas mais melacólico-deprimentes de Tom Waits, Blue Valentine dificilmente poderia ser um filme 'cor-de-rosa'. E não o é de facto. Sem floreados ou coraçõezinhos, Blue Valentine é o amor tal como ele é - directo, avassalador, brutal e confuso. Não só cru como também, muitas das vezes, cruel.



    Ryan Gosling e Michelle Williams, como casal, desempenham os dois extremos do amor, os pombinhos apaixonados e o casal que, atingido o ponto de saturação, quase não se consegue ver à frente. O espectador assiste à transformação não de uma forma progressiva mas de um ponto de vista alternado (ora uma cena de estado de graça, ora uma de desgraça) . Desta forma, ao invés da progressão/degradação gradual de uma história contada por ordem cronológica, o colorido dos primeiros tempos contrasta de forma extrema com o tom mais sombrio que pauta os anos posteriores. Não é um soco no estômago no sentido convencional mas lá que nos deixa com um mal estar que nos põe a pensar na vida.

    É assim mesmo o amor, ao contrário do que se diz por aí à boca cheia, este não é capaz de superar todos os obstáculos. Só é pena que Hollywood raramente se lembre disso e se limite a vender as ilusões do costume.

    13bly

    Tuesday, September 6, 2011

    Sunday, September 4, 2011

    Saturday, September 3, 2011

    (X por Y)^31


    X= Space Oddity; Y= História Infantil

    Em 1969, um ano depois da estreia de 2001: A Space Odyssey, David Bowie lançou Space Oddity. Nem o título nem a temática do single - com o mesmo nome - serão coincidências. Space Oddity (a música, não o álbum) é a história de Major Tom, um corajoso astronauta que parte em missão para o espaço mas que, por dificuldades técnicas não regressa.

    Quem haveria de se lembrar de adaptar esta deprimente história para crianças? Andrew Kolb, that's who. O canadiano pegou nas palavras de Bowie, ilustrou-as e materializou assim esta história numa espécie de mini banda desenhada. Ainda não há versão física do livro e mesmo a versão para download está neste momento suspensa por questões legais. Felizmente que no youtube já existe uma versão que combina a música com as ilustrações.


    Agora resta esperar que Kolb consiga superar os entraves legais e publicar a sua obra numa versão física. Vale ainda a pena espreitar a página de Andrew Kolb e explorar um pouquinho mais do seu trabalho.

    13bly

    P.S. - A título de curiosidade acho engraçado que Andrew Kolb se tenha lembrado que 2001: A Space Odyssey foi inspiração para Bowie e tenha desenhado o Major Tom com um fato muito semelhante ao utilizado no filme (principalmente na cor e na forma do capacete).

    Friday, September 2, 2011

    Festival Paredes de Coura 2011 - Dia 2


    O segundo dia do festival trazia consigo um nome extra. Os Trail of Dead - confirmação de última hora - vieram reforçar um dia que por si só já tinha um alinhamento de luxo. É verdade que Kings of Convenience talvez não fossem os cabeças de cartaz ideais para o festival mas tudo correu pelo melhor e viveu-se (mais) uma noite memorável em Coura.

    19 AGOSTO'11
    O SEGUNDDO DIA


    Apesar de várias pessoas me terem prevenido de que ao vivo não eram grande coisa, os Battles eram uma das bandas que mais queria ver neste festival. Digo-o já: não me volto a acreditar nesta gente agoirenta - este foi um concerto e pêras! Penso que quase toda a gente foi apanhada de surpresa com este espectáculo - muitos esperariam sem dúvida que fosse bom mas duvido que alguém esperasse que fosse TÃO bom.

    Depois da saída de Tyondai Braxton da banda os Battles pareciam condenados à morte mas os restantes membros do então quarteto (Ian Williams, John Stanier e Dave Konopka) souberam dar a volta por cima. Na falta de um vocalista encheram o seu novo disco de convidados de categoria - a coisa, pode dizer-se, não resultou mal. Outra das coisas que se dizia por aí sobre os concertos dos Battles é que não tocavam músicas to primeiro álbum. Foi então com uma enorme surpresa e entusiasmo que o anfiteatro natural de Paredes de Coura recebeu Atlas - o bizarro e contagiante sucesso de Mirrored (2007). Estava o concerto ganho.

    Neste espectáculo, como seria de esperar, os Battles trouxeram Gloss Drop para o palco: Africastle, Futura, Wall Street... todas soaram maravilhosamente no anfiteatro natural de Coura. Ora com a sensualidade latente de Sweet & Shag (com a participação virtual de Kazu Makino que ainda no dia anterior tinha espalhado magia com os Blonde Redhead) ora com os ritmos calientes de Ice Cream (com participação virtual de Matias Aguayo) ou com o toque mais industrial de My Machines (com participação virtual de Gary Numan) os Battles foram certeiros neste concerto. Não tivesse eu visto os Kings of Convenience no Theatro Circo no ano passado e talvez a minha opinião fosse outra mas, nestas condições, arrisco-me a dizer que este trio nova iorquino deu O concerto da segunda noite de festival.

    Ainda assim, e tal como no dia anterior, a noite não se resume a um único concerto excelente:
    • O único concerto que fui ver ao Palco 2 foi o dos portugueses You Can't Win, Charlie Brown. Já os tinha debaixo de olho antes do maravilhoso EP homónimo editado pela OptimusDiscos e quando este saiu fiquei verdadeiramente rendido ao seu som. Agora acabaram de lançar o seu primeiro álbum - Chromatic. Ao vivo fiquei ainda mais deliciado com este sexteto talentoso - foi daqueles concertos que, naquele momento, caíram na perfeição. Só é pena que tenha sido tão curto - menos de meia hora não chega a nada. Os You Can't Win, Charlie Brown são para mim um dos melhores projectos nacionais e (espero eu) estão aí para ficar. Espero vê-los novamente em breve.
    • Foi com uma simpatia muito acima da média que The Joy Formidable abriram o palco principal neste dia. O trio de Gales, que em palco destilou energia q.b., prometeu voltar em breve. De certeza que não lhes faltará público.
    • Contratação de última hora, os texanos And you will know us by the Trail of Dead... (ou só Trail of Dead para amigos) prometiam ser um dos grandes concertos do festival - infelizmente não foi isso que aconteceu. O rock progressivo dos Trail of Dead é poderoso mas não teve aquela intensidade que se esperava. Não se pode dizer que tenha sido um mau concerto mas lá que ficou muito aquém das expectativas ficou.
    • Seria difícil a qualquer banda pegar no público depois do incrível concerto dos Battles. Essa hercúlea tarefa coube aos Deerhunter, outra das bandas pela qual mais esperava e que também acabou por me desiludir. Não sei se por dificuldades técnicas ou por opção da banda o som estava, para meu gosto, muito mal calibrado e no meio de tanto ruído e distorção perdeu-se uma das coisas que os Deerhunter têm de melhor - as melodias incríveis. Apesar de tudo foi um concerto que pareceu demasiado curto mas do qual, mesmo assim, apenas retenho o bizarro monólogo de Bradford Cox e os (esses sim) dois últimos temas - Memory Boy e Nothing Ever Happened. Mais uma vez - não foi mau, mas esperava muito melhor.
    • Na merecida (embora discutível) posição de cabeças de cartaz estavam os Kings of Convenience. Este era potencialmente o concerto mais arriscado do festival, não me parece que pudesse haver um meio termo - das duas uma ou o concerto era um tremendo sucesso ou era um fiasco de todo o tamanho. Felizmente a resposta certa é a primeira com o público a receber muito bem as bossas-novas e baladas melancólicas deste duo norueguês. Sim, o concerto é melhor numa sala fechada com um público mais dedicado mas, no anfi-teatro natural de Paredes de Coura e frente a mais de 20.000 pessoas a coisa acabou por resultar muito bem (muito melhor do que esperava). Olhar para trás e ver, colina acima centenas de pequenas chamas (sim, o pessoal usou isqueiros e não telemóveis) a tremeluzir é uma imagem que tão cedo não haverei de apagar da memória. Nem isso nem a já-habitual-mas-nem-por-isso-menos-intensa versão da Corcovado de Jobim.
    • Se a contratação de Kings of Convenience foi a mais arriscada, para mim a de Marina & the Diamonds foi a mais desenquadrada. Aproveitei o concerto que menos me interessava para descansar as pernas e comer qualquer coisa antes de Metronomy que, apesar de não ser uma banda que me fascine particularmente, reunia o entusiasmo de quase todos os meus companheiros de festival. A banda britânica (que parece nunca ter visto um KFC num festival) não me pareceu ter imprimido a energia necessária a este concerto. Achei por isso um concerto algo sem força e sem graça. Foram muitos os que concordaram comigo mas vi também muitos outros a vibrar com o que se passava em palco. "Cada macaco no seu galho", quer-me parecer.
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    Outros dias: Dias 0 | Dia 1 | Dia 2 | Dia 3
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    13bly